Breaking News

Seguro especial para população indígena .

Fonte: Revista Cobertura

As tribos indígenas do Brasil, na sua maioria, são nômades mudando sua posição geográfica com muita destreza e alguma facilidade, motivadas pela escassez das condições básicas de sobrevivência. Quando a caça ou a pesca tornam-se rarefeitas levantam acampamento e partem para locais melhores para viver.

O desenvolvimento urbano, em especial nas capitais brasileiras, motivou o êxodo das pessoas da área rural atraídas pelas propagandas de consumo do mundo dito civilizado, pela oferta de trabalho remunerado e pela invasão em suas terras. A contagem feita pelo IBGE estima em mais de um milhão de “parentes” no solo brasileiro com fertilidade de 3,5% superando a dos demais habitantes, que desceu para em torno de 1,2%.

O mercado segurador brasileiro permanece com a distribuição de seus produtos para as classes A e B e riscos de maior porte concentrando-se nos centros de maior movimento financeiro do país, deixando de lado as classes pobres da população, mesmo que representem a maioria numérica do país.

Mais de cem milhões de viventes, incluindo a população indígena, não podem ficar a margem da proteção securitária da atividade privada nos ramos de vida, saúde, previdência ou de bens.

O Brasil, quando comparado a outros países vizinhos, possui um volume menor de seguros de pessoas proporcional a sua população. A explicação para tal pequenez é a carga tributária e os encargos sociais que pesam bastante na formação dos custos dos produtos, ficando fora de foco os mais necessitados dos benefícios.

Infelizmente, coisas importantes transitam no Congresso Nacional a passos de tartaruga. Mesmo com a boa vontade da Susep quando no comando de Armando Vergílio e de alguns parlamentares, não temos data para o lançamento do microsseguro que, pela primeira vez, volta-se às pessoas de baixa renda.

O microsseguro destinado à população pobre necessita de formatação de produtos estratificados para um manancial com mais de 100 milhões de indivíduos que estão distribuídos de forma diferentes em cada ponto do território brasileiro. Portanto, os produtos têm que sofrer alterações sensíveis considerando a região geográfica e características da população ser coberta.

A comunidade indígena, que possui cultura e tradição que a difere bastante dos povos de origem europeia, africanos ou asiática, independente da situação socioeconômica dos partícipes, daí o merecimento de produto distinto dos demais.

Complementando nossa satisfação, houve o lançamento da primeira tábua de sobrevivência brasileira que representa um avanço e independência para o mercado de seguros nacional, porém, a extensão do nosso território permite considerar alguns ‘brasis’ com modelo de vida e sobrevida diferentes em função de variáveis importantes de clima, cultura, doenças e, principalmente, de pobreza e separações sociais.

Quando falamos de informações coletadas de 90% das seguradoras em atividade no solo brasileiro, estamos nos referindo a mercado concentrado que exclui a maior parte do território do país com menor índice populacional e de renda que deveria influenciar na formação de produtos no microsseguro.

Os indígenas rurais ou assentados nas cidades clamam pela participação nas atividades humanas como demais membros da sociedade brasileira de forma efetiva sem perda de suas características originais.

O que estará retardando tanto o lançamento do microsseguro? Quais são as forças impeditivas de seu lançamento? Quais seguradoras estão preparadas com produtos e processos específicos para assumir riscos e administrar as condições com menos formalidade e burocracia?

No seio de milhões de pobres de recursos financeiros há um grupo de milhões de cidadãos deixados de lado pelo preconceito de suas etnias que necessitam de inclusão imediata sem paternalismo, mas com profissionalismo.

* Ronaldo Monteiro Costa – diretor da Montpolo Corretora de Seguros, Professor Doutor em Medicina Interna (Unifesp) e membro da Comissão de Saúde Sincor-SP (Edição 112)

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario