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Seguro para catástrofes naturais

Fonte: O Estado de São Paulo

Em países ricos, é comum as pessoas contratarem seguros para catástrofes naturais. Já os brasileiros não contratam apólices nem para riscos óbvios, como incêndio
Antonio Penteado Mendonça - O Estado de S.Paulo

Qual o total dos prejuízos causados pelas catástrofes naturais ao longo dos próximos anos? Com certeza algumas centenas de bilhões de dólares, se os eventos mantiverem o comportamento atual e nenhum furacão de força extraordinária ou terremoto avassalador atingir região densamente povoada em uma nação rica. Se isso acontecer, a conta passa do trilhão de dólares. A maior parte do prejuízo será paga diretamente pelos governos dos países atingidos, mas uma fatia nada desprezível acabará nas costas das seguradoras. Se os danos se concentrarem em países como Estados Unidos, Japão, Alemanha ou outras nações ricas, custarão mais caro para as seguradoras do que se ocorrerem em países como China, Brasil, Índia.

A razão para isso é simples. Os habitantes dos países ricos contratam seguros, inclusive para protegê-los de sinistros desta natureza. Já os habitantes dos países em desenvolvimento têm pouca familiaridade com seguros e por isso não contratam apólices nem para riscos óbvios, como incêndio da residência ou a própria vida.

É verdade, isso não é uma regra absoluta. Às vezes os países ricos também não têm seguros. Basta lembrar o furacão que varreu Nova Orleans e o terremoto que destruiu L"Aquila, na Itália. As seguradoras foram muito pouco acionadas, mesmo com os dois eventos causando danos de enorme monta nas comunidades atingidas.

Mesmo quando os países ricos têm seguro, as apólices respondem por uma parcela dos danos, mas nunca pelo seu total. A maior parte deles acaba recaindo sobre o governo, ou seja, sobre a própria população atingida, que é quem paga os impostos dos quais o governo se vale para atender as vítimas e reconstruir o destruído.

A época das grandes catástrofes de verão, que anualmente cobram um alto preço do Brasil, está se aproximando. Ao longo dos próximos meses teremos tempestades, chuvas, vendavais, ventos fortes, tornados, granizo, enchentes, inundações, ressacas, desmoronamentos, deslizamentos de terra, queda de barreiras e mais um rol de acidentes causados pelas forças da natureza correndo soltas pelo País.

Em algumas áreas a ocorrência dos sinistros é jogo de cartas marcadas. Quer dizer, a certeza de que acontecerão é quase que absoluta. O duro é que entre estas áreas estão algumas das regiões mais populosas da nação, como as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Florianópolis. Fora todo o universo de cidades dos mais variados tamanhos que serão atingidas com mais ou menos intensidade, dependendo da sorte.

O Brasil está longe de oferecer a gama de seguros encontrada nos países ricos. Neles, um bom número de sinistros decorrentes de catástrofes naturais pode ser repassado para as seguradoras, que anualmente morrem com bilhões de dólares para fazer frente a estas perdas.

Mesmo assim, aqui existem coberturas interessantes e cuja contratação não é difícil. Se é quase impossível contratar cobertura contra danos causados pelas enchentes, praticamente todos os seguros empresariais e residenciais oferecem cobertura para vendaval, tornado, granizo, vento forte etc., que são justamente os eventos mais comuns. Além deles, com um bom corretor assessorando o segurado, mesmo os riscos para os quais é difícil encontrar cobertura passam a ser seguráveis.

Seguro é negócio. E o fim último de uma seguradora é dar lucro. Se houver massa de prêmio para constituir o mútuo do qual a seguradora retira o dinheiro para fazer frente aos sinistros, o risco passa a ser segurável.

Ao longo dos próximos anos a atividade seguradora brasileira deve dobrar de tamanho. Apenas este crescimento já é suficiente para que as companhias de seguros lancem apólices com novas coberturas. Mas há mais. O Brasil é um mercado interessante para as resseguradoras. Assim, por conta da concorrência, elas devem oferecer capacidade e tecnologia para que as seguradoras desenvolvam apólices que cubram parte dos riscos climáticos que ameaçam o Brasil.

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