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RB obtém rating e parte para exterior

Fonte: Valor Econômico

Risco Com a nota, resseguradora pode partir para mercados como África, Peru e Uruguai

Por Marcelo Mota 
O novo ano já começou para o IRB-Brasil Re. Nos próximos seis meses, o líder do mercado ressegurador brasileiro viverá lances tão decisivos quanto os que levaram à quebra de seu monopólio, em 2007. Até o fim do primeiro semestre de 2012, espera concluir o processo que fará com que deixe de ser uma estatal e, simultaneamente, viverá sua primeira rodada na renegociação de contratos de seguro na Argentina, sua primeira investida de peso no exterior.

Mas o carimbo no passaporte, que permitirá uma internacionalização mais agressiva, chegou ontem, com a obtenção da primeira classificação de risco, pela agência A.M. Best, especializada no setor de seguros. A nota do IRB ficou em 'A-', o quarto grau mais alto na escala da agência, de 13 degraus. A nota está dentro da faixa considerada como "segura" pela agência e reflete "excelente capacidade para cumprir atuais obrigações de resseguro". "A gente acabou alcançando uma avaliação muito positiva", disse o presidente do IRB, Leonardo Paixão, que considerou a nota acima das expectativas. Com o rating, o IRB, que já está pondo os pés também na África, poderá entrar imediatamente em mercados como Uruguai e Peru, onde a classificação de risco é exigida.

Além de medir a capacidade de uma empresa de pagar sua dívida, a A.M. Best mede a capacidade da seguradora de pagar indenizações. A Munich Re, maior resseguradora do mundo e segunda maior no país, tem rating atribuído pela A.M. Best de 'A+', assim como suas subsidiárias, com perspectiva estável. São três degraus acima da nota do IRB. A Swiss Re tem nota 'A'.

Atualmente, apenas 10% da receita do ressegurador vem de fora do Brasil. Segundo Paixão, o IRB está sendo preparado para, em até cinco anos, ampliar a fatia para 50%. A expansão será tocada por uma gestão compartilhada com a iniciativa privada, mas é nessa direção que o IRB pode crescer. Desde 2008, saiu do monopólio para uma fatia de mercado entre 35% e 40%. "Mais que isso, seria até pretensioso, com esse número de resseguradores no país", afirmou o presidente do IRB. Segundo a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNseg), há 93 companhias em atuação no país; oito já são resseguradoras locais (trouxeram capital de fora) e mais quatro solicitam registro à Superintendência de Seguros Privados.

Para enfrentar a competição no país e fora dele, o IRB precisa definir sua situação societária. Neste fim de ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social obteve sinal verde para contratar o serviço de avaliação para a desestatização. A partir desse valor, será feito um aumento de capital. O Tesouro, que hoje detém 50% do capital total e todas as ações com direito a voto, abrirá mão de parte de seu direito de subscrição para dar lugar a sócios privados. Primeiro, todo o capital será convertido em ações ordinárias. Os atuais sócios privados do IRB, Bradesco, que detém 22%, e Itaú Unibanco, com 17% - os 11% restantes são detidos por quase 70 seguradoras - são vistos no mercado como os potenciais interessados em assumir a brecha aberta pelo governo. Dentro da modelagem também se definirá ainda se parte ou todo o capital detido hoje pelo Estado será passado ao Banco do Brasil, mas o Tesouro preservará ao menos uma 'golden share', que dá direito de veto em questões cruciais. 

(Colaborou Thais Folego, de São Paulo)

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