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Um terço dos jovens poupa para o futuro

Fonte: O Globo

Segundo pesquisa, há quatro anos percentual era de 20%. Maior fonte de informação é a família e os amigos pela internet

SÃO PAULO. Uma mudança ainda sutil, mas importante, está ocorrendo no comportamento dos jovens em sua relação com o dinheiro. Pesquisa da consultoria Quorum Brasil mostrou que 31% dos rapazes e 38% das moças, com idades entre 15 e 17 anos, já pensam em guardar dinheiro para o futuro. No levantamento anterior, feito pela consultoria há quatro anos, esse índice não passava de 20%. A principal fonte de informação sobre como poupar ainda é a família, mas a internet avança e já aparece na segunda posição, mostrou o levantamento. E é a web que está levando estes jovens a conhecer universos mais complexos de investimento, como a previdência privada e a Bolsa.

- Um terço dos jovens entrevistados disse que pensa em guardar dinheiro e 57% dos rapazes e 68% das moças responderam que estão pensando no futuro. É uma mudança de comportamento importante, já que na pesquisa anterior cerca de 20% pensavam em guardar dinheiro. São os reflexos de quase 20 anos de estabilização da economia, com a possibilidade de se fazer planos de longo prazo, que começam a chegar às novas gerações - diz o coordenador da pesquisa, Claudio Silveira.

A pesquisa Os Jovens e o Dinheiro ouviu 150 adolescentes, de famílias com renda acima de R$ 10 mil. As respostas foram colhidas em São Paulo, mas são representativas de jovens de outras capitais, como Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, inseridos no mesmo universo. Na amostra pesquisada, havia 50% de homens e 50% de mulheres.

O levantamento também está quebrando alguns mitos em relação à nova geração de mulheres. A ideia de que gastam mais do que os homens, por exemplo, já não é uma verdade absoluta.

- Entre as moças, 75% disseram conversar com os pais sobre como economizar. Dessas, 31% possuem aplicações na caderneta de poupança (93%) e na previdência privada (7%). É quase a mesma proporção que os rapazes. Ou seja, a premissa de que as mulheres gastam mais do que os homens começa a cair nas novas gerações. A pesquisa sinaliza que as mulheres do futuro estarão mais atentas que os homens em relação ao controle de despesas e investimentos - diz Silveira.

A estudante do 1º ano do ensino médio Júlia de Oliveira Souza, de 15 anos, de São Paulo, está nesta turma. Ela afirma que já tem uma caderneta de poupança direcionada para o pagamento da faculdade de Publicidade, que pretende cursar. Por enquanto, a caderneta é engordada por recursos depositados pelos pais, mas, quando começar a trabalhar, ela mesma pretende depositar para custear seus estudos.

- Aprendi a não comprar por impulso e sempre pesquisar preços em lojas diferentes. É importante fazer planejamento financeiro para prazos mais longos - diz a jovem.

De acordo com o educador financeiro Reinaldo Domingos, há fortes evidências de que famílias que não discutem educação financeira em casa não planejam para a aposentadoria, pagam juros mais altos e têm menos bens. Na crise global de 2008, diz ele, ficou demonstrado que o nível mais baixo de educação financeira levou as pessoas a ficarem mais inadimplentes. Portanto, o fato de que mais de 70% dos entrevistados discutem o assunto com os pais é bastante positivo, revela a pesquisa.

Mas a pesquisa mostrou que o investimento preferido dos pais ainda é a poupança. E é essa aplicação a mais citada também pelos jovens como forma de guardar dinheiro. A internet está mostrando o leque de novas opções de investimento a esse público jovem, como o mercado de ações e a previdência privada, que podem oferecer um retorno mais generoso no longo prazo.

- A poupança continua sendo a aplicação mais popular para quem deposita pequenas quantias, mas hoje já existem outras opções que oferecem melhor retorno no longo prazo, como os títulos do Tesouro Direto ou a Bolsa de Valores, para quem topa correr um pouco de risco - analisa o consultor financeiro Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional do Executivos de Finanças (Anefac).

Educação financeira é importante em escolas

Outro dado que chamou atenção na pesquisa da Quorum é que apenas 14% dos entrevistados citaram a escola ou os professores como fonte de informação sobre questões financeiras.

- Isso é preocupante, já que a escola poderia tratar desse assunto de maneira mais didática, diferentemente da internet, por exemplo, onde as discussões sobre planejamento financeiro acabam acontecendo nas redes sociais, com amigos - analisa o coordenador da pesquisa.

No Brasil a educação financeira não é obrigatória nas escolas públicas ou privadas. Tramita no Senado um projeto nesse sentido. Mas em pelo menos 150 escolas privadas e dez públicas do país existe um programa que leva esse tema a alunos de 3 a 17 anos. É um método que foge das fórmulas matemáticas complexas e visa uma mudança de comportamento para evitar compras por impulso ou como não se tornar inadimplente.

O estudante Arthur Bianchi, de 16 anos, do Colégio Guttenberg, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, tem aulas de educação financeira há dois anos. Aprendeu a colocar suas despesas no papel, a fazer orçamentos e a planejar gastos no longo prazo.

- Aprendi a importância de planejar a longo prazo. Tenho uma poupança para a faculdade e um seguro que pretendo usar como um espécie de previdência privada. Por enquanto, minha mãe faz os depósitos, mas no futuro eu mesmo vou cuidar desses investimentos - diz o estudante.

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