Breaking News

Previdência: Opção consciente

: Fonte: Valor Econômico

Arrecadação cresce 15% este ano e o mercado brasileiro tem potencial para atingir 44% dos domicílios.

A Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) quer mais famílias poupando para a aposentadoria. Hoje, os planos de previdência privada estão presentes em 14% dos domicílios das faixas sociais A, B e C, participação baixa se comparada à dos planos de saúde, existentes em 90% dos domicílios nos mesmos segmentos sociais. O total de domicílios no país é de 65,56 milhões, somando 190,73 milhões de habitantes.

"As pessoas sempre deixam o início da poupança de longo prazo para depois. O processo é mais lento. No caso do plano de saúde, o risco de uma doença hoje ou amanhã impõe a imediata adesão. Já os riscos da ausência de um plano de previdência privado não são notados. Poucos enxergam que, lá na frente, o plano de previdência poderá ser a fonte de recursos para o pagamento do plano de saúde", diz o vice-presidente da Fenaprevi), Renato Russo.

Um levantamento feito pela empresa de pesquisa Kantar Worldpanel constatou a intenção de 44% dos domicílios do país em poupar para a previdência privada. Os dados, divulgados em setembro, foram extraídos de uma base de 8,2 mil domicílios acompanhados semanalmente em todo o Brasil. A amostra representa 81% da população domiciliar e 91% do potencial de consumo residencial do país.

Em outra pesquisa, de agosto, o banco Santander consultou mais de mil pessoas, de diferentes classes sociais, sobre os investimentos que planejam. "Quando perguntamos aos clientes onde eles têm interesse de investir nos próximos 12 meses, os planos de previdência privada oscilam entre o primeiro e o segundo lugar", diz. "No passado, as pessoas não falavam espontaneamente sobre previdência privada", afirma o superintendente-executivo de previdência do Santander, Alessandro Andrade.

Falar é mais fácil do que colocar em prática. Quanto antes as pessoas começarem a reservar dinheiro para a fase de descanso ou trabalho menos intenso, maior o rendimento. "A acumulação de recursos por 20 ou 30 anos na previdência privada permite que o tempo trabalhe a rentabilidade. Quando a pessoa se aproxima da data de aposentadoria, isso já não é mais possível", afirma a consultora da Mercer em previdência privada, Carolina Mazza Wanderley.

A partir dos 30 anos de idade, por exemplo, depósitos de R$ 500 mensais em um plano de previdência somariam R$ 860,5 mil aos 65 anos. No cálculo foi considerado o rendimento líquido de 7% ao ano. Com esse montante, seria possível sacar, mensalmente, R$ 4,8 mil de rendimento. Na conta, não está incluído o pagamento do Imposto de Renda e nem a inflação anual. "Para não acabar com o principal, é preciso descontar a inflação dos saques mensais", explica o economista da Souza Barros, Clodoir Vieira.

O levantamento feito pela Kantar Worldpanel, a pedido da Fenaprevi, mostra que o valor médio de contribuição do brasileiro ao plano de previdência é de R$ 1.074,00 ao ano.

"Arrisco dizer que a maioria das pessoas subestima quanto deveria contribuir para a previdência privada de modo a manter o padrão de vida no futuro. As pessoas deveriam fazer um check up financeiro como fazem para a saúde, avaliando o percentual poupado. A questão não é poupar o que sobrou no mês, mas sim calcular o aporte necessário para a manutenção do padrão de vida desejado no futuro", afirma o diretor de produtos da Icatu Seguros, Luciano Snel.

O público mais jovem é menos presente nos aportes dos planos de previdência, enquanto as pessoas entre 40 anos e 49 anos são as que mais fazem aplicam nos planos de previdência. Em segundo lugar no ranking, estão os indivíduos de 50 anos ou mais.

Os recursos acumulados pelos participantes do sistema de previdência complementar somavam R$ 209 bilhões até setembro deste ano, alta de 22% em relação a setembro de 2009. São cerca de 12 milhões de contratos de planos previdenciários. O mercado tem potencial para chegar aos 40 milhões de pessoas com planos, principalmente, na classe C, já na mira das seguradoras, diz Renato Russo.

Na faixa C, composta por famílias com renda mensal entre 4 e dez salários mínimos, 4% dos domicílios contam com plano de previdência entre os produtos financeiros contratados. Nas faixas D e E, com famílias de renda entre um e quatro salários mínimos, o índice é de 1%, segundo dados da pesquisa da Fenaprevi.

"Cerca de 34 milhões de pessoas entraram no mercado de consumo nos últimos anos. Depois de atendidas as necessidades básicas, esse segmento da população vai olhar com atenção para os planos de previdência. Por isso, estamos investindo em produtos encaixados no orçamento da classe C", diz o presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio de Oliveira.

De janeiro a outubro, 84% do volume de recursos arrecadados pela previdência complementar aberta vieram de planos individuais. Apenas 12% são oriundos de planos empresariais e outros 3% de planos para menores.

"O potencial de arrecadação continuará nas pessoas físicas", afirma o vice-presidente da Fenaprevi e da SulAmérica Vida e Previdência, Renato Russo. A perspectiva da Fenaprevi é fechar 2010 com crescimento de 15% da arrecadação dos planos de previdência sobre 2009. A entidade traça estratégias para o incremento de adesões em 2011. "Continuaremos o processo de simplificação de contratação dos planos, exigindo menos documentos, mais transparência e simulações da situação financeira da pessoa."

Outro foco da entidade, que reúne 65 sociedades seguradoras e 15 empresas de previdência complementar, será a aprovação dos novos produtos de previdência para educação e saúde. A intenção do setor é que os novos produtos Prev Saúde e Prev Educação tenham 100% de isenção da alíquota do Imposto de Renda incidente sobre o rendimento dos planos.

A ideia é que o dinheiro acumulado nesses produtos que devem ser aprovados em breve, seja destinado, exclusivamente, à cobertura de despesas relacionadas à saúde e à educação do segurado e de seus dependentes. Só assim o titular do plano usufruiria do benefício fiscal. O projeto com a formatação dos novos produtos ainda precisa ser avaliado pelo Congresso.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario