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Especialista vê riscos no conservadorismo

Fonte: Jornal do Commercio - RJ

Especialista em relações de consumo, a advogada Angélica Carlini não tem dúvidas quando afirma que a proliferação da proteção veicular, chamada de seguro pirata no mercado e comercializada por cooperativas e associações, é consequência direta da política conservadora adotada pelas seguradoras na avaliação de riscos. "Toda vez que você vira as costas para um consumidor que quer comprar, ele se organiza e dá um jeito de adquirir de outra maneira", aponta a advogada.

Na avaliação da especialista, o número elevado de recusas de coberturas de riscos pelas seguradoras, embora possa ter uma base legal, é "ruim para todos os envolvidos". Nesse contexto, ela considera normal a reação da sociedade, principalmente as classes de menor poder aquisitivo.

"São pessoas que estão mais acostumadas a superar dificuldades e que, agora, buscam abrigo na proteção veicular", analisou Angélica Carlini ao participar do 8º Fórum de Debates organizado pelo sindicato dos corretores de seguros mineiros (Sincor-MG).

No evento em Minas Gerais, Angélica Carlini aconselhou o mercado a procurar as razões reais que elevaram o número de recusas e a avaliar também se a criação dessas associações e cooperativas é motivada pela falta de oferta ou pela precificação que o consumidor não aceita.

O cenário preocupa os seguradores, que buscam soluções para eventuais erros na condução desse processo. O superintendentegeral da Central de Serviços e Proteção ao Seguro da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), Julio Avellar, admitiu que o quadro mudou, mas não necessariamente para melhor. "Antes, o mercado tinha dificuldade para falar com o público que precisava de seguro. Agora, a sociedade precisa do seguro, mas o mercado não está atendendo.

Isso é um brutal paradoxo", lamentou.

FALHAS. O executivo disse que há, por vezes, excessiva preocupação das resseguradoras e seguradoras com as tarifas, as subscrições e os investimentos em gerenciamento de risco para definir a franquia adequada, o que faz com que o mercado não aceite o risco, pois não sabe como precificar. "O mercado emburreceu, esqueceu o que é seguro", criticou.

Para Julio Avellar, foi no vácuo criado pelas próprias seguradoras que surgiram "associações e cooperativas do bem", as quais representam segmentos como padarias e pequenas joalherias.

"Tais associações não fazem publicidade enganosa, estão apenas trabalhando naquilo que o mercado de seguros negou", observou.

Ele fez questão de frisar, contudo, que essas associações não podem ser comparadas com as cooperativas que comercializam a chamada proteção veicular. "Estas são cooperativas do mal, nas quais o empresário se traveste de entidade sem fins lucrativos, sendo na realidade um seguro falso, que devemos sim combater", concluiu Julio Avellar.

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