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Concentração - o cenário da corretagem de seguros no Brasil

Fonte: CQCS

Por Gustavo Mello

A visão da corretora como um canal de distribuição explica o momento atual. Estamos atravessando um processo claro e forte de concentração. Muitas corretoras de seguros estão se juntando ou sendo compradas. Perceberam que assim conquistam maiores benefícios das companhias com que operam, otimizam sua operação, conquistam mais mercado, etc. Afinal, quais são as maiores corretoras de seguros do Brasil? Banco do Brasil e PAR (Caixa Econômica)! Por quê? Porque elas possuem a capilaridade das agências bancárias unidas à força de venda de uma corretora. Capilaridade e volume de produção são fundamentais em se tratando de canal de distribuição. Adiante apresento inúmeros exemplos desta realidade.

Marsh

Conta atualmente com mais de 1.000 funcionários distribuídos em 9 escritórios localizados nas cidades de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Joinville, Curitiba, Belo Horizonte e Uberlândia. Segundo o relatório anual para investidores, em sua publicação de dezembro de 2010, a Marsh informou ter receita bruta (comissões com seguros e fees) de US$ 298 milhões para a região da América Latina (US$ 4,7 bilhões em todo o planeta). Podemos estimar que 30% dessa receita sejam provenientes do Brasil.

AON

No Brasil, a Aon conta com mais de 800 funcionários distribuídos em 11 escritórios nas seguintes cidades: São Paulo – Matriz, Campinas, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Macaé, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia, Vitória, Salvador. Entre 2000 e 2010 a AON comprou 12 corretoras de seguros. Não é fácil obter os dados de sua produção no Brasil, mas sabe-se que possui 850 mil vidas seguradas, sendo 20% dessas em pequenas e médias empresas.

MDS

A MDS, resultado da joint-venture do Grupo Sonae (Portugal) e Grupo Suzano (Brasil), está presente em 21 países, possuindo uma carteira de prêmios emitidos da ordem de US$ 1,8 bilhão. No Brasil contam com 12 escritórios distribuídos nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Comprou seis corretoras de seguros nos últimos anos, entre as quais: Lazam, ADD Mackler e Miral (RJ). Se auto denomina o 3º maior broker do Brasil com 700 mil clientes individuais e 9 mil clientes empresariais, atendidos por 500 funcionários.

Segna

A Segna surgiu em 2009, após a fusão de 14 corretoras. Opera nas seguintes cidades: Rio de Janeiro (com escritórios em Bangu, Botafogo, Centro, Freguesia, Glória e Valqueire), Belford Roxo, Itaguaí, Niterói, Nova Iguaçu e Macaé.

Aliança Rio

Este foi um dos primeiros modelos de fusão. Eles ainda mantêm as 14 corretoras do grupo separadas, com destaque para Marinattos e Lords. E utilizam o poder de grupo para negociar em conjunto com as seguradoras.

Brasil Insurance

Em 2009 a Brasil Insurance surgiu pela aquisição de 27 corretoras de seguros, com 34 escritórios espalhados pelo Brasil, entre as quais: Montejo, Almac, Fran, GDE, Laport, Barra Sul, 4K, Aplick, FMA, Duraseg, Correta, Base Brasil, Lasry, Victrix, York Brukan, APR, Carasso, Neval, Promove, A&M, Retrato, Romap, Sercose, Megler, Triplic, Âncora. E com isso sua produção atinge 1,2 milhão de clientes pessoas físicas, 14 mil empresas, 1 milhão de vidas seguradas, 111 mil veículos segurados, R$ 960 milhões em prêmios e uma comissão média de 13%. Neste modelo, os corretores receberam 50% do valor contábil de suas corretoras em julho de 2010, e o restante após o IPO (abertura de capital em bolsa, em outubro de 2010), conforme se depreende do prospecto publicado na CVM, era esperado até abril de 2011.

Quando do lançamento das ações, em outubro de 2010, os investidores estrangeiros foram os responsáveis pela compra de 80% das ações emitidas na oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da holding de corretoras de seguros Brasil Insurance. Fundos de investimento responderam por uma fatia de 15%. Com a operação, foram captados R$ 644,6 milhões, segundo anúncio de encerramento divulgado pela empresa. O preço de emissão da ação “BRIN3.SA” lançada por R$ 1.350 teve forte alta já no primeiro pregão (27,4%). No dia 29 de junho de 2011 estava em R$ 1.850. Mas esta especulação – que até aqui demonstra força - ainda depende dos resultados a serem apresentados pelo grupo ao completar o primeiro ano.

Qualicorp

A Qualicorp – com forte foco em planos de saúde - foi fundada em 1997, conta com cerca de 1000 colaboradores, e encerrou 2010 com 2.975.558 segurados. Em julho de 2010, o fundo Carlyle comprou 42% da Qualicorp por cerca de US$ 850 milhões (o equivalente na época a R$ 1,5 bilhão). No Brasil o Carlyle também é dono da CVC viagens e da Scalina (dono da marca TriFil), bem como é dono da Hertz, Dunkin Donuts, Goodyear Engenharia, entre outras 1.000 companhias em todo o planeta.

A Qualicorp já havia comprado as corretoras Brüder SP com 56.000 segurados, a Brüder RJ com 32.000 segurados, que formavam o grupo Athon Brüder comprado por R$ 40.477.000,. Além de comprar a Salutar Corretora de Seguros por R$ 87.493.000, em dezembro de 2009, e ainda a Vectorial e a Divcom todas gestoras de planos de saúde.

A operação da Qualicorp, em número de segurados, está distribuída da seguinte forma: São Paulo (72%), Rio de Janeiro (18%), Bahia (5,5%), Distrito Federal (3,7%), Pernambuco (0,5%) e Outros (0,3%).

Pretendiam, após o IPO, ter um capital social de R$ 1,47 bilhão, mas superaram muito isso. Em 29 de junho de 2011 a Qualicorp abriu seu capital na BOVESPA, e passou a valer R$ 3,36 bilhões. No prospecto preliminar precificaram as ações com valor de venda entre R$ 16 e R$ 19, mas somente conseguiram fechar o IPO (oferta pública inicial) após um desconto de 20% definindo o preço de venda a R$ 13, permitindo a empresa levantar R$ 354 milhões. No dia seguinte as ações já eram cotadas a R$ 15,8, uma alta de 15,8%. Uma grande parte das ações foi vendida para investidores estrangeiros. Conforme se depreende do prospecto, a estratégia será a aquisição de novas corretoras, bem como ampliar a atuação em novas regiões do país e fazer cross-selling com sua atual carteira de clientes.

Quem perde e quem ganha com isso?

As seguradoras perdem pois precisarão negociar mais com esses grupos e ceder melhores condições, aumentando sua despesa comercial. Os corretores menores precisam entender o que está acontecendo ao seu redor para se proteger de alguma forma. Tem concorrente com bilhões de reais no caixa e com obrigação junto a seus acionistas de atuar em todo o Brasil. E quem ganha são os sócios desses grupos. Alguns desses modelos são mesmo geniais e estão de parabéns. Precisamos aprender com eles, pois o mercado é dinâmico!

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