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BB se aproxima da meta de R$ 1 trilhão em ativos

Fonte; Brasil Econômico

Marca, hoje de R$ 904 bilhões, deve ser atingida até o início de 2012; banco descarta elevar capital no curto prazo, mas acredita que essas operações serão mais constantes no futuro

Ana Paula Ribeiro

Aldemir Bendine assumiu o comando do Banco do Brasil em abril de 2009, pouco após a instituição perder o posto de maior conglomerado financeiro da América Latina para o Itaú Unibanco. Em pouco mais de dois anos de gestão, o executivo reconquistou a liderança, deu os primeiros passos para acelerar a internacionalização do banco, finalizou a reestruturação da área de seguros e agora caminha para atingir a marca de R$ 1 trilhão de ativos, no máximo, até o início do ano que vem. Para chegar a essa marca, a instituição precisa crescer o equivalente a pouco mais que um Banco Safra, que em junho contabilizava R$ 84 bilhões em ativos. Na mesma data, o BB somava R$ 904,15 bilhões.

No início de 2009, eram de R$ 521,27 bilhões.

Para Bendine, a instituição tem o desafio de melhorar o atendimento na rede bancária e incluir nesse processo o público de menor renda, bem como lidar com um cenário em que capitalizações se tornarão uma necessidade mais constante para todos os bancos.

Quais os desafios enfrentados pelo Banco do Brasil nos últimos dois anos e as oportunidades que o senhor enxerga para a instituição daqui para frente?

Assumi o banco durante a crise de 2008 e 2009 em cenário bastante adverso. Tínhamos perdido a liderança do mercado em ativos após a fusão do Itaú e Unibanco.

Mas adotamos uma estratégia marcadamente anticíclica e hoje colhemos esses frutos. Tínhamos R$ 500 bilhões em ativos e agora queremos atingir a marca de R$ 1 trilhão, o que vai ser um grande feito. Isso é praticamente dobrar de tamanho em três anos. Tomamos medidas muito acertadas para atingir isso.

O processo de internacionalização, a reestruturação da área de seguros e o foco no atendimento, como melhor gestão e eficiência. A obsessão dessa administração é a excelência em atendimento.

O que mais vai contribuir para o banco chegar em R$ 1 trilhão em ativos?  É o crescimento do crédito, que ainda está forte, ou são as outras áreas, como seguros?

Será o crédito, apesar do fato de que não teremos em 2011 um crescimento como nos últimos anos. Esperamos alta de 18% neste ano, o que é um número expressivo, ainda mais com a base atual, já elevada. Mas não tenho dúvida que todas as estratégias recentes nossas, como uma atuação mais forte no mercado de capitais, contribuirão para o crescimento dos ativos.

O banco está ampliando a atuação nas classes C, D e E, que em geral adquire menos produtos. Lançou o cartão pré-pago e ganhou a disputa pelo Banco Postal. Ao mesmo tempo, possui um trabalho de excelência em atendimento, que em geral é relacionado à alta renda. Como conciliar isso?

Temos colocado na mentalidade dos nossos funcionários que a excelência no atendimento se dá desde o atendimento do cidadão da classe mais baixa até uma grande empresa. Conseguimos isso com ferramentas novas, em tecnologia, mas acima de tudo com melhoria de relacionamentos.

Um número interessante é que temos 55 milhões de clientes e mais de 30 milhões deles estão hoje nas classes C, D e E, que têm distanciamento no atendimento. Queremos que esse cliente passe a trabalhar mais com o banco.

Quando o senhor diz que há uma distância no atendimento dessas classes é uma questão de presença física, em que o Banco Postal passa a ser importante, ou também a forma de acessar esses clientes?

É principalmente uma questão de acesso a esse cliente. Ele ainda é muito tímido nessa relação.

O Banco Postal vai nos auxiliar muito para chegar aos nossos clientes de forma mais precisa.

Esse é um trabalho muito forte em dar cidadania e vai possibilitar maior oferta de produtos e serviços. O Banco Postal vai ser importante não pela base de clientes que tem, mas mais em estrutura de atendimento.

Isso não quer dizer que o BB não vá trabalhar para manter ao menos parte dessa base de clientes (11 milhões) do Postal?

Nossa intenção é que eles permaneçam sendo muito bem atendidos. Essa excelência no atendimento vai ajudar para que eles também migrem para a nossa base.

E em relação ao processo de internacionalização? Essa área já pode dar uma contribuição mais forte a partir do ano que vem ou o banco irá mais devagar por conta da crise internacional?

O processo de internacionalização não é de curto prazo.O banco já tem uma atuação destacada, como presença em 23 países, mas o que vislumbramos é mais de médio e longo prazo.

Queremos ter resultados mais fortes e em um determinado momento é bom que estejamos posicionados em outros mercados.

Em 2009, as operações internacionais contribuíram para 0,5% do resultado. Hoje, essa contribuição é da ordem de 3,5%. Queremos levar isso para 10% para que diversificar a composição do resultado.

O banco chegou a rever a parceria para entrar na África em parceria com o Banco Espírito Santo e o Bradesco? Essa intenção, anunciada em agosto do ano passado, continua de pé?

Estamos vivendo um momento com crise e o epicentro está na Europa. Sempre dissemos que a nossa base de entrada na África seria com um banco que já tivesse bem posicionado e operando.

Mas naturalmente para esse movimento temos que esperar até que o cenário esteja um pouco mais claro.

Em relação à rentabilidade, o Banco do Brasil vem mostrando números crescentes, tanto quanto se olha o resultando recorrente como o não recorrente (que inclui efeitos extraordinários).

O senhor acredita que dá para manter esse desempenho mesmo sendo um banco público, que também tem interesse em apoiar projetos sociais?

Acho que essa resposta já foi bem dada. Temos os projetos sociais e ao mesmo tempo mantivemos o índice de rentabilidade bom. Não estamos falando em investimento gratuito na área social. A bancarização, por exemplo, mostra que é possível conciliar as duas coisas. Essa equação está muito bem clara.

Quanto ao índice de rentabilidade, isso se dá pela conjuntura de mercado. Ainda assim estamos com resultado muito positivo.

Os bancos brasileiros estão avançando muito na eficiência e a nossa tecnologia bancária é uma das melhores do mundo.

Para esse cenário continuar positivo, quais são os desafios que o país precisa enfrentar?

O país hoje tem fundamentos bons. Há um boom de crescimento.

São grandes projetos de investimento, de infraestrutura que precisam ser feitos. Isso tem sido obsessão do governo federal. Estamos muito otimistas.

E tem a força da classe consumidora, que vem da capacidade do mercado interno.

Como o banco está se preparando para dar suporte a esses projetos de infraestrutura, uma vez que o BNDES já declarou que não será capaz de suportar tudo sozinho e, ao mesmo tempo, atender a classe consumidora?

Do ponto de vista da classe consumidora, até existe certo conforto nosso. Temos hoje mais oferta do que demanda. Do ponto de vista da infraestrutura, tem a política do BNDES e os bancos se preparam para buscar outras formas de funding. Vamos passar por um processo de mudança muito sério. Algumas medidas já estão em andamento, como as letras financeiras e as letras da carteira agrícola. Há uma séria de iniciativas que já estão em desenvolvimento.

E para isso o BB vai ter que fazer algum reforço de capital? A instituição já está estudando alternativas?

A curto prazo isso não está no nosso radar. Nossa Basileia (índice de alavancagem) é muito confortável e nos dá espaço para crescimento. Mas, para o futuro, o processo de crescimento de capital vai ser algo mais rotineiro e isso é algo que provavelmente não será só no Banco do Brasil. Mas agora todo mundo está com índice de capital muito confortável no país. Essa também é a razão por termos passado com extrema segurança pela crise, além de um sistema financeiro bem regulado.

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