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Petrolíferas tomam US$ 33 bi de seguradoras

Fonte; Brasil Econômico

Apólices dos 100 maiores danos desde 1972 e maior complexidade de exploração resultam em alta de preços

Flávia Furlan

O mercado segurador mundial pagou US$ 33 bilhões em indenizações por conta de acidentes nos setores de óleo e gás em cerca de 40 anos, levando-se em conta apenas as chamadas apólices de propriedade, que cobrem os danos causados por incêndio, clima e outros eventos. É o que mostra um levantamento exclusivo ao BRASIL ECONÔMICO feito pela Marsh, empresa de corretagem de seguros e gerenciamento de risco. As perdas contabilizadas correspondem aos 100 maiores desastres nas atividades de petroquímicas, plataformas, refinarias, processamento de gás e de distribuição entre 1972 e 2011, descontando a inflação do período.

O Brasil aparece na lista com dois incidentes que causaram perdas de US$ 1,4 bilhão, o que representa 4,2% do total despendido em indenizações pelo mercado segurador com o setor de petróleo e gás desde 1972. Os acidentes foram em plataformas da Bacia de Campos, situada no Rio de Janeiro e operada pela Petrobras.

Um deles foi em 2001, causou prejuízo de US$ 770 milhões e é o sexto da lista dos maiores desastres no setor. O outro, em 1988, gerou indenizações de US$ 690 milhões e está na oitava posição. O histórico é de poucos acidentes no Brasil, mesmo porque até o início da exploração da camada pré-sal, as operações ficavam concentradas em águas rasas , explica Eduardo Takahashi, diretor do segmento de gerenciamento de risco da Marsh Brasil.

Paulo Niemeyer Neto, líder da divisão de óleo e gás da Aon no Brasil, completa que os acidentes no país são poucos porque grande parte das operações está concentrada na Petrobras, que tem experiência grande e conhece as bacias exploradas.

Além disso, lá fora, as bacias têm outras peculiaridades, como a alta pressão na do Golfo do México, e existem as catástrofes naturais no exterior .

Ele diz que uma apólice para exploração em águas profundas pode chegar a ser de 50% a quase 70% mais cara do que uma contratada para exploração em águas rasas. Um poço de présal tem complexidade maior, mais pressão, e está mais longe da costa, o que eleva o custo logístico , explica.

A atividade das plataformas tem sido a com maior crescimento nas perdas para o mercado segurador. Os prejuízos, que estavam em torno de US$ 1 bilhão entre 1992 e 1996, passaram a cerca de US$ 2,5 bilhões entre os anos de 2007 e 2011, revela o estudo ou seja, mais que dobraram em prazo de cinco anos. É nesta categoria, inclusive, que está o maior acidente em termos de prejuízo para as seguradoras no setor de petróleo e gás, que aconteceu no Mar do Norte, no Reino Unido, em 1988, com perda de US$ 1,8 bilhão.

De acordo com Jim Pierce, líder Global da prática de energia da Marsh, a atividade de plataformas tem registrado crescimento das perdas em parte pelo aumento no tamanho das instalações e pelo fato de elas serem cada vez mais projetadas para operar em águas profundas e em condições ambientais mais severas. Os elevados preços mundiais do petróleo estão impulsionando a indústria em ambientes cada vez mais desafiadores, incluindo perfurações mais profundas e em climas mais frios, em busca de novas reservas de hidrocarbonetos , diz.

Em 1972, primeiro ano do estudo, o barril da commodity era comercializado em Chicago a US$ 10,25, sendo que no ano passado fechou cotado a US$ 96,39. Nesses quase 40 anos, aconteceram dois choques do petróleo, em 1973 e em 1979, e uma crise econômica mundial, a de 2008, quando a cotação do óleo chegou ao valor histórico de US$ 103,08.

O mercado segurador tem sido afetado por este cenário de aumento da tomada de risco por parte das empresas nas explorações.

Enquanto muitos segurados têm procurado comprar limites maiores de proteção para refletir o que percebem ser uma maior exposição, o nível de informação e detalhes exigidos pelas seguradoras têm aumentado à medida que analisam mais de perto as perfurações em águas profundas.

Muitas empresas envolvidas na exploração e produção em águas profundas têm confiado cada vez mais na força de seus próprios balanços para garantir as exposições relacionadas , pondera Pierce.

Aquelas que recorrem ao mercado segurador, no entanto, encontram preços mais elevados, o que acontece inclusive por conta dos acidentes do setor.

O registrado no Golfo do México, em 2010, que gerou perdas para o mercado de US$ 590 milhões, encareceu os contratos.

Não há dúvidas de que os seguros em operações de perfuração em águas profundas tornaram- se mais caros após o incidente , diz Pierce, sem citar o quanto o valor aumentou. Mas há limite de transferência de uma perda catastrófica ao mercado segurador.

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