Breaking News

SulAmérica reforça ainda mais seu caixa bilionário

Fonte: Valor Econômico

Parte dos R$ 500 milhões captados com debêntures pagará dívida que vence em fevereiro

Felipe Marques e Thais Folego

A emissão de R$ 500 milhões em debêntures anunciada esta semana pela SulAmérica deixou um ponto de interrogação no mercado segurador brasileiro: o que será feito com o dinheiro captado? Uma parte será usada para saldar uma dívida da companhia e a outra deve reforçar o já considerável caixa de R$ 1,2 bilhão para uma possível aquisição em 2012, segundo acreditam analistas.

De acordo com o fato relevante divulgado na quarta-feira à noite, os R$ 500 milhões captados são para suprir necessidades de caixa decorrentes da expansão das operações da companhia e para reconstituir o caixa após a liquidação de dívida financeira. Agora em fevereiro vencem R$ 336 milhões em notas seniores emitidas em 2007. O mistério é o que será feito com os outros R$ 164 milhões que vão para o já recheado caixa.

É um movimento que chama a atenção, a empresa não precisa de dinheiro e toma, disse um analista que preferiu não ser identificado, lembrando o já significativo valor que a seguradora tem em caixa. Segundo o balanço do terceiro trimestre, a companhia tinha R$ 1,180 bilhão de ativo circulante disponível. O valor ainda é herança da abertura de capital em bolsa da empresa, realizada em 2007. Procurada, a SulAmérica informou estar em período de silêncio por causa da emissão.

A principal especulação entre executivos do mercado de seguros e analistas do setor é que o dinheiro será aplicado em alguma aquisição, ainda neste ano. Em ocasiões passadas, quando questionado sobre o uso do caixa da companhia, Thomaz Menezes, presidente da seguradora, mencionava aquisições.

Na prática, porém, desde que abriu o capital, a SulAmérica fez apenas duas compras e de pequeno valor. Com o término da parceria com o Banco do Brasil, comprou a participação do banco na Brasilsaúde por R$ 28,4 milhões em maio de 2010. Mas abriu mão de 60% da Brasilveículos, que ficou com o BB por R$ 359 milhões. A segunda aquisição foi fechada em abril do ano passado, da operadora de planos odontológicos Dental Plan, por R$ 28,5 milhões.

Outra possibilidade aventada é que o reforço de caixa esteja ligado aos efeitos da queda da taxa básica de juro (Selic) e à possibilidade de a Superintendência de Seguros Privados (Susep) alterar as exigências de capital das seguradoras no Brasil, movimento que ocorre na Europa, com as regras de Solvência II. Nos últimos anos, a Susep já alterou o requerimento de capital das seguradoras para incluir os riscos de subscrição e de crédito. Falta, ainda, a inclusão dos riscos de mercado e operacional.

Com a queda da Selic, as seguradoras vão enfrentar perdas no resultado financeiro, que costuma ter um peso considerável no lucro das seguradoras. Executivos do mercado estimam que mais de 70% das seguradoras dependam mais do resultado financeiro do que do operacional.

No caso da SulAmérica, a margem bruta (que é o resultado operacional de seguros, mas sem contar as despesas administrativas) foi de R$ 271,8 milhões no terceiro trimestre. No mesmo período, o resultado financeiro foi de R$ 172,7 milhões. O lucro líquido foi de R$ 98 milhões.

A seguradora fez importantes investimentos em pessoas e estrutura no ano passado, o que demandou recursos. Em entrevista ao Valor em dezembro, Menezes contou que foram abertos sete novos Centros Automotivo de Super Atendimento (Casa). Mudanças foram feitas na diretoria. Mas nada que absorva cifras bilionárias.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario