HSBC vende 'private' no Japão para Credit Suisse

Fonte: Valor Econômico

O HSBC acertou a venda de sua unidade japonesa de gestão de fortunas ao Credit Suisse, dentro dos planos do banco londrino, maior da Europa em valor de mercado, de cortar ativos para reduzir despesas e preparar-se para exigências de capital mais rigorosas.

A venda da unidade, que detinha US$ 2,7 bilhões sob administração em 31 de outubro, deverá ser concluída no segundo trimestre de 2012, segundo comunicado do HSBC divulgado ontem. O preço não foi divulgado.

O executivo-chefe do banco, Stuart Gulliver, vem revertendo a expansão do HSBC dos últimos 20 anos, com a venda de operações e corte de empregos, uma vez que a crise das dívidas europeias afeta os lucros e os órgãos reguladores ampliam as exigências de capital.

Em julho, o banco acertou as vendas de quase metade de suas agências nos Estados Unidos para o First Niagara Financial Group , por cerca de US$ 1 bilhão, e de parte de sua unidade banco de varejo na Rússia.

"Claramente, esta não é uma venda emergencial", disse Sandy Mehta, executivo-chefe da Value Investment Principals, de Hong Kong. "É uma área de crescimento relativamente baixo. Se eles venderem por um valor razoável, isso é muito positivo para o HSBC."

O Credit Suisse busca expandir suas operações de gestão de fortunas na região da Ásia-Pacífico, onde o banco tinha 77,6 bilhões de francos suíços (o equivalente a US$ 83,6 bilhões) sob administração no fim de setembro. No total, a instituição administra 726,1 bilhões de francos de clientes de alta renda em todo o mundo.

O Credit havia iniciado as operações de "private banking" no Japão em 2009, com foco em pessoas físicas com patrimônio extremamente elevado. A unidade do HSBC será combinada com a divisão existente do banco suíço, o que elevará a rentabilidade e expandirá a cobertura de clientes, com a integração dos escritórios em Osaka e Nagoya, de acordo com o Credit Suisse.

"O private banking continua sendo um dos principais motores de crescimento e valor do Credit Suisse e a Ásia oferece tremendo potencial de gestão de fortunas", disse Marcel Kreis, chefe de private banking do Credit Suisse na Ásia-Pacífico, em comunicado. "Estamos comprometidos firmemente em melhorar nossa base regional de private banking e estamos comprometidos a dedicar os investimentos e recursos apropriados para assegurar o sucesso de longo prazo de nossas operações."

O volume total de recursos em mãos de pessoas de alto patrimônio no Japão aumentou quase 7% no ano fiscal de 2010 em relação aos 12 meses anteriores, para US$ 4,63 trilhões, de acordo com a Scorpion Partnership, que assessora instituições de gestão de fortunas.

O número de famílias milionárias no mundo subiu 12% em 2010, para cerca de 12,5 milhões, lideradas pelas dos EUA e, a seguir, Japão, segundo o "Global Wealth Report", segundo ranking divulgado em maio pelo Boston Consulting Group.

O HSBC busca compradores para suas operações de seguros, com exceção dos seguros de vida, e pode estudar a venda de unidades regionais separadamente, segundo três fontes a par do assunto disseram à "Bloomberg", em outubro. A venda poderia trazer ao banco entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão, afirmaram as fontes, que não quiseram ser identificadas porque o processo de venda é privado.

No primeiro semestre, o banco havia anunciado planos para cortar até US$ 3,5 bilhões em despesas nos próximos dois anos, em seus esforços para lidar com as novas exigências de capital e a inflação salarial nas economias de alto crescimento.