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Bauru: Seguro de veículos fica até 30% mais caro

Fonte: Jornal da Cidade de Bauru - SP

Aumento da frota, índices de roubo e enchentes estão entre os principais motivos para o encarecimento do preço da apólice

Tisa Moraes

A explosão do número de veículos em Bauru, aliada aos índices de roubo e às enchentes registradas no final do ano passado, está encarecendo o preço do seguro de veículos na cidade. Segundo levantamento feito pelo JC junto às empresas seguradoras, a elevação pode chegar a 30% em comparação aos preços praticados no ano passado.

Motoristas solteiros, entre 18 e 26 anos de idade e que usam o automóvel para fins comerciais são os mais penalizados com a majoração. Mulheres casadas, com idade superior a 25 anos e filhos pequenos, por exemplo, não devem pagar além de 20% a mais que os valores de 2010.

O Sindicato dos Corretores de Seguros (Sincor) em Bauru, entretanto, reconhece um aumento de preços da ordem de, no máximo, 15%, que corresponderia ao reajuste médio anual aplicado pelo setor.

Mas, pelo menos para o bolso do jornalista Lucien Luiz, 30 anos, o encarecimento do seguro foi bem superior a este. Sem que mudasse seu perfil - homem, jovem, solteiro, sem filhos e residente em apartamento - e sem precisar acionar o sinistro no ano anterior, a apólice do seu Ford Ka subiu de R$ 800,00 para R$ 1,2 mil, uma variação de 37,5%.

“O que me informaram foi que a enchente de janeiro e o aumento da frota em Bauru foram os motivos para o reajuste. Nem quando bateram no meu carro e eu perdi o desconto por causa do sinistro, em 2008, o aumento foi tamanho. Era um gasto que eu não estava preparado para ter”, argumenta.

Conforme explica o diretor regional do Sindicato dos Corretores de Seguros (Sincor), Fernando Antonio Kauffman Alvarez, o valor da apólice, assim como os reajustes aplicados, podem variar muito de acordo com o perfil do proprietário, o modelo do veículo e a política adotada por cada seguradora. “Dependendo destas variáveis, algumas seguradoras conseguem dar bons descontos e até mesmo manter os preços cobrados no ano passado”, pondera.

Demanda

Mas, de maneira geral, a maioria das corretoras reajustaram os preços porque, segundo o Sincor, tiveram de repassar o aumento de custos com aquisição de peças e mão de obra, que ficaram mais caros justamente por conta do crescimento da demanda. “A explosão da frota fez com que aumentasse o número de acidentes na cidade. As oficinas começaram a ser muito mais procuradas, o que encareceu o preço da mão de obra e também das peças de reposição, que estão em falta no mercado”, analisa Alvarez.

Segundo ele, uma colisão simples, atualmente, não costuma custar menos do que R$ 5 mil à seguradora. “As empresas precisam manter um equilíbrio entre despesas e receita. Se essa conta não fecha, as seguradoras não têm como se manter”, argumenta.

Outro fator que interfere na formação dos preços das apólices são os índices de criminalidade. Ainda que o valor cobrado pelo seguro veicular em Bauru seja um dos mais baixos do Estado por conta das estatísticas consideradas satisfatórias, o número de roubos de veículos dobrou no último trimestre na cidade, em relação ao mesmo período do ano passado.

Os furtos, entretanto, ainda permanecem em queda. “Mas, mesmo assim, as ocorrências são mais frequentes do que as que a gente tinha há 10 anos”, salienta o corretor de seguros Djalmir Mencia Hatimine. Por conta da violência e, principalmente em razão de não haver expectativas para a desaceleração do comércio de veículos, ele destaca que não há previsão para que o preço das apólices seja reduzido no curto prazo.

Atenção para a escolha

A base de cálculo para determinar o valor do seguro leva em consideração, entre outros aspectos, as chances de um veículo ser roubado ou furtado. Neste sentido, os modelos mais vendidos do mercado costumam ter os preços de apólice mais altos, porque são os mais visados pelos ladrões.

Para se ter uma ideia, somente entre carros populares que custam, em média, R$ 30 mil, o valor da apólice pode variar de R$ 940,00 a R$ 1,6 mil. “Essa diferença ocorre porque, quando um modelo de veículo é muito vendido, suas peças no mercado negro começam a ser mais requisitadas e, por este motivo, ele se torna o principal alvo de ladrões. Como consequência, o seguro sofre um acréscimo considerável”, revela o corretor de seguros Rodolfo Vera.

Por este motivo, segundo ele, o consumidor deve estar atento a este detalhe antes de comprar um carro. “Se, por exemplo, o índice de roubo e furto de um determinado modelo aumentar consideravelmente dentro de um ano, certamente a tabela de preço será alterada para aquele modelo no período seguinte”, adianta.

Enchentes

Enchentes como as que atingiram Bauru no fim de 2010 e início de 2011 são outro fator que encareceu o valor das apólices na cidade. Somente durante o temporal ocorrido em dezembro do ano passado - que tirou a vida de um morador -, estima-se que ao menos 30 veículos tenham registrado perda total e outros 50 tenham sido danificados, com necessidade de acionamento do sinistro.

A ocorrência anormal mesmo para épocas muito chuvosas, por si só, também reforçou a análise de risco de novas catástrofes naturais, o que interferiu na formação dos preços do seguro, que são corrigidos ao menos uma vez por mês. “O cálculo é sempre feito com base nos últimos 12 meses, então este fenômeno já está refletindo no valor da apólice e deve contribuir para os custos até o final do ano”, sentencia o corretor de seguros Djalmir Mencia Hatimine.

O profissional alerta, entretanto, que o pagamento do sinistro ocorre apenas quando o motorista é surpreendido pela inundação. Se a seguradora provar que o proprietário se arriscou na travessia de alagamentos e ficou no meio do caminho, não há indenização.

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