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Faltam peças de reposição no mercado

Fonte: Diáro do Comércio - MG

Problema atinge carros nacionais e importados e há casos de espera de mais de três meses .

São Paulo - O comemorado recorde da indústria automobilística em 2010, com 3,5 milhões de veículos novos vendidos no país, vem acompanhado de um apagão no mercado de reposição de peças originais, dificultando a vida de quem precisa deixar o carro na oficina para conserto. O problema atinge carros nacionais e importados e há casos de espera de mais de três meses.

Quem mais reclama são os donos de oficinas independentes, que dependem dos componentes fornecidos pelos concessionários que, por sua vez, são abastecidos pelas montadoras - que têm mercado cativo junto às autopeças.

O presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sindirepa), Antonio Fiola, reclama que as fabricantes priorizam entregas às montadoras, para atender a produção de carros novos, e o mercado de reposição fica em segundo plano.

Segundo Fiola, o problema é mais crítico no abastecimento de peças externas, como faróis, laterais, capô e para-choques. A situação foi pior em meados do ano passado, mas segue complicada, mesmo com a queda das vendas de carros. "Eu tive de ir ao Procon para dizer que a culpa não é nossa", disse.

Segundo Fiola, São Paulo não é o único Estado com problemas. "Sabemos de dificuldades em vários locais como Rio, Belo Horizonte e Distrito Federal." O Sindirepa representa 15 mil oficinas em São Paulo.

Lado "B" - A diagramadora Andrea Furushima é uma das descontentes com o lado B do boom de vendas de carros novos. Desde 30 de setembro seu Volkswagen Polo aguarda conserto na oficina Dikar, em São Bernardo do Campo, após uma colisão. "Primeiro, demorou um mês para a seguradora autorizar o conserto; depois não tinha peças", afirmou. Vários componentes foram sendo entregues ao longo dos meses, mas ainda falta o assoalho do porta malas.

O dono da Dikar, José Nogueira dos Santos, relata falta de abastecimento também para o Fox (painel dianteiro, caixa de roda, para-choque) e Gol e Voyage (capô, lanternas, longarinas).

A Volkswagen informa que, para "atender a crescente demanda por veículos e peças de reposição para seus produtos está trabalhando com a rede de fornecedores para elevar a produção de componentes." Segundo a empresa, "o objetivo é garantir com prioridade o atendimento pleno das demandas dos consumidores, eliminando pontuais faltas de peças que eventualmente possam ter ocorrido."

Silvio Rivarolla, dono da Evolution, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, tem seis automóveis parados na oficina. Ele cita um Honda Civic afetado por enchente que espera por carpete do revestimento. "A montadora não tem previsão de entrega", afirmou. Para um Fiat Siena, a espera mínima pelo para-choque dianteiro é de 30 dias.

O dono de um Corsa resolveu levar o carro para casa sem grade dianteira. "Quando o veículo tem condições de rodar, peço para não deixar na oficina, pois, do contrário, teria uns 20 carros parados aqui", disse Rivarolla.

Na oficina Dimas, na região Norte de São Paulo, um Hyundai i30 espera por farol e painel dianteiro há 90 dias. Teto para Volkswagen Saveiro não chega há 60 dias, mesmo tempo em que um Honda Fit aguarda por para-choque e roda.

Casos pontuais - O gerente geral de serviços pós vendas da Honda, Alexandre Cury, considera pontuais alguns problemas de desabastecimento. No caso do carpete, ele atribui a "efeitos sazonais por causa das fortes chuvas" e lembra tratar-se de peça normalmente de baixo giro.

O presidente da General Motors na América do Sul, Jaime Ardila, afirma não ter detectado desabastecimento na rede de revendas. A Fiat diz que "a falta de peças de reposição tem sido verificada em casos pontuais, sem o registro de situações críticas". Segundo a empresa, nos casos em que é acionada pela concessionária ou pelo cliente, intensifica a gestão junto aos fornecedores para a normalização do abastecimento.

A Porto Seguro enviou notificação extra judicial para algumas montadoras. Marcelo Sebastião, diretor de seguros de automóveis, diz que as empresas melhoraram o ritmo de entregas, mas em alguns casos os carros ficam parados em média 20 a 35 dias nas oficinas da rede. "Antes, a média era de 45 dias e vivemos horrores no ano passado."

Há uma semana, Mauro Napoli, da Auto Mecânica Napoli, na zona Norte de São Paulo, perdeu três negócios. "Não adianta pegar os carros e eles ficarem parados aqui." Ele atendia, em média, 60 veículos por mês, movimento que caiu para 45. Um Honda Fit aguarda motor - afetado pela enchente - há 30 dias. Para modelos Gol, Voyage, Saveiro e Polo "falta tudo de lataria". Para o Agile, da GM, há vários itens em falta e para modelos Fiat o mais crítico são faróis e para-choque.

Antonio Carlos Bento, conselheiro do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), informa que pesquisa feita junto aos fabricantes não constatou dificuldades em atender a demanda.

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