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Prejuízo total da tragédia pode chegar a até 4% do PIB do Japão

Fonte: O Estado de São Paulo

Gastos devem recair sobre famílias e governo, já que seguradores restringem indenizações por desastres naturais

O prejuízo econômico da catástrofe que atingiu o Japão há 11 dias deve ficar entre 2,5% e 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e o esforço de reconstrução poderá consumir até cinco anos de trabalho, estimou ontem o Banco Mundial em análise do impacto do terremoto seguido de tsunami que deixou uma estimativa de 21 mil pessoas mortas ou desaparecidas.

Os danos recairão principalmente sobre as famílias e o governo, já que as apólices de seguro costumam ter exceções para os casos de desastres naturais. Segundo o Banco Mundial, as seguradoras deverão desembolsar entre US$ 14 bilhões e US$ 33 bilhões, enquanto o prejuízo total é estimado entre US$ 122 bilhões e US$ 233 bilhões (2,5% a 4% do PIB japonês).

Mesmo nas estimativas mais conservadoras, a cifra supera os danos provocados pelo terremoto de Kobe, de 1995, calculados em US$ 100 bilhões. Naquela época, o custo para as seguradoras foi de US$ 783 milhões.

Centenas de quilômetros da costa nordeste do Japão foram devastados pelas ondas de até 10 metros de altura do tsunami, que arrastaram pessoas, construções, carros, navios e danificaram portos, aeroportos, estradas e ferrovias.

O desastre também provocou o colapso da usina atômica de Fukushima, o que reduziu a oferta de energia no país e criou o risco de vazamento radioativo a 250 quilômetros de Tóquio, maior região metropolitana do mundo.

O número de mortos e desaparecidos é mais de três vezes superior às 6,4 mil vítimas do terremoto de Kobe, que havia sido o mais devastador a atingir o Japão em décadas recentes.

O Banco Mundial prevê que o crescimento será negativo até a metade do ano, quando deverá reagir em razão dos investimentos que serão feitos na reconstrução.

O impacto do desastre no leste da Ásia será "modesto e de curto prazo", prevê a entidade, lembrando que um ano depois do terremoto de Kobe as importações haviam se recuperado e as exportações correspondiam a 85% do patamar pré-crise.

No entanto, a instituição ressaltou que, desta vez, o comprometimento de linhas de produção foi mais severo, especialmente nos setores automotivo e eletrônico. Fábricas de marcas globais como Sony, Toyota, Nissan e Honda suspenderam as atividades nas áreas afetadas pelo tsunami e também foram atingidas por cortes de energia decorrentes dos problemas nos reatores de Fukushima.

A energia nuclear responde por 36% da matriz energética japonesa e as usinas atingidas pelos desastres naturais contribuem com 20% desse total. "O Japão é um grande produtor de partes, componentes e de bens de capital que suprem as cadeias produtivas no leste asiático", observou o Banco Mundial.

Segundo a entidade, empresas dentro do Japão já sofrem falta de peças fabricadas no nordeste do país, enquanto na Coreia do Sul há uma alta de 20% nos preços de chips de memória feitos no país vizinho.

As companhias que suspenderam a produção se preparam para retomá-la esta semana, mas continuarão a conviver com cortes de energia e restrições na oferta de combustíveis. Postos de gasolina nas três regiões mais afetadas pelo tsunami não têm suprimento suficiente para atender à demanda local e filas quilométricas se formam todos os dias com motoristas em busca de gasolina.

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