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Porto e SulAmérica têm recuperação no 4º trimestre

Fonte; Valor Econômico

Balanço Guerra de preços e inflação de custos de seguro de carro impactam resultados em 2011

Thais Folego e Felipe Marques

Após um 2011 ruim para as companhias que atuam com seguros de automóveis, a maior carteira do mercado segurador, 2012 promete ser um ano de recuperação de resultados operacionais, uma vez que as seguradoras também terão que compensar a perda do resultado financeiro com a queda da taxa básica de juros (Selic).

Guerra de preços e inflação de peças de carros e de serviços mecânicos impactaram os resultados de 2011 de duas das maiores seguradoras do ramo de automóveis, Porto Seguro e SulAmérica, que divulgaram os resultados do quarto trimestre ontem. Isso pode ser visto no aumento do índice de sinistralidade (relação entre o total de indenizações pagas e o faturamento). Mas os números dos três últimos meses do ano já mostram recuperação.

Continuamos confiantes na melhoria da formação de preços do seguro de automóveis, com preços de renovação mais altos, o que deve levar ao crescimento de 10% a 11% das receitas, dizem os analistas do Barclays em relatório.

O lucro líquido da Porto Seguro, líder do ramo, cresceu 7% no quarto trimestre, para R$ 192 milhões, mas caiu 7% no ano, para R$ 580 milhões. Na SulAmérica, o lucro líquido recorrente foi de R$ 218,2 milhões (avanço de 37,8%) no quarto trimestre e de R$ 448,1 milhões no ano passado (avanço de apenas 5%).

Entre o terceiro e o quarto trimestres de 2011, ambas seguradoras tiveram queda da taxa de sinistralidade em automóveis. Na Porto, o índice caiu de 61,2%, no terceiro trimestre, para 60,7% no quarto. Na SulAmérica o recuo foi de 68,1% para 61,9%. A melhora da sinistralidade já reflete um aumento do preço do seguro, diz Iago Whately, analista do Banco Fator.

Vendo a pressão sobre as margens, a Porto começou a reajustar os preços para cima em junho, diz Samy Hazan, superintendente de relações de investidores e planejamento corporativo da Porto Seguro. A competição mais acirrada tornou a definição de preços mais difícil, forçando o ticket médio da indústria de automóveis para baixo no ano passado.

Já a pressão inflacionária do serviços de oficinas mecânicas e peças vista em 2011 não deve se repetir neste ano, uma vez que os preços já foram reajustados com os fornecedores. Segundo Hazan, três fatores mostram que os resultados de 2012 devem ser melhores: o caráter cíclico do setor, maior ênfase no resultado operacional para compensar queda do ganho financeiro e menor pressão inflacionária de custos.

No caso da SulAmérica, pesou também a maior sinistralidade da carteira de saúde, que responde por 66,2% do seu faturamento. Segundo Gabriel Portella, vice-presidente responsável pela carteira de saúde, o aumento da frequência de utilização junto com a encarecimento de produtos e serviços médicos fez a sinistralidade subir de 77,2% para 80% entre 2010 e 2011.

O maior desafio desse ano, porém, deve ser justamente a perda do resultado financeiro das companhias com a queda da taxa básica de juros. A queda da Selic vai criar uma maior pressão por bom resultado operacional, diz Thomaz Cabral de Menezes, presidente da SulAmérica. O ano de 2012 não será para sacrificar resultados em função do crescimento. Tanto Porto quanto SulAmérica tiveram resultados financeiros expressivos em 2011. Na SulAmérica o ganho financeiro cresceu 29%, para R$ 658 milhões. Na Porto, cresceu 22,6%, para R$ 870,3 milhões.

O grupo BB Mapfre, que divulgou ontem o primeiro resultado consolidado das operações após a parceria, mostrou consistência em um ano de integração e num ambiente mais competitivo. A companhia registrou um lucro líquido de R$ 813,9 milhões em 2011. Carlos Alberto Landim, diretor geral de planejamento e controladoria do BB Mapfre, disse que em exercício feito internamente o lucro teria ficado estável. Landim evitou fazer comparação com os resultados individuais das seguradoras que formam o atual grupo segurador.

A carteira de automóveis responde por 37,1% da receitas do BB Mapfre, que foram de R$ 9,6 bilhões em prêmios de seguros. Segundo fontes do mercado, a seguradora não entrou na briga por preços em 2011. Isso fica claro quando comparado o ritmo de crescimento do número de veículos segurados com o avanço da receita do segmento. Se o faturamento crescer mais devagar que o número de apólices, isso tende a mostrar queda nos preços. No grupo BB Mapfre, essa relação ficou estável. Na Porto, enquanto a receita com seguros de auto cresceu 5,7% em 2011, a frota segurada cresceu 9%. Na SulAmérica, o faturamento avançou 7,3% e a frota, 8,2%.

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