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Fórum Internacional de Seguros para jornalistas

Fonte: Monitor Mercantil

Mercado procura alternativas para cobrir riscos provocados por catástrofes naturais

A emissão de Cat Bonds (títulos vinculados a catástrofes) ou a aquisição de cobertura indexada pelo clima são alternativas apresentadas por John Arpei, presidente da Allianz Risk Transfer Holanda, como saídas encontradas pela indústria do seguro internacional para repor as perdas com eventos extremos da natureza.

Mesmo assim, disse que a maioria das seguradoras tem capital para enfrentar as perdas promovidas pelas catástrofes naturais. "Mas é cada vez mais freqüente o emprego de novos mecanismos de compensação no mercado financeiro, entre eles os Cat Bonds e as coberturas indexadas", ressaltou.



Catástrofes



Ao participar Fórum Internacional de Seguros para Jornalistas, promovido pela Allianz Seguros sobre "Demografia e Catástrofes Naturais", destacou estudo do AIR Worldwide (líder científico e provedor de software de riscos de catástrofe) onde calcula que se um furacão tocar a terra na Costa Sul de Nova Jersei e seguir em direção a Nova York, as perdas seguradas custariam US$ 110 bilhões. Disse, também, que mo primeiro semestre deste ano, as perdas seguradas com catástrofes naturais no mundo totalizaram US$ 60 bilhões.

Na avaliação de John Arpei, caso a temporada de furacões este ano nos Estados Unidos atinja alguns grandes centros urbanos, "o mercado será capaz de absorver as perdas, visto que a indústria seguradora recentemente sobreviveu à crise financeira mais severa e saiu relativamente intacta".

Lembrou que os eventos de catástrofe natural geralmente são abordados através das coberturas de resseguro tradicionais, às vezes é mais efetivo ou mais econômico emitir Cat Bonds (títulos vinculados a catástrofes), ou adquirir uma cobertura indexada pelo clima.



Para John Arpei, a diferença entre mudanças ambientais e catástrofes naturais, basicamente, é a mesma que existe entre meteorologia e clima. Catástrofes naturais, e não somente aquelas relacionadas à meteorologia, são eventos isolados que ocorrem com pouca regularidade e pouca correlação.

"Esses eventos se caracterizam pelo seu impacto socioeconômico devastador sobre a região ou o país onde ocorrem. As catástrofes naturais acontecem em uma escala de tempo que pode variar desde alguns segundos (no caso dos terremotos) até dias (como na formação de um tornado)", explicou.



Mudanças de clima



De acordo com o presidente da Allianz Risk Transfer Holanda, as mudanças de clima ocorrem em escalas de tempo muito lentas, variando de décadas até séculos. Mas as catástrofes meteorológicas naturais e a mudança ambiental estão interligadas.

Na sua opinião, "as alterações no clima global irão modificar as condições médias da atmosfera e do oceano e essas mudanças de condição na atmosfera e nos mares poderão, conforme é o entendimento geral, induzir furacões mais intensos que se formam ainda mais a Oeste no Atlântico, podendo atingir a Flórida".

Segundo o executivo, no momento, há uma série de observações climáticas de prazo relativamente curto, especialmente no caso de eventos isolados como os furacões. "Portanto, é impossível vincular as catástrofes individualmente a qualquer tipo de mudança climática. Além disso, as catástrofes naturais só são catástrofes se afetarem uma região populosa. Como exemplo citou o furacão Bret, que irrompeu em 1999, era uma tempestade excepcionalmente forte, mas que causou danos mínimos porque se abateu sobre uma área despovoada.



Transferência de risco



Após explicar que o resseguro tradicional é uma ferramenta eficaz para disseminar os riscos globalmente, John Arpei informou que o Allianz Risk Transfer Group foi estabelecido para, entre outras coisas, oferecer produtos não tradicionais por meio de seguros e resseguros.

"O Allianz Risk Transfer Group também está capacitado a oferecer determinados instrumentos financeiros", acrescentou.



Mecanismos financeiros



Tanto os Cat Bonds como as coberturas indexadas pelo clima são mecanismos pensados para ganhar capacidade nos mercados financeiros, embora atualmente boa parte seja encontrada nos mercados de seguros e resseguros. "A grande diferença é que tais produtos são referenciados contra um índice e não com base na indenização", esclareceu..

A indenização ao cliente não é feita por uma perda comprovada, mas sim quando é acionado o índice de referência, usado como gatilho. John Arpei apresentou o seguinte exemplo: se um cliente está baseado no Rio de Janeiro e quiser segurar as perdas resultantes de enchentes, a cobertura será referenciada à estação meteorológica mais próxima ao local onde ele se encontra. Ficará estipulado, por exemplo, que se a precipitação pluvial exceder "x mm" em média durante um período "y", então o seguro irá indenizá-lo, mas, se a precipitação ficar abaixo de "x mm" nesse mesmo período, então o seguro não irá indenizá-lo.



Segundo semestre



Algumas previsões, segundo John Arpei, apontam para aumento dos furacões que irão aterrar nos Estados Unidos este ano. Como é extremamente difícil prever o curso de um furacão, não é possível quantificar as perdas resultantes de catástrofes naturais na segunda metade de 2011.

Mas existem projeções de cenários caso os furacões atinjam áreas urbanas relevantes. O AIR Worldwide produziu estimativas hipotéticas para algumas tempestades famosas em áreas urbanas em valores atualizados em dólar para 2005:1900, Furacão Calveston (Houston/Calveston, TX), US$ 33 bilhões; 1926, Furacão de Miami (Miami, FL), US$ 80 bilhões; e 1938, Long Island Express (Long Island, NY; Providence, RI), US$ 35 bilhões.

Para colocar essa estimativa em perspectiva, o furacão Katrina causou US$ 41 bilhões em perdas seguradas somente em 2005, ao atingir a área de Nova Orleans. O furacão Ike gerou perdas seguradas avaliadas em US$ 9 bilhões (valores de 2008) ao atingir a região de Houston/Galveston, no Texas. Além disso, o AIR calculou que se um furacão tocar a terra na costa Sul de Nova Jérsei e seguir em direção a Nova Iorque, as perdas seguradas custariam US$ 110 bilhões.

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