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Apólices de seguros ficarão mais caras com desastres naturais

Fonte: O Globo

RIO - Os desastres naturais, cada vez mais recorrentes no mundo nos últimos anos, deverão elevar o custo das apólices de seguros e têm levado as empresas a tomarem medidas de adaptação e mitigação dos efeitos de mudanças climáticas ao longo dos últimos 12 meses, de acordo com a Associação de Genebra, centro internacional de análises e discussões sobre seguros.

Um caso considerado divisor de águas para o setor segurador é o da indústria de óleo e gás, com o vazamento da plataforma da British Petroleum que atingiu o Golfo do México. O presidente do Conselho de Administração da Munich Re, Nikolaus Von Bomhard, disse que, após o acidente, as seguradoras modificaram as apólices para o setor.

Na ocasião, o seguro obrigatório para a exploração de petróleo era de US$ 74 milhões. "Era muito baixo", classificou Bomhard, que também é presidente da Associação de Genebra. E a cobertura de perdas ofertada pela indústria era de no máximo US$ 1,5 bilhão, para o setor.

Agora, as seguradoras estudam a possibilidade de passar a cobrir perdas que vão de US$ 3 bilhões a US$ 10 bilhões. No entanto, isso vai impactar diretamente no custo de extração. A estimativa é de que o seguro poderá chegar a custar até 10% do custo de extração de petróleo, dependendo da área geológica e do risco embutido, já que no Brasil, por exemplo, o pré-sal leva a perfurações muito mais profundas do que no Golfo do México.

"A BP e as outras petroleiras precisarão saber qual será o custo de perfurar, incluindo-se a apólice de cobertura de até US$ 10 bilhões", disse Bomhard. Ele afirmou, no entanto, não estar pronto para estudar as políticas nas apólices que serão colocadas no Brasil.

Outro desastre natural que afetou fortemente a visão sobre o setor de seguros foi em relação às usinas nucleares. De acordo com o presidente da Tókio Marine, Kunio Ishihara, o acidente na usina de Fukushima, no Japão, devido ao tsunami provocado pelo terremoto que atingiu o país em março, elevou o nível de preocupação em relação ao uso de usinas nucleares no mundo.

A estimativa é de que o Japão precise de US$ 200 bilhões a US$ 300 bilhões para se recuperar da crise instaurada, e o setor segurador vai ter que pagar mais de US$ 33 bilhões.

"Nenhuma seguradora se tornou insolvente, com o apoio fiscal do governo japonês. Mas com tantos desastres naturais, a indústria de seguros pensa agora se é capaz de suportar as mudanças climáticas", alertou.

(Juliana Ennes | Valor)

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