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Previdência: Mulheres começam a poupar cedo e são mais fiéis à carteira

Fonte: Valor Econômico

Apesar de, na média, terem um poder aquisitivo menor, as mulheres parecem querer fazer mais com menos. Na previdência privada não é diferente. Além de avançar na participação desse mercado - hoje, de acordo com algumas instituições, já representa 40% da base de clientes da carteira, dez pontos percentuais acima de cinco anos atrás -, o público feminino busca os planos de previdência privada mais cedo em comparação aos homens e sinaliza maior fidelidade a esses investimentos. É um comportamento que permitirá às mulheres acumular valores superiores no futuro, mesmo com contribuições menores do que as dos homens.

Na Icatu Seguros, a presença feminina avança de forma significativa: as mulheres representam 40% dos 180 mil clientes de previdência privada; em 2005, eram 30% da base. No geral, o produto cresceu 122% no período, alavancado pelos dois sexos, mas elas aceleram mais que eles: o crescimento da contratação feita por mulheres foi de 150%, enquanto no segmento masculino, foi de 110%. No entanto, a contribuição média mensal ao ano, somando os aportes mensais aos esporádicos, ainda é menor entre elas: R$ 470 contra R$ 490 deles. Na avaliação de Aura Rebelo, diretora de produtos e marketing da Icatu Seguros, é um reflexo do menor rendimento obtido pelas mulheres.

e acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os rendimentos das brasileiras são, em média, 30% inferiores aos dos brasileiros. Quando se trata da população de nível superior, a diferença cresce: elas obtêm 60% dos valores deles. Os homens representam 80% do total dos brasileiros com renda superior a 20 salários mínimos.

De qualquer forma, as diferenças estão diminuindo e as mulheres conquistam rendimentos melhores, mesmo nas comparações feitas em períodos pequenos, como em relação a cinco anos atrás. "A diferença na remuneração de homens e mulheres ainda é grande, mas a capacidade de poupança de longo prazo vem convergindo", afirma Aura. O efeito disso aparece na contratação dos planos.

Há indicações de que a preocupação com o futuro aparece antes no público feminino. A procura pela previdência privada entre elas acontece mais cedo: 38% da base das mulheres têm menos de 30 anos, enquanto apenas 28% da base masculina estão nessa faixa etária, no caso da Icatu Seguros. Essa entrada anterior pode compensar as contribuições menores.

Em uma simulação, mesmo contribuindo menos - R$ 470 durante 35 anos contra R$ 490 durante 30 anos -, ao chegar aos 60 anos, elas acumulariam R$ 645.593,87 e eles, R$ 477.511,36, em um mesmo tipo de plano de previdência, com rentabilidade anual estimada em 6%. A diferença se deveria ao ingresso com cinco anos de antecedência.

Na Brasilprev, também é registrado o avanço da base feminina, com um perfil similar à da clientela da Icatu. As mulheres já representam 43% do total de 1,2 milhão de clientes. O aumento dos depósitos feitos por elas também acelera - em 2007 o crescimento foi de 4,3% e em 2009 saltou para 7,7%. No entanto, o tíquete médio dos planos femininos é de R$ 192, menor do que o masculino, de R$ 236.

Novamente, ali, elas começam mais cedo. Entre as clientes da Brasilprev, 44% têm até 30 anos de idade; já no público masculino esse percentual cai para 37,4%. Outro reflexo da entrada mais cedo nos planos é o sistema de tributação escolhido pelas mulheres: 53,2% optam pela tributação regressiva, que exige maior permanência no plano para obter um benefício fiscal maior. Entre os homens, esse caminho é adotado por 49,3%.

"As mulheres tomam consciência da necessidade de planejamento financeiro de longo prazo mais cedo, mesmo que tenham menor rendimento e que ele seja mais variável", afirma Arizoly Rodrigues Pinto, superintendente comercial da Brasilprev.

Em pesquisas realizadas pelo Santander, também ficou evidente que os planos de previdência estão no radar das mulheres. "A preocupação em planejar, investir e contratar um plano foram pontos de destaque no discurso do público feminino", diz Alessandro Andrade, superintendente executivo de previdência do Santander.

A instituição não teve dúvidas: buscou facilitar a transformação do potencial em compra efetiva do produto. Para isso, além de as clientes estarem na mira dos gerentes, há a oferta de um produto sob medida para elas: PrevMulher. O atrativo é a oferta de preços mais baixos para aquisição de produtos e uso de serviços de estética. Com os ganhos nos descontos é possível pagar a contribuição do plano que tem como valor mínimo de contribuição mensal R$ 50, sem a necessidade de um aporte inicial. Cuida-se do futuro duplamente: no aspecto físico e no bolso.

Há ainda outra opção: podem contratar um seguro de vida, para acidentes pessoais e para casos de diagnóstico de câncer de mama. "O objetivo é prestigiar esse público, incentivando o cuidado estético e com a saúde, mas, se a cliente preferir, também pode optar pelos planos tradicionais", afirma Andrade. No Santander as mulheres são 40% dos 350 mil clientes de previdência. Há cinco anos, eram 30%. As contribuições também são menores: em 2010, o aporte médio deve ficar em R$ 22 mil e o deles, em R$ 30 mil.

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