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Fundo de previdência com ações também sofre

Fonte: O Globo

Opções que aplicam parte em renda variável têm perda de 7,2% este mês. Analistas lembram que investimento é de longo prazo

Vinicius Neder vinicius.neder@oglobo.com.br

Desde o início do mês, as piores perdas nos mercados globais desde a crise de 2008 aprofundaram a queda da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e derrubaram a rentabilidade de quase todos os tipos de investimento atrelados a ações, incluindo os fundos de previdência privada. Mas, quando o assunto é a tranquilidade financeira na aposentadoria ou a garantia de uma renda para os filhos no futuro, o investidor precisa de preparo para lidar com as oscilações de curto prazo.

O tipo mais agressivo de fundos de previdência - que investe de 30% a 49% dos recursos em ações - na classificação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) está com rentabilidade média negativa de 7,20% neste mês, até o dia 9. No ano, essa categoria de fundos perdeu 3,98% até julho.

Executivos de seguradoras e bancos que atuam em previdência relatam que, desde o início do ano, a maioria dos novos depósitos tem ocorrido em fundos voltados para a renda fixa. Isso ocorre no Santander, segundo o superintendente de Previdência do banco, Alessandro Andrade, que não vê forte migração de clientes para fundos mais conservadores - cerca de 80% dos recursos administrados pela instituição estão em renda fixa. Nas demais empresas do setor, de 15% a 20% dos investimentos vão para renda variável.

Banco envia comunicados para tranquilizar clientes

No HSBC, a divisão de previdência privada tem verificado maior procura dos clientes por informações sobre a crise nos mercados internacionais. Segundo o diretor executivo da HSBC Seguros, Fernando Moreira, o banco também tem leva informação para seus clientes em comunicados e por meio de seus consultores de vendas.

- A mensagem é: previdência é investimento de longo prazo, e a renda variável é feita de quedas e recuperação - diz Moreira.

O professor de finanças Rafael Paschoarelli Veiga, da Universidade de São Paulo e do Insper, recomenda que o investidor conheça bem a política de investimento do fundo de previdência.

- Colocar dinheiro num fundo significa confiar no gestor.

Para Márcio Simas, diretor da Icatu Vanguarda, que gere cerca de R$2,6 bilhões em 50 fundos de previdência, a diversificação é a principal forma de mitigar os riscos nos fundos que investem em ações:

- A gestão segue o mandato do fundo. A previdência privada é investimento de longo prazo.

Em linhas gerais, o professor Paschoarelli explica que a escolha depende do tempo. Se a pessoa pretende se aposentar em alguns anos, é melhor ser conservador, aplicando em renda fixa; se for mais jovem e for aplicar por muitos anos, as ações são uma boa opção. No entanto, Paschoarelli recomenda ao investidor estudar finanças pessoais, pois o investimento em previdência privada pode estar entre os maiores que se faz na vida.

No Bradesco, a ordem é não engessar os fundos, para permitir que os clientes migrem de um para outro, caso prefiram proteger-se das variações na Bolsa. De acordo com o presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio de Oliveira, a empresa tem percebido, desde o início do ano, uma migração para os fundos com aplicações em renda fixa.

- Uma das qualidades dos fundos de previdência é a flexibilidade - afirma Oliveira.

Já o Itaú Unibanco optou por integrar os fundos de previdência entre as demais opções de investimento para os clientes. Segundo o diretor executivo de Investimentos para Pessoa Física e Previdência do banco, Osvaldo do Nascimento, os fundos previdenciários são oferecidos de acordo com o perfil de cada investidor.

Para orientar os cotistas sobre as opções, a Anbima, em conjunto com a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), reformulou a classificação dos fundos de previdência em dezembro. A maioria dos executivos do setor aposta na reclassificação como um instrumento para informar melhor. Oliveira acha que as empresas também devem fomentar a educação financeira dos clientes.

- Estão chegando ao mercado de trabalho pessoas sem memória da inflação. É uma oportunidade para criar cultura de investimento de longo prazo - conclui Oliveira.

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