Breaking News

Problemas estruturais para realização da Copa e Olimpíadas não impedirão o seguro de faturar

Fonte: SEGS

O Brasil tem sim graves problemas estruturais e sociais, na área da saúde, segurança, aeroportos, além da corrupção, a ponto dos eventos esportivos mundiais não deixarem ao país o legado que deles se espera, avalia Daniel Meneghin, da ACE Seguradora. Mas, Rodrigo Protásio, da JTL Re, acredita que independentemente da destinação dos recursos, o seguro poderá faturar com a oferta de inúmeras coberturas.

por Márcia Alves

Os dois grandes esportivos mundiais, Copa do Mundo e Olimpíadas, poderão receber do governo e da iniciativa privada investimentos estimados em mais de R$ 200 bilhões até 2027. Entretanto, há quem duvide que o Brasil consiga fazer bom uso desses recursos para melhorar a vida da população. “Será como entregar muito dinheiro nas mãos de um adolescente”, diz o diretor de sinistros da ACE Seguradora, Daniel Meneghin. Para ele, o Brasil tem problemas tão graves nas áreas de educação, saúde, transportes e segurança, que, talvez, “esteja fazendo a coisa certa, no momento errado”.

Em sua participação no Insurance Summit 2011, em São Paulo (SP), em meados de abril, Meneghin elencou todos os motivos pelos quais não acredita que os eventos esportivos mundiais possam render ao país um legado semelhante ao que obteve, por exemplo, a cidade de Barcelona, na Espanha, que, praticamente, “renasceu” após as Olimpíadas de 1992. Para Meneghin, o Brasil é um potencia econômica, mas não social, ainda. “Embora desfrute de uma boa imagem perante outros países, internamente ainda existem muitos localidades sem saneamento básico e água potável”, observa.

Em sua visão, pouco adianta o país ter dinheiro, se não conseguir concluir as reformas tributária, política e previdenciária. Enquanto a China investiu US$ 60 bilhões e Londres US$ 47 bilhões, recursos que representam, respectivamente, mais de 40% do PIB, o Brasil investe apenas 17% em infraestrutura. Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizado em 2010, apontou um cenário caótico nos aeroportos brasileiros, cuja maioria não terá capacidade para atender a demanda de turistas.

Além da falta de incentivos à cultura desportiva, em modalidades como futebol, basquete, natação, judô e futebol feminino, falha essa que pode comprometer a performance do país, especialmente nos Jogos Olímpicos, também a corrupção pode trazer problemas. Uma demonstração do poder nefasto da corrupção ocorreu, segundo ele, nos Jogos Pan-americanos de 2007, no Rio de Janeiro, quando a “máfia do ingresso” impediu a participação de várias pessoas, mesmo com lugares vazios nos estádios.

“Se isso acontecer na Copa e Olimpíadas, ficará feio para nós”, diz. Meneghin cita o exemplo da África do Sul, onde a corrupção e alto preço dos ingressos impediram o próprio povo sul-africano de participar da Copa do Mundo de 2010. “O único problema crítico do Brasil não é a corrupção, mas a tolerância demonstrada para com ela”, diz. Para resolver esse problema, ele sugere um trabalho de educação de base, com as crianças. “Quem sabe seja mais eficiente se começarmos pelos nossos filhos”, acrescenta.

Oportunidades para o seguro

Os impactos econômicos da realização da Copa do Mundo no Brasil deverão surtir efeitos até cinco anos depois de 2014. Dos investimentos projetados em infraestrutura, R$ 33 bilhões serão destinados à construção de estádios, melhoria da mobilidade urbana, segurança, saúde e hotelaria. Além dos mais de 600 mil turistas estrangeiros esperados, 3 milhões de turistas brasileiros deverão se deslocar pelo país, gerando um impacto de R$ 9 bilhões na economia. Somando os R$ 47 bilhões de impacto direto mais a recirculação do dinheiro, calcula-se que R$ 183 bilhões serão gerados ao país pela realização desse evento.

“Podem até dizer o país poderia ganhar mais se ao invés de investir R$ 47 bilhões na Copa, destinasse esse recurso para educação. Mas discordo, porque não se pode parar o país”, diz o vice-presidente da JLT Re, Rodrigo Protásio. Durante sua participação no Insurance Summit, ele analisou a questão de um ponto de vista mais otimista, observando que, embora o país vá destinar, por exemplo, apenas R$ 1 bilhão para saúde contra R$ 4,8 bilhões para os aeroportos, ambos os investimentos gerarão empregos. Estima-se a abertura de 332 mil vagas permanentes e 381 mil empregos temporários, durante o período da Copa.

Para ele, está claro que haverá um impacto positivo no setor de seguros e de várias formas. “Num primeiro momento, haverá uma gama muito grande de seguros que podem ser acionados, como seguro de vida e de acidentes pessoais de trabalhadores, saúde, de transportes, patrimoniais e até o seguro garantia, que garante a execução de obras dentro dos prazos estipulados”, diz.

Já durante as Olimpíadas, além dos seguros de pessoas, ganham destaque os seguros de responsabilidade civil e de garantia da realização dos espetáculos. Entre as coberturas que poderão ser comercializadas nos eventos esportivos, ele destaca as de “no show” e “cancellation”, que podem ressarcir os organizadores em caso de não realização do evento pelos gastos com transferência da data, publicidade, reembolso de ingressos etc.

Além dessas, as coberturas de “perda de receita” e “seguro de imagem”, direcionadas aos patrocinadores e detentores de direitos televisivos; e os seguros de responsabilidade civil, nas modalidades “geral”, “eventos”, “operações e uso” e “conservação” de produtos (desde boné, camisetas até aparelhos de precisão) e alimentos. Rodrigo Protásio citou, ainda, os seguros patrimoniais para pequenas obras e instalações provisórias, caso da construção de um palco extra, por exemplo, e os seguros de “RD equipamentos e roubo” para os bens em trânsito das delegações.

Aliás, além do seguro de acidentes pessoais que pode ser contratado especificamente para o público pagante e convidados da área vip, também podem ser adquiridos seguros para as os atletas das diversas delegações, para cobrir eventos emergenciais. Por fim, ele incluiu a cobertura para atos terroristas. “Depois de encerrados os Jogos, o setor de seguros continuará a se beneficiar, já que acompanhará o movimento da economia como um todo”, acrescenta.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario