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Planos e seguros de saúde

Fonte: Estado de Minas

Ricardo Ramires Filho - Advogado

A forte regulação aplicada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para o mercado de planos e seguros de saúde vem provocando, ao longo dos últimos anos, uma intensa centralização do setor. Esta tendência se materializou, principalmente, por meio de aquisições de pequenas e médias operadoras. O modelo de expansão dessas empresas, utilizando-se de uma rede própria de assistência à saúde de seus beneficiários, não é novo e existe desde a década de 1960, quando algumas delas já investiam em hospitais próprios. Esta forma de gerir o crescimento se intensificou e as operadoras também investem em laboratórios próprios para diversificar seu plano de ação, com o objetivo de buscar uma estratégia e alçar voo solo no mercado. Mais do que estimular uma aproximação com os beneficiários, as operadoras de planos e seguros de saúde tentam reduzir ao máximo a dependência de serviços terceirizados, considerando que a completa autonomia de serviços é praticamente impossível. O investimento maciço em uma estrutura menos dependente de terceiros resulta em diminuição de custos nas operadoras mencionadas, que buscam sua sustentabilidade econômico-financeira, inclusive em razão das normas cada vez mais rígidas da ANS.

No entanto, o êxito do processo de crescimento vertical da empresa depende de diversos fatores financeiros e organizacionais. Entre eles, um projeto que compreenda o estudo de viabilidade de crescimento com base na região de atuação da operadora, mapeando o mercado que ela pretenda assumir. A expansão saudável de uma rede assistencial própria também está condicionada à prestação de serviços assistenciais de saúde aos beneficiários das operadoras concorrentes. É obvio que, para tanto, deve haver mercado comprador de tais serviços. Pondere-se, ainda, que esse tipo de investimento exige, principalmente, modelos de governança corporativa adequados. Em outras palavras, uma reorganização interna para criar novos órgãos de controle e de fiscalização, que serão responsáveis pela realização, pelo acompanhamento dos estudos e pela execução de todo o processo. Este processo, na grande maioria das vezes, tem início na criação de um ambulatório de atendimento, que terá a função de trazer para a rede própria o atendimento dos pequenos casos dos beneficiários de sua carteira, auxiliando a empresa na redução de demanda externa. A partir disso, ela pode começar a controlar a compra de serviço externo e facilita o controle dos custos internos, que se tornam mais administráveis, além de contribuir para a redução do índice de sinistralidade.

O projeto de voo solo requer muita organização e trabalho. Por isso, não deve ser seguido por empresas médias e pequenas mal gerenciadas, que podem se afundar na tentativa de implementação desse projeto. Se, para a empresa, o processo reduz a sinistralidade e ajuda a manter a estabilidade financeira, para o consumidor a principal vantagem é a redução no preço da mensalidade. Com o tempo e a saúde financeira em dia, a empresa pode vir a aplicar preços mais competitivos, buscando um crescimento de sua carteira. O crescimento reestruturado é, sim, uma alternativa bastante sólida de desenvolvimento da operação. Mas deve ser estudado caso a caso, lembrando que, no Brasil, temos muitos exemplos de empresas que nasceram pequenas e se tornaram verdadeiros impérios. Vale ressaltar que se trata de um processo de longo prazo e não se devem esperar resultados exponenciais muito rápidos. A consolidação de uma operadora de planos e seguros de saúde não se resume à estruturação e aos projetos aqui alinhavados, haja vista que cada uma está sujeita às realidades mercadológicas, financeiras e concorrenciais, que podem atrapalhar ou forçar alterações no projeto. Contudo, esta estratégia é uma importante ferramenta a ser estudada pelas empresas, para auxiliá-las a cumprir as exigências cada vez maiores da ANS.

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