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Múltis no Peru já buscam seguro contra risco político

Fonte: Valor Econômico

Brasileiras fazem consulta por receio das eleições

Empresas brasileiras do setor de construção, mineração e manufatura com operações no Peru já estão consultando o mercado de seguros sobre como proteger suas operações no país de eventuais riscos políticos associados à eleição presidencial.

A preocupação delas é com as medidas que tanto o candidato nacionalista de esquerda, Ollanta Humala, quanto a conservadora, Keiko Fujimori, poderão tomar. Os dois falam em elevar impostos do setor de mineração. Mas é Humala quem se identifica mais com ideias que, de fato, preocupam empresários e investidores, como revisão de contratos, estatizações e aumento de impostos corporativos. Humala e Keiko disputam o segundo turno em 5 de junho.

Desde segunda-feira retrasada [um dia depois do primeiro turno], tem havido bastante interesse das empresas em pedir cotações de seguro de risco político no Peru, diz Keith Martin, diretor de comércio e investimento internacional da americana AON Risk Solutions, consultoria especializada em riscos corporativos. A empresa faz parte do grupo AON Risk, líder mundial em gerência de risco e corretagem de seguro e resseguro.

As duas coberturas mais relevantes no contexto atual no Peru são contra expropriação e nacionalização e contra quebra de contrato, disse Martin. Ele se recusou a mencionar o nome das empresas brasileiras para as quais a AON tem feito estudos e cotações de seguro contra risco político no Peru. Diz só que são do setor de construção, mineração e manufatura.

O Valor perguntou à Odebrecht - a construtora brasileira que está há mais tempo no Peru - se estuda contratar um seguro desse tipo. Essa é uma análise que ainda não concluímos, afirmou a empresa.

Grandes empresas brasileiras têm plantas e contratos no Peru, mas, segundo Martin, nenhuma até agora tem seguro contra risco político. Multinacionais de outros países, no entanto, diz Martin, têm se resguardado com seguros principalmente contra problemas com comunidades locais, como invasões e fechamento de estradas.

A taxa no mercado internacional de seguros de risco político no Peru já subiu 60% por causa do cenário político. Foi um saltou de 1% para 1,60% do valor assegurado. No Equador, onde o socialista, Rafael Correa, estatizou empresas e chegou a expulsar a Odebrecht após uma pendenga envolvendo uma obra, a taxa oscila hoje entre 4% e 5% e os contratos de seguro duram entre três e quatro anos.

No caso da Venezuela, onde Hugo Chávez tem adotado várias restrições à iniciativa privada, o mercado já não aceita fazer seguros de risco político, diz Martin.

Humala tenta se afastar da imagem de aliado ideológico de Chávez, como ficou marcado nas eleições anteriores, de 2006, quando perdeu por pouco o segundo turno para o atual presidente, Alan García. Humala agora suaviza seu discurso e prega o combate à inflação e equilíbrio nas contas públicas. Isso ajudou a acalmar a bolsa de valores de Lima, que caiu mais de 12% pelo efeito-Humala.

Mas do ponto de vista dos gestores de risco, deputada Keiko, filha do ex-presidente Alberto Fujimori - que cumpre pena de prisão de 25 anos por corrupção e violação dos direitos humanos - também é um fator de risco, apesar de seu discurso mais pró-mercado. Seu fraco é ser pouco conhecida. Em tese, ela seguiria uma política econômica similar à de seu pai. Mas ela é uma desconhecida e para as empresas o risco maior é trabalhar com a incerteza do que com um cenário ruim, diante do qual conseguem se preparar, diz Martin.

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