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Classe executiva se prepara para embarcar em voos espaciais

Fonte: Economia IG

Centenas de pessoas de todo o mundo já compraram passagem e reservaram seus lugares nas primeiras viagens ao espaço sideral

Kenneth Chang, The New York Times

Os primeiros voos das novas companhias aéreas que levarão turistas além da fronteira espacial estão programados para decolar em 2012, e reservar assento num deles não é diferente de marcar viagem para algum lugar da Terra. Pode-se entrar no site, por exemplo, da Virgin Galactic, a mais famosa companhia de turismo espacial, ou ir a uma agência de viagem e deixar uma gorda entrada. Em breve será possível comprar seguro de viagem, como se faz em qualquer tipo de viagem de férias.

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Até agora, o turismo espacial estava limitado aos super-ricos. Apenas sete pessoas pagaram dezenas de milhões de dólares por uma viagem à Estação Espacial Internacional a bordo de um foguete russo. Porém, isso pode mudar neste ano, quando a Virgin Galactic pretende começar a oferecer voos pouco além da barreira espacial numa nave-foguete que construiu, oferecendo cinco minutos de ausência de peso durante um passeio de duas horas e meia. Por US$ 200 mil o lugar, ele abrirá a fronteira final para muito mais gente.

"Felizmente, por volta do próximo Natal, eu, minha filha e meu filho seremos as primeiras pessoas a ir ao espaço", disse Richard Branson, o proprietário da Virgin Galactic, numa entrevista filmada em novembro (com um toque de sua grandiosidade habitual).

Pelo menos mais duas companhias aéreas especializadas derem o mesmo passo, aceitando reservas (e entradas) para as futuras viagens espaciais.

A grande seguradora Allianz, vai lançar um seguro em 2012, emprestando ao turismo espacial a pompa da indústria do turismo comum."O simples fato de poder vender a viagem espacial como uma parte regular do seu negócio é uma coisa legal ou não é?", perguntou Lynda Turley Garrett, presidente da Alpine Travel, de Saratoga, Califórnia, uma das 58 agências espaciais credenciadas pela Virgin Galactic nos Estados Unidos.

Em cinco anos, ela vendeu três lugares, incluindo o de Culver. Contudo, ela espera que isso mude assim que os passageiros comecem a subir e descer para contar aos amigos.Em 2017, "será como marcar um voo para Los Angeles", previu Garrett. Culver, que trabalhou como controladora de missão da NASA e agora dá palestras motivacionais, sempre quis ir para o espaço; sem sucesso, ela se candidatou quatro vezes para virar astronauta da agência espacial americana.

Para marcar o voo espacial, ela quis uma conversa cara a cara, então procurou a lista de agências espaciais da Virgin e ficou feliz de encontrar uma perto de sua casa em San Jose, Califórnia. Ela e Garrett ficaram batendo papo um tempo e depois saíram para almoçar e continuar a conversa.

Logo depois, Culver pagou a entrada de US$ 20 mil, tornando-se uma das 475 pessoas que reservaram uma poltrona no voo da Virgin Galactic. A maioria delas já pagou o valor integral da passagem para subir além dos cem quilômetros de altitude, considerado o limite para entrar no espaço sideral. (Quem pagar o valor integral terá direito aos primeiros lugares.)

Esses voos não irão orbitar a Terra. Mais exatamente, serão excursões de sobe e desce "suborbitais", parecidos com um passeio numa montanha-russa gigante, oferecendo cinco minutos de ausência de peso no ápice do voo. A viagem não é para os fracos do estômago; a NASA costumava treinar os astronautas numa aeronave de mergulho rápido que oferecia intervalos de ausência de peso e era apelidada de Cometa Vômito _ aparentemente por um bom motivo.

Para os clientes da Virgin, o passeio ao espaço será o ponto culminante de uma viagem de três dias ao recém-construído Espaçoporto América em Las Cruces, Novo México. Parte do tempo será gasto com treinamento e preparativos. A diversão também vai acontecer no chão. "Como é típico da Virgin, haverá festas rolando", disse Garrett.

No terceiro dia, um avião de transporte, com o foguete SpaceShipTwo preso embaixo, irá alçar voo da pista de decolagem e voar a 15.240 metros, quando a nave foguete será lançada.Nessa hora, a força de aceleração irá pressionar os passageiros para o fundo das poltronas _ alguém quem pese 77 quilos sentirá ter meia tonelada. Depois o rugido do motor vai se transformar em silêncio, o céu azul ficará preto e o peso irá sumir.

"Você poderá soltar o cinto de segurança, se mover pela cabine, dar cambalhotas, tirar uma foto com a curvatura da Terra no fundo", afirmou Garrett.Depois disso, os passageiros voltarão a prender os cintos de segurança antes de o SpaceShipTwo reentrar na atmosfera, exercendo forças esmagadoras por mais alguns minutos. Assim que a velocidade reduzir, ele irá planar até a pista de pouso.Para Culver, o voo da Virgin realizará um sonho, ainda que caro. "Na Califórnia, seria o mesmo que comprar uma casa."

Sonhos de astronauta estariam ao alcance de mais pessoas se os preços caíssem. Além de Branson, os empreendedores ricos que lançaram empreendimentos espaciais incluem Elon Musk, da SpaceX, e mais recentemente Jeffrey P. Bezos (fundador da Amazon.com) e Paul G. Allen (um dos fundadores da Microsoft). As novas empresas estão mais concentradas em colocar satélites em órbita e ganhar contratos da NASA, mas indicaram que viagens de passageiros podem vir a fazer parte do plano.

A Virgin Galactic não é a única com clientes pagantes. A XCOR Aerospace, de Mojave, Califórnia, tem mais de cem reservas para uma poltrona, a um valor de US$ 95 mil, em seu pequeno avião espacial, que terá apenas dois lugares _ um para o piloto e outro para o passageiro. A XCOR começará a voar em 2013.

E a Space Adventures Ltd., de Vienna, Virgínia, que por enquanto vem aceitando reservas a US$ 110 mil o assento, já conseguiu mais de 200 pessoas. Sua sócia, Armadillo Aerospace, de Heath, Texas, pretende construir uma espaçonave automatizada - sem piloto - que pode levar duas pessoas por vez.

Um freguês da One Space Adventures que pagou a entrada há mais de uma década é Madsen Pirie, pesquisador britânico que fundou o Instituto Adam Smith, "think tank" dedicado à política do livre-mercado. "Fui a primeira pessoa da Grã-Bretanha a fazer a reserva."

Ele está decepcionado com o fato de a espera ter se alongado tanto - a Space Adventures ainda não definiu a data de seus voos suborbitais -, mas não se arrepende. "Tem sido uma história de esperanças adiadas. Sentirei um prazer imenso quando chegar minha vez."

Num sinal de que as coisas estão ganhando velocidade, a Allianz, que tem um negócio de seguro de viagens de US$ 1 bilhão por ano, anunciou recentemente que ofereceria seguros aos clientes da Virgin Galactic, para cobrir uma série de possíveis problemas, como cancelamentos de última hora e cobertura de problemas de saúde, antes ou depois da viagem.

Quando a questão de oferecer seguro para viagem espacial veio à baila há três ou quatro anos, "falamos que, naquele momento, era uma piada", lembra-se Erick Morazin, diretor de contas globais da Allianz Global Assistance."Atualmente, Virgin Galactic, XCOR e Space Adventures devolvem praticamente todo o valor da entrada se alguém quiser cancelar, mas Morazin disse esperar que suas políticas se tornassem menos indulgentes no futuro. "Estaremos preparados para este marco."

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