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Arpel analisa as novas potencialidades do mercado segurador

Fonte: Jornal do Comércio - RS

A dualidade entre a maior renda da população e os impactos para o meio ambiente impulsiona a disseminação da cultura de seguros no Brasil. O setor aproveita o desafio de lidar com o novo perfil econômico e social do País para repensar o alcance do serviço, utilizado por somente 10% da população. A ponta dessa cadeia, as catástrofes ambientais dos últimos anos e suas conse-quências, envolveu profissionais e especialistas na procura por um caminho para continuar impulsionando o setor, que cresce em média 11% ao ano.

Fenômenos como a enchente na serra fluminense no ano passado, que pela primeira vez fez a resseguradora Munich Re do Brasil desembolsar em um contrato de catástrofe, não foram suficientes para abalar o mercado, assim como não resultaram em repasse de valores para o consumidor final. Porém, a participação no PIB do País, ainda que represente o maior crescimento em relação aos demais países da América Latina, ainda é pequena.

Para crescer baseado na maior percepção desses impactos, cujo principal causador é a mudança do perfil de consumo, o setor tem investido em parceria com estudiosos para gerar fundos atrelados ao clima. Isso tudo diante de um cenário de pagamento de US$ 60 bilhões em indenizações de catástrofes no primeiro semestre e da possibilidade mundial do desembolso de um total de US$ 110 bilhões até o final do ano.

Conforme o presidente da Allianz Risk Transfer Holanda, John Arpel, o maior temor de uma companhia de seguro é acumular perdas que venham a exaurir o seu capital. Como regra geral, elas não deveriam ter mais do que 5% de seus ativos expostos a qualquer perda ou evento , comentou. Para amenizar os riscos, a solução atualmente é a busca pela sua pulverização, com a realização de contratos com resseguradoras e com os chamados Cat Bonds (títulos vinculados a catástrofes). Segundo Arpel, o grande número de desastres naturais deve aumentar as taxas para cobertura desse tipo de evento, o que deve trazer consequências para a taxação também no Brasil, devido à pulverização dos riscos. Temos que pensar, como cidadãos, o quanto queremos contribuir para as catástrofes no mundo , defendeu.

A raiz da explosão do consumo no País, no entanto, não está no crescimento da população. O pesquisador do Núcleo de Estudos Populacionais da Unicamp Ricardo Ojima observou que a previsão é de declínio da população brasileira a partir de 2040, e nem por isso a tendência é de diminuição de sua influência sobre o clima. Conforme ele, 60% dos gases do efeito estufa emitidos entre 1950 e 1980 provieram de países que contribuíram com somente 12% do crescimento populacional. A capacidade de mudar o nosso consumo é o que vai definir o futuro da sustentabilidade , retratou Ojima, salientando que, entre os pontos de maior interferência estão a mudança na estrutura etária, que indica um envelhecimento da população, e a urbanização, ambos sinônimo de mais aquisição de bens.

Conforme o vice-presidente do conselho de administração da Allianz, Paulo Marraccini, o crescimento populacional em declínio e o aumento da longevidade trazem reflexos diretos para o setor de seguros. A natalidade caindo e a população envelhecendo trazem à tona o desafio mundial de prover um sistema de previdência , observou. Além disso, a concentração em grandes cidades deve fazer o setor repensar, por exemplo, a precificação nas diferentes áreas habitadas. Países como a França têm uma tábua diferente para as populações rural e urbana, onde os riscos são maiores , lembrou.

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