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Emergentes despertam as seguradoras para assisti-los

Fonte: Brasil Econômico

Antes vista com desinteresse, a nova classe C entrou firme no foco das operadoras de seguro-saúde. O portfólio se diversificou e passou a incluir planos mais baratos a fim de aproveitar a nova massa de emergentes cujas curvas de renda e emprego estável só fazem subir

A SulAmérica acaba de reformular sua carteira de seguro- saúde para conquistar um cliente poderoso: a classe C. Com sólida penetração entre as camadas gestoras, a empresa, segunda colocada no ranking das seguradoras de saúde, quer abocanhar no mundo corporativo uma fatia maior dos setores operacionais e administrativos. A tática é oferecer preços menores em um plano de cobertura nacional, com opção de enfermaria ou apartamento, além de reembolso. Na verdade, a mudança de estratégia é parte de um movimento bem mais amplo. A expansão da classe C-que somará 113 milhões de brasileirosem2014, segundo dados do Ministério da Fazenda -, deflagrou no setor uma corrida para atrair esse novo possível cliente, que, na prática, é a bola da vez, já que forma o segmento com maior índice de crescimento em novos contratos.

A nova dinâmica é consequência direta do bom momento da economia, refletida nos altos índices de geração de emprego e na política de valorização do salário mínimo. E quando a economia vai bem, o setor de seguros é um dos primeiros a responder positivamente. Para se ter uma ideia, 2,5 milhões de pessoas conseguiram emprego formal, entre dezembro 2009 a dezembro de 2010, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. No mesmo período, foram contratados 3,6 milhões de planos de saúde, cravando crescimento de 8,7%, segundo a Agência Nacional de Saúde (ANS), que regulamenta o setor.

A receita total do segmento saúde foi de R$ 14 bilhõesem2010, resultado que indica crescimento de 15% sobre o que foi arrecadado em 2009, conforme o Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo (Sincor-SP).

Na Sul América, de 2009 para 2010, o segmento da micro, pequena e média empresa teve expansão de quase 30%, num pico de trajetória que vem crescendo nos últimos anos. "Dentro deste grupo temos a nova classe C - pessoas que montaram micro ou pequenos comércios ou os contratados por grandes empresas que oferecem plano de saúde", diz Marco Antunes, diretor de operações da SulAmérica Saúde. Em 2010, a área de saúde empresarial, que representa 63% do grupo, cresceu 48,5% sobre 2009 e registrou lucro líquido de R$ 614 milhões. No fechamento de dezembro, a empresa tinha 2,1 milhões de segurados em 20 mil empresas. Desse total, Antunes calcula que 300 mil pertençam à nova classe média.

Como novo plano básico, cuja mensalidade, em São Paulo, custa R$ 96, a SulAmérica quer atender a empresa em todos os níveis: da gerência, já cativa dos planos top da seguradora, até o chão de fábrica, que normalmente contava apenas com um plano regional. "Meu target é o operacional/ administrativo, a empregabilidade está aí e o seguro pode ser um fator de retenção da mão-de-obra em setores de grande rotatividade hoje, como a construção civil. Este é o nosso grande investimento para 2011", diz Antunes. O custo do plano varia conforme a região e é mais caro no estado de São Paulo.

Em 2010, a carteira das pequenas e médias empresas também foi o destaque na Bradesco Saúde, líder do segmento. O crescimento foi de 35,9% em relação a 2009. "Claramente se tratou do ressurgimento das corporações deste porte para o mercado como um todo e, se não exclusivamente, pelo menos em boa parte dessas empresas é que estão os trabalhadores das classes C e D", diz Márcio Coriolano, presidente da Bradesco Saúde, que tem 2,9 milhões de segurados em 31 mil empresas.

"Enxergamos oportunidades importantes nas classes C e D", diz Coriolano, sem fornecer mais detalhes sobre novos produtos. "Esperamos surpreender o mercado mais de uma vez", resume, mantendo o sigilo sobre as táticas para turbinar o faturamento que, em 2010, somou R$ 5,9 bilhões. Por enquanto, a Bradesco disponibiliza duas categorias de produtos para atrair os emergentes: seguro de pequenos grupos (SPG) para empresas com 4 a 99 funcionários e o plano regional, disponível nas versões SPG e empresarial, para corporações a partir de 100 empregados.

"Os valores do Perfil são 30% mais baixos do que um plano de abrangência nacional", diz Coriolano. O Bradesco não divulga valores, que são baseados em variáveis, como faixa etária, distribuição dos planos, região geográfica dos segurados e múltiplos de participação, entre outras.

"O desafio é buscar custos que continuem cabendo no bolso do consumidor, quanto mais crescermos, mais podemos negociar com o mercado", diz o executivo, que aposta na continuidade da ampliação do setor, que atende apenas 23% da população brasileira. "Os planos de saúde ainda têm uma penetração muito baixa se considerarmos o parque de prestadores de serviço e, nesse contexto, as classes C e D ainda vão crescer muito."

Com 85% dos associados justamente nas classes C e D, a Notre Dame Intermédica fechou 2010 com a receita operacional bruta de R$ 2,1 bilhões, crescimento de 15%sobre as receitas do grupo em 2009. Ao contrário das gigantes do ramo, a NotreDame teve como destaque o segmento dos planos individuais, que representa6% do total. Em relação a 2009, a expansão no segmento corporativo foi de 5% e no pessoa física, 18%.

Para melhorar a performance em 2011, novos produtos que não alterem o preço competitivo. "Lançamos produtos com coparticipação, modelo específico para empresas de 50 a 249 vidas. Também passamos a comercializar um outro que oferece aos associados procedimentos além dos exigidos pela ANS, sem aumento do custo na mensalidade", diz Pedro Onório, diretor clínico do grupo, que atende a 2.231 associados. Os valores dependem de fatores como abrangência geográfica, idade e rede assistencial. Em São Paulo, nos coletivos empresariais, há opções a partir de R$ 55.

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