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Seguros populares avançam como laboratório para os microsseguros

Fonte: MidiaSeg - www.midiaseg.com.br

por Pedro Duarte

Enquanto não sai a regulamentação dos microsseguros, que terão um público estimado superior a 100 milhões de pessoas, segundo a Susep, o mercado de seguros lança produtos populares especialmente desenhados para público de baixa renda.

Na maioria dos casos, os novos produtos têm alguma rede varejista ou banco como suporte de distribuição e foram criados em parceria com instituições financeiras e grandes corretoras, visando atender determinado nicho.

É o caso, por exemplo, da Zurich, seguradora de origem suíça, e do Instituto Banco Palmas, pioneiro do microcrédito no país, que desenvolveram um seguro formatado para a população de menor renda.

O Palmas Microsseguro oferece cobertura de Vida, Assistência Funeral e Plano de Capitalização por apenas R$ 27,30 anuais. O projeto vai começar em Fortaleza, na comunidade do Conjunto Palmeira, sede do Banco Palmas. A ideia do produto foi inspirada na história do Banco Palmas e na experiência do Grupo Zurich, além de contar com a assessoria da Camed Corretora de Seguros.

Segundo a diretora de Bancassurance da Zurich Brasil, Diana Bueno, o Palmas Microsseguro é uma forma de auxiliar a população de menor renda em momentos críticos, como a perda de um parente e a queda na renda ocasionada por esta perda.

"Trata-se de uma importante ferramenta de inclusão social ao mitigar esses riscos. Outro ponto importante é que esta operação também ajuda a gerar riqueza na própria comunidade, uma vez que a comercialização é feita por moradores que são selecionados e treinados pelo Instituto Palmas".

Com a taxa única de R$ 27,30 (o que corresponderia a um custo mensal de R$ 2,28), o Palmas Microseguro oferece Seguro de Vida, em caso de morte acidental ou natural, no valor de R$ 3 mil, alem da Assistência Funeral no valor de até R$ 1 mil e até um título de capitalização com sorteios mensais pela loteria federal de R$ 5 mil.

A contratação do seguro pode ser feita no Banco Palmas e por meio de agentes comunitários da instituição. O Banco Palmas e a Zurich estão treinando pessoas da comunidade para distribuir o produto.

Proteção para idosos

De acordo com o IBGE, o Brasil já possui cerca de 19 milhões de pessoas com 60 anos ou mais e deve chegar em 2025 com 32 milhões. Elaborado através de estudos e pesquisas com clientes, o Zurich Proteção Melhor Idade é outro produto da companhia que está alinhado com as perspectivas de regulamentação dos microsseguros.

Lançado em maio deste ano e modelado para atender o público da terceira idade, o Zurich Proteção Melhor Idade tem foco nos beneficiários do INSS que recebem a aposentadoria através do Banco Mercantil do Brasil.

Já com mais de 3 mil apólices vendidas, o produto barato e pioneiro é um Seguro de Acidentes Pessoais focado no público entre 50 e 79 anos. "É também o único que possui cobertura para fraturas e queimaduras. Além disso, garante proteção financeira para os beneficiários em caso de morte acidental em transporte coletivo, morte acidental por acidente de trânsito e cesta básica", afirma André Peixoto, superintendente de Produtos Vida.

Ele informa que, inicialmente vendido com três opções de planos, o valor do seguro não varia de acordo com a idade do segurado. A contratação custa a partir de R$2,95 mensais ou a partir de R$35,40 anuais.

Enxergando longe

A ACE Seguradora anunciou em julho a formatação de seguros de baixos valores para moradores do Morro Santa Marta, em Botafogo, no Rio de Janeiro. As novidades deverão oferecer proteções sob medida, sobretudo nos segmentos de Seguro de Vida e Acidentes Pessoais, com valores entre R$ 2,50 e R$ 7,00.

Mas a visão de futuro da ACE, no que diz respeito à criação de seguros populares, também é reforçada pelo lançamento do inédito Seguro de Óculos. Lançado no primeiro semestre, em parceria com Marsh Affinity e rede de Óticas Carol, o produto garante o conserto ou reposição em caso de quebra acidental.

"Em apenas três meses, a iniciativa alcançou grande sucesso ao contabilizar nada menos do que 40 mil apólices", comemora o vice-presidente da área de Afinidades, Paulo Pereira.

Introduzida no mercado pela promoção "Quebrou, Trocou", a proteção não tem qualquer custo adicional e pode ser facilmente obtida. Para sair da loja com o certificado de seguro, basta que o cliente da Carol Óticas informe o seu nome e o CPF no ato da compra dos óculos.

"A experiência trazida de outros países onde temos operações neste formato contribuiu para a entrada do Seguro de Óculos no mercado brasileiro", completa Pereira, que ainda chama a atenção para a campanha de divulgação do produto, com uma série de ações em torno do conceito-chave de que todas as coisas boas da vida têm seguro tais como a família, o carro, a casa e, a partir de agora, os óculos.

Distribuição via Casas Bahia

O Seguro de Vida é também a nova aposta nos planos de expansão da Casas Bahia. A estratégia de atuar no segmento de seguros populares segue o caminho de concorrentes, como a Magazine Luiza.

A Nova Casas Bahia, sócia do Grupo Pão de Açúcar, pretende entrar neste nicho - que faturou R$ 514 milhões no primeiro semestre - durante o segundo semestre. Em vista do potencial de crescimento desta modalidade entre a baixa renda, a empresa visa atingir boa parte dos seus 37 milhões de clientes.

O diretor da área de Relacionamento com o Cliente, Jorge Azevedo, afirma que a varejista acerta os últimos detalhes com a seguradora Mapfre para oferecer o serviço. Azevedo acrescenta que o produto será oferecido primeiramente aos clientes preferenciais, que possuem cartão da rede. Depois, os usuários do crediário das mais de 1.000 lojas também receberão a oferta do seguro.

A negociação foi revelada durante a inauguração da unidade de São Caetano do CB Contact Center, prédio no qual se concentram os funcionários da área de relacionamento com clientes da Casas Bahia.

O diretor da área de Venda e Previdência da Mapfre, Caio Valli, explicou que o contrato com a varejista ainda não foi assinado. Mas confirmou que o produto será diferente do já existente.

Hoje, a Casas Bahia trabalha como canal distribuidor do Vida Protegida & Premiada, da Mapfre. Lançado em agosto de 2009, o seguro - que paga até R$ 20 mil em indenização por acidente em transporte público - tem anuidade mínima de R$ 79,90 e cerca de 1 milhão de segurados.

Tendências e desafios

O mercado brasileiro de seguros passa por uma fase de excelentes resultados, mas há desafios pela frente, que precisam do esforço conjunto de todos os agentes da cadeia produtiva para tornar sustentáveis os resultados positivos de hoje. Essa é a conclusão do vice-presidente da Mapfre Seguros, Dirceu Tiegs.

Tiegs reforça que um dos desafios é informar que a população de baixa renda pode e deve acessar produtos de seguros, satisfazendo uma demanda que só tende a aumentar. "Por isso, temos de desenhar, juntamente com os corretores, um modelo de distribuição eficaz, contando com o governo no que se refere a estímulos fiscais".

Sobre todo esse movimento, a Susep explica que o objetivo dos seguros populares e dos microsseguros é o mesmo: oferecer proteção a quem não pode - ou não quer - pagar muito. No entanto, a instituição comenta a principal diferença entre eles: o microsseguro terá regras específicas e apenas quem se enquadrar nos quesitos definidos pelo governo poderá trabalhar no segmento, enquanto o seguro popular, apesar de também ser voltado para a massa, com um baixo custo, não depende de regulamentação própria.

A Susep reforça que, enquanto ainda aguardam a regulamentação específica, os microsseguros não podem ser comercializados. As seguradoras acreditam que a lei seja anunciada pela Superintendência até o início do ano que vem. O órgão, no entanto, não confirma este prazo. "A regulamentação do microsseguro ainda está em análise e não há novidades no setor", informa a assessoria de imprensa da instituição.

Mas é inegável que, enquanto os microsseguros não entram verdadeiramente em comercialização, as seguradoras e corretoras estão deixando tudo pronto para entrar com força nesse mercado. Segundo presidente da Classic Corretora, Rubens Nogueira Filho, a empresa espera arrecadar este ano cerca de R$65 milhões em prêmios, 80% dos quais relativos à receita com seguros populares.

A Bradesco Vida e Previdência lançou neste ano o "Primeira Proteção Bradesco", que custa R$ 3,50 mensais e garante indenização de R$ 20 mil para cobertura de morte e invalidez. De acordo com Engênio Velasques, diretor da companhia, o produto já vendeu mais de 300 mil apólices no país. O executivo entende que esse movimento de renovação do portfólio focado nas classes C e D "pode ampliar a participação do seguro no PIB em 7,5% até 2020".

A Capemisa também aposta no segmento, responsável por cerca de 70% do total de contratos vendidos neste ano, ultrapassando a marca de R$ 1 milhão em prêmios. Entre os produtos comercializados no segmento, o presidente da empresa, José Augusto da Costa Tatagiba, destaca o Bilhete Premiado, um seguro que custa R$ 22,00 por ano e faz a cobertura de morte acidental. Segundo ele, qualquer pessoa até 80 anos pode contratar.

"O diferencial do produto está nos sorteios, que são realizados semanalmente. O segurado paga menos de R$ 2 mensais e pode concorrer toda semana a um prêmio no valor de R$ 2.500", explica Tatagiba.

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