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Argentina obriga seguradoras a repatriar dólares

Fonte: Valor Econômico

O governo da Argentina tomou ontem mais uma medida para tentar repatriar recursos em dólares para o país e deter a fuga de capitais que se acelerou nas últimas semanas. Foi publicada no "Diário Oficial" uma resolução da Secretaria de Seguros Nacionales (SSN) que regulamenta o setor privado de seguros, obrigando todas as 181 seguradoras e resseguradoras argentinas a enviar para o país as carteiras de investimentos no exterior.

Segundo dados da SSN, as seguradoras administram investimentos de 55 bilhões de pesos argentinos, ou cerca de US$ 12,9 bilhões, como lastro para suas carteiras de segurados. Desse total, US$ 1,9 bilhão está no exterior, repartido em aplicações em fundos de investimento e títulos públicos de outros países. Esses valores deverão ser resgatados e transferidos para a Argentina até 31 de dezembro.

Anteontem, em um decreto assinado pela própria presidente Cristina Kirchner, o governo argentino determinou que as empresas exportadoras de óleo e gás e do setor mineral passassem a trazer para o país todos os recursos conseguidos com vendas ao exterior, extinguindo um benefício para esses setores que existia há oito anos. Em outra medida, essa de caráter simbólico, o governo desencadeou uma força-tarefa para reprimir o comércio não registrado de dólar em locais muito frequentados por turistas, como a rua Florida, no centro.

As ações para diminuir a pressão cambial não tiveram qualquer efeito ontem: o Banco Central argentino teve novamente que intervir no mercado de câmbio, injetando mais US$ 160 milhões. E isso em um dia em que a demanda argentina por dólar tinha tudo para desaquecer: em função do acordo para socorrer a Grécia, ontem foi um momento de euforia em mercados de capitais em todo o mundo e a procura pelo dólar caiu em quase todos os mercados.

O dólar na Argentina é usado como a principal âncora para conter a escalada inflacionária. Ao longo dos últimos 12 meses, registrou uma variação de apenas 7%, um percentual pelo menos três vezes inferior às estimativas que se fazem para a inflação anual no país. Apesar disso, continua sendo a opção preferencial dos argentinos para reserva de capital. Como o aumento de preços internos em dólar está reduzindo de maneira drástica a competitividade do país, cresce a percepção no mercado argentino de que o dólar tende a subir.

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