Seguro pós-pago de Auto é alternativa para preços mais justos?

Fonte: CQCS | Pedro Duarte

Na Europa e Estados Unidos há seguradoras que utilizam o sistema Pay as You Drive (Pague quanto Você Usa, em tradução livre) como modalidade do Seguro de Automóvel. Na prática, o segurado contrata o produto e faz um depósito inicial. Depois, por meio de análise de risco baseada em informações obtidas com dispositivos de localização (GPS), a companhia estipula a diferença, para mais ou para menos.

Segundo o advogado especializado em seguros, Antonio Penteado Mendonça, a ideia só funcionaria no Brasil para nichos específicos, como frotas e locadoras de veículos, tendo em vista o nível de controle exigido.

“O consumidor precisaria se enquadrar em condições que incluem pouca utilização do veículo, além de transitar em lugares que oferecem baixo nível de risco”, explica Penteado Mendonça. “É o perfil levado ao grau mais elevado de sofisticação”, completa.

Em concordância com o especialista, o administrador de empresas Fabio Fisher, que acumula cerca de 30 anos de experiência em companhias como Allianz, Finasa (atual Bradesco Seguros), Minas Brasil (atual Zurich Seguros) e Mapfre, avalia que o método praticado em mercados maduros consegue uma precificação mais justa porque está ancorada numa análise muito mais precisa e depurada do que a obtida com o uso do perfil do consumidor.

Mas Fisher aponta que há barreiras operacionais e culturais. “O brasileiro pode interpretar o Pay as You Drive como perda de privacidade, sobretudo porque o grau de confiança nas seguradoras ainda é pequeno , ao contrário dos Estados Unidos, onde se exige cobertura para tudo e é impossível abrir uma loja, por exemplo, sem Seguro de Incêndio ou de Responsabilidade Civil”.

Para completar, Fisher lembra que o seguro pós-pago de Auto só seria bem sucedido no Brasil “com um clausulado muito bem ajustado, sem margens para questionamentos, para não trazer problemas para seguradoras e segurados”.