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“Brasil é estratégico”, diz CEO mundial da Allianz

Fonte: Sonho Seguro

O Brasil é um país chave para a maior seguradora do mundo. “Trata-se de um mercado muito atraente, onde se espera que o crescimento seja impulsionado pelo futuro desenvolvimento econômico e por níveis crescentes de penetração de seguro”, afirma Michael Diekmann (foto), CEO mundial da Allianz, em sua primeira entrevista concedida à imprensa brasileira.

Ele está no Brasil nesta semana para conversar com funcionários e também para participar, juntamente com outros 50 CEOs mundiais de seguradoras e resseguradoras, do encontro anual da Geneva Association, entidade dedicada a estudos econômicos e financeiros sobre a indústria de seguros mundial. O Brasil foi escolhido para sediar a reunião por vários motivos. Entre eles, o crescimento da economia. Dos mais de 50 CEOs presentes, 22 já tem operações no Brasil e os outros disseram ter intenção de conhecer melhor o mercado brasileiro para futuros investimentos. A classe média emergente é um dos pontos que mais chama a atenção para investimentos, assim como as oportunidades que serão geradas pelos mundiais esportivos.

“O Brasil terá muitos ganhos em sediar os mundiais. Um número crescente de consumidores buscará coberturas em seguro saúde, bem como soluções em seguros de vida e previdência privada. Sem dúvida, o risco de longevidade ascendente e os custos médicos cada vez maiores são itens que não se pode negligenciar nesse contexto”, diz ele, que está a frente de um grupo com receitas de 106 bilhões de euros em 2010. Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

Essa é a sua primeira visita ao Brasil?

Vim inúmeras vezes ao Brasil, um país dinâmico e fascinante, onde pude conhecer pessoas muito interessantes. Eu era o responsável do Grupo Allianz para a região da América Latina antes de me tornar CEO em 2003.

Então acompanha de perto os avanços da economia brasileira?

Sim. A economia brasileira tem crescido de modo acentuado desde a década de 1990 e o país está assumindo uma posição de liderança entre outros mercados emergentes importantes hoje.

Quais as suas expectativas para a indústria global de seguros durante os próximos cinco anos?

Mega-tendências como mudança climática, digitalização e mudança demográfica são desafios aos quais a indústria de seguros, como qualquer outro setor, precisa se adaptar, e se fizermos isso corretamente há muitas oportunidades de crescimento pela frente. E certamente os mercados emergentes ganham uma importância crescente para a Allianz e para a indústria global de seguros. Enquanto nos anos 90 as grandes oportunidades residiam em países do Centro e do Leste europeu, os novos mercados em crescimento com suas tendências demográficas específicas e as novas tendências de consumo estão na China, no Brasil e na Índia. Hoje na Alianz 5% das nossas receitas já são geradas a partir de mercados em crescimento.

Qual é a estratégia do grupo para a América Latina nos próximos cinco anos?

Nós temos operações locais no Brasil, na Argentina, Colômbia e México, e estamos muito contentes com o desenvolvimento dos nossos negócios nesses mercados. Além disso, nós fornecemos serviços a clientes de toda a região através das nossas empresas globais, tais como a Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS), a nossa seguradora de crédito Euler Hermes e o nosso fornecedor de assistência. Vemos um potencial significativo na região para um crescimento rentável continuado, e espera-se que tanto o segmento de varejo como o corporativo se desenvolvam com força. O prosseguimento dos esforços conjuntos entre nossas companhias globais e as operações locais nos permitirão tirar vantagem das oportunidades de mercado.

Quais são os principais desafios para o Brasil na sua opinião?

Obviamente, esse desenvolvimento da economia brasileira impulsiona a necessidade de investimentos maiores em infraestrutura em áreas tais como transporte, moradia ou energia. Um sistema social moderno e viável, assim como um ambiente regulatório também são pontos críticos. E por último, mas não menos importante, o Brasil precisa investir mais em educação. As empresas aqui no Brasil precisarão de funcionários ainda mais capacitados para terem sucesso na economia global.

Quais são as expectativas da Allianz em relação aos dois eventos esportivos internacionais que se realizarão no Brasil, como a Copa em 2014 e as Olimpíadas em 2016?

Do ponto de vista afetivo, esses eventos são experiências maravilhosas. Na Alemanha sediamos a Mundial de Futebol em 2006. Era como uma grande e animada reunião de família. Praticamente todos os alemães guardam uma boa recordação desse evento. Munique, a cidade-sede do Grupo Allianz, ainda hoje aproveita os frutos das Olimpíadas de 1972, para a qual foram desenvolvidos inúmeros projetos urbanísticos excelentes, incluindo a construção do metrô. Neste momento, nós estamos esperando para ver se Munique irá ganhar o posto para sediar a Olimpíadas e Pára-Olimpíadas de 2018.

E em termos de negócios? Afinal, a infraestrutura está atrasada.

O Brasil tem muito a ganhar como país-sede da Mundial de Futebol e das Olimpíadas, tanto em termos de vantagens tangíveis como em visibilidade internacional para o país. Em termos de infraestrutura, muita coisa acaba sendo realizada na corrida final que precede esses eventos, e obviamente os negócios também aproveitam isso – por exemplo, a indústria de Turismo. A Allianz Brasil já está presente – ou está abrindo filiais – em todas as cidades que estarão recebendo jogos do Mundial de Futebol. Já temos no nosso portfólio seguros de riscos de engenharia para estádios. E é claro, oferecemos soluções em seguros e assistência de viagem.

Diante desse cenário, o que os acionistas esperam da operação brasileira?

A Allianz tem um compromisso sólido e consideramos o mercado brasileiro como um dos nossos mercados em expansão essenciais. Estamos satisfeitos com o desenvolvimento de nossas atividades no país. A Allianz Brasil mais do que duplicou de tamanho desde 2005. Este ano, esperamos um faturamento superior a US$ 1,8 bilhão, acima dos US$ 1,5 bilhão do ano passado. Estamos muito satisfeitos com o sólido desempenho econômico, que é o melhor pré-requisito para um maior crescimento e também para a oferta de produtos, com foco no consumidor e qualidade dos nossos serviços.

A concorrência no Brasil está acirrada. Como se destacar?

A Allianz Brasil tem a grande vantagem de integrar um grupo internacional. Desde 2008, países da América do Sul e da península Ibérica já operam em conjunto como uma região única, em estreita interação com a Allianz Espanha, que é uma das empresas com melhor performance dentro do Grupo Allianz. Essa proximidade nos permite um intercâmbio bem-sucedido de melhores práticas nas áreas de operações, TI, indenizações e subscrição. O grupo faturou EUR 106,4 bilhões em 2010, sendo EUR 43,9 bilhões em Property & Casualty (seguros gerais), EUR 57,1 bilhões em Vida e Saúde e EUR 5,4 bilhões de euros em gestão de ativos por meio da PIMCO. Tem 150 mil funcionários para atender 76 milhões clientes.

Só isso não basta para uma empresa estrangeira se destacar num mercado de seguros dominados por seguradoras ligadas a bancos.

No Brasil somos hoje um forte parceiro para corretores e clientes, sejam eles clientes massificados ou grandes conglomerados corporativos. Temos uma ampla gama de soluções, de A a Z, e por isso achamos que nossa empresa está bem posicionada para lidar com as oportunidades de todas as mega-tendências que despontam no horizonte brasileiro. Somos uma seguradora líder, conhecida e respeitada pela expertise técnica. Temos essa imagem, por exemplo, nas linhas industriais, como engenharia, responsabilidade e incêndio. Somos cada dia mais reconhecidos em automóveis e em saúde.

Por treinar seus funcionários em unidades internacionais, muitos deles são alvos dos concorrentes, que sofrem com um apagão de talentos. Como lidar com isso?

Ser um empregador atraente é dos itens mais críticos para prosseguir no desenvolvimento econômico da indústria brasileira de seguros. Aqui também a Allianz está muito bem posicionada. Podemos oferecer oportunidades destacadas em todos os níveis, desde o pessoal operacional até os níveis médios de gerência e a alta administração. Obviamente, nossa presença global aliada à nossa destacada expertise e know-how nos conferem um diferencial marcante. Só para dar alguns exemplos, o ex-CFO da Allianz Brasil foi indicado como CEO da Allianz Portugal no início deste ano. Também temos diversos colegas com formação no Brasil e que atualmente estão atuando na Europa, devendo retornar em algum momento à América do Sul para ajudar a desenvolver mais as nossas atividades por aqui.

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