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Se há lucro, que mal tem!?

O livro 1808, de Laurentino Gomes, que narra fatos detalhados do período em que a corte portuguesa se abrigou no Brasil, entre 1808 e 1821, fugindo das forças de Napoleão, cita, em seu capítulo dedicado à escravidão (página 97), um fato relacionado ao mercado de seguros da época. Segundo o livro,  o mercado de escravos, uma chaga na história brasileira e de toda a humanidade,  tinha um sério problema com o alto indice de mortalidade, que atingia mais de 55%, dos negros aprisionados e postos à venda. Para dirimir o risco, pasmem, os "proprietários" dos negros faziam o seguro de sua "carga" com seguradoras sediadas em Londres.

No dia 6 de setembro de 1761, o navio inglês Zong, de Liverpool, saiu da África, rumo à Jamaica com excesso de escravos à bordo. Em 29 de novembro, no meio do Atlântico, 60 negros já haviam morrido por doenças, no que o comandante decidiu jogar ao mar todos os escravos doentes e desnutridos. Ao longo de três dias, 133 negros foram atirados da amurada, vivos. Só um conseguiu escapar e subir de novo à bordo. O dono do navio, James Gregson,  pediu indenização à seguradora pela "carga" perdida. A empresa de seguros recorreu à Justiça alegando que por lei, se o negro morresse a bordo por maus-tratos, fome ou sede a responsabilidade seria do capitão do navio. Se caisse no mar o seguro cobriria. Nesse caso, a justiça decidiu que a seguradora estava isenta do pagamento da indenização.

Como vemos, de há muito tempo, que empresas que visam somente a oportunidade de auferir lucros com as situações, se submetem a participar de negócios vis e desumanos. Mas, embarquemos na cápsula do tempo. Chegando em 2011, notamos que a procura por negócios lucrativos, obviamente, continua. Hoje empresas se submetem à fazer o seguro de RCF (Responsabilidade Civil Facultativa) para proprietários de veículos das nocivas associações de "proteção veicular", mesmo essas associações indo de encontro ao mercado em que atuam, existem empresas de assistência 24h e oficinas que tentam agradar á "Deus e o diabo" trabalhando também para o mercado marginal de seguros. Tais empresas, como as do passado, são adeptas da expressão "se há lucro, que mal tem?".


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