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Muito otimismo em autos, apesar do aperto do Banco Central

Fonte: Brasil Econômico

Crescimento esperado para este ano ficará acima de 14%, para cifra próxima de R$ 20 bilhões em prêmios, excluindo-se o DPVAT (seguro obrigatório)

As novas regras do Banco Central (BC) para conter o consumo, que afetam particularmente o financiamento de veículos, ainda não surtiram efeito sobre o bom humor das seguradoras, cujos negócios engordam mais à medida que as vendas de carros batem sucessivos recordes no Brasil. As principais empresas estão com projeções de crescimento bastante otimistas para os negócios em 2011. Expectativas consideradas ainda mais favoráveis quando comparadas à vigorosa expansão do segmento de seguros para autos neste ano, estimado em um pouco acima de 14% pelas entidades do setor, em relação a 2009, para cifra próxima de R$ 20 bilhões em prêmios, excluindo o DPVAT.

"Pode até crescer um pouco menos em 2011, comparativamente a 2010, por causa das restrições ao crédito, mas não será muito significativo porque o ritmo esperado para a evolução da economia brasileira é forte", avalia Ricardo Saad, president da Bradesco Auto/RE Companhia de Seguros,para quem o segmento de seguros de autos deverá crescer entre 12% e 15% no próximo ano.

Para a Porto Seguro, ainda é cedo para avaliar os impactos,mas o seu diretor de seguros para autos,Marcelo Sebastião, pondera que o mercado já sofreu outras "oscilações" e nem por isso as vendas de veículos recuaram. "Sem a isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), acreditava- se que as vendas cairiam e não caíram, bateram recordes. Somos otimistas e a expectativa gira em torno de 12% de alta para o mercado de seguros de autos no próximo ano", diz. No início de dezembro, o BC editou medidas para restringir o financiamento de veículos com prazos acima de 24 meses.

Segundo as novas regras, já em vigor, as financiadoras devem elevar em 50% as reservas de capital de novas operações de empréstimos com prazo acimade60meses.Os financiamentos acima de 24 meses e até 60 meses somente estão isentos da restrição se o consumidor arcar com uma entrada, que varia de 20% a 60% do valor total do bem e de acordo com o prazo. As novas regras, conforme projeções iniciais dos especialistas, já elevaram em cerca de 1 ponto percentual os juros mensais dos financiamentos.

"Com essas medidas, os custos de captação aumentam, o que influencia nos juros do financiamento, mas acredito que o mercado crescerá 15% neste ano e, mesmo que no momento seja difícil medir, de 11% a 15% em 2011", afirma Ney Dias, diretor- geral do Itaú Seguros Auto e Residência. Reginaldo Mendes, gerente da área de seguridade do Banco do Brasil, também diz que a instituição ainda não tem como avaliar se o segmento será afetado e mantém as projeções de crescimento para 2011emlinha com a expansão deste ano. Mesmo mantendo em sigilo suas expectativas, a Sulamérica também não acredita em forte desaceleração. "A visão é bastante otimista para 2011", afirma Anderson Mello, diretor de autos da companhia, cuja evolução nesse segmento foi de 26,5% no acumulado deste ano até outubro, em relação à igual fase de 2009, alcançando R$ 1,7 bilhão em prêmios, conforme números da Superintendência de Seguros Privados (Susep). "Esse mercado funciona muito vinculado à economia no geral e ao setor automobilístico, que andaram muito bem em 2010", observa Mello.

Outras seguradoras também esperam crescer este ano e no próximo bem acima da média do segmento.Na Bradesco Auto/RE,a expansão dos negócios foi de 24,7% no ano até outubro,para R$2,4 bilhões em prêmios.

"Esperamos encerrar 2010 com crescimento próximo a esse percentual", afirma Saad.O executivo diz que, com o desempenho no ano, o banco saltou de uma participação de 13,3% para 14,5% no mercado de seguros para autos, na comparação dos mesmos períodos.

Além do aumento das vendas de automóveis e da expansão macroeconômica no país,contribuiu a estratégia desenvolvida pela empresa, segundo Saad, para conquistar mais fatia de mercado. "Trabalhamos a forte presença que a instituição tem em âmbito nacional e ampliamos a base de corretores, de cerca de entre 14 mil e 15 mil para quase 2 0mil", afirma o presidente da Bradesco Auto/RE, para quem a seguradora crescerá acima do que estima para o mercado também no próximo ano.

Mendes, do Banco do Brasil, diz que isoladamente a instituição evoluiu 21,3% até outubro, atingindo valor próximo a R$ 1,3 bilhão em prêmios, o mesmo de todo o ano passado inteiro. Em 2010, espera atingir R$ 1,8 bilhão. O BB deverá concluir em 2011 uma reorganização de suas atividades de seguros em parceria com a Mapfre Vera Cruz Seguradora, que colocará o negócio formado pelo conjunto das duas empresas como o segundo maior do Brasil. Segundo dados de outubro da Susep, no ramo de autos o BB ocupa a quarta posição em prêmios, atrás da Porto Seguro, Bradesco e Sulamérica, respectivamente os três primeiros colocados no ranking. A Mapfre está em quinto lugar. O BB cresceu, particularmente, ao explorar melhor sua grande rede de agências, afirma Mendes. "Também facilitamos as contratações e renovações por meio de outros canais, como a internet", enumera.

Conforme o executivo, as vendas de seguros para autos pela web subiram 23% no acumulado do ano e já representam uma parcela significativa do total.Sem revelar quanto, ele diz que a tendência é que os negócios on-line evoluam cada vez mais."O e-commerce cresce muito no Brasil em todas as áreas." Em 2011, sem a integração com a Mapfre, o BB espera expansão de 22% nos prêmios.

O ranking da Susep não considera a fusão entre Porto Seguro e Itaú formalizada em 2009. "Por enquanto, não tem definição de integração das marcas (tem também a Azul)", informa Sebastião,da Porto.

Neste ano, no entanto, a corporação Porto Seguro continuou o trabalho de integração dos negócios, o que afetou um pouco a sua estratégia de mercado. "Nossa agenda esteve muito voltada para acomodar as três marcas e oferecer um amplo leque para o consumidor. No ano que vem, estaremos mais ativos para inovar e produzir coisas mais atrativas para os clientes", diz Dias, do Itaú. A instituição registrou prêmios de R$ 1,2 bilhão no acumulado de 2010 até outubro, alta de3,6% ante o mesmo intervalo de 2009. Para 2011, a expectativa do Itaú é obter taxas de crescimento acima do mercado. "Tradicionalmente, crescemos acima", observa Dias. Já os prêmios da Porto Seguro somaram R$ 2,5 bilhões até outubro, avanço de 6,6%.

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