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BA: Preferência dos ladrões por Gol, Uno e Palio torna custo da apólice até 15% maior

Fonte: Correio 24h

Os carros populares são os preferidos da população brasileira, e também dos ladrões. Isso representa um risco para as seguradoras de automóveis que, para compensar a alta incidência de roubos, aumentam o valor do seguro para os mais visados

Éden teve seu carro roubado em Salvador

Priscila Chammas

O comerciante Éden Soidan tinha um Gol. O supervisor gráfico Raniere Borja também tinha. O verbo no passado serve para os 10.705 donos de Gol do país que tiveram seus veículos roubados ou furtados entre janeiro e março deste ano. E até para quem não virou estatística, o número tem uma consequência direta: o preço do seguro.

Nem todo mundo sabe, mas os modelos com maior índice de roubo são considerados de maior risco para as seguradoras e, por isso, o valor do seguro acaba ficando mais caro. "Existe um aumento de 10% a 15% por conta desses modelos serem mais visados, embora existam outras variáveis que influenciam no preço", conta o corretor Carlos Renato Pontes Dias.

No caso do Gol, por exemplo, uma simulação solicitada pelo CORREIO à seguradora Porto Seguro mostra que o seguro de um veículo novo para um homem na faixa dos 30 anos, morador da Pituba (uma das áreas campeãs de roubo) ficaria em R$ 1.754,20, bem mais que os 1.380,67 de um Palio, apesar de ambos custarem a mesma faixa de preço (veja tabela na página seguinte). Na simulação, foi considerado o Gol Geração 5 e o Novo Palio, versões mais recentes dos dois veículos.

Os donos de Palio, no entanto, também não podem respirar aliviados. O modelo ocupa a terceira posição no ranking, elaborado pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), divulgado na semana passada. Foram 3.957 casos de Palios roubados no primeiro trimestre deste ano. Antes dele, outro veículo da Fiat: o Uno, com 5.042 casos registrados.

O Corsa (2.807) e o Celta (2.138) completam a lista dos cinco mais visados pelos ladrões. Os dados foram colhidos com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).



Trauma
No caso do comerciante Éden, do início do texto, a situação foi traumática. "Eu estava chegando em casa depois do trabalho, aí vieram três homens em outro Gol, encostaram no meu e apontaram uma arma para a minha cabeça", conta ele, que ainda tentou negociar para que os ladrões deixassem seus documentos. "Não adiantou, eles levaram o carro, a carteira e ainda ameaçaram me matar".

Agora, com o dinheiro do seguro, Éden pretende dar entrada em outro carro. "Outro Gol não, de jeito nenhum", enfatiza ele que, enquanto não resolve sua situação, utiliza o Fiat Uno do filho, vice-campeão na preferência dos ladrões.

No caso do supervisor gráfico Raniere, não houve violência física, mas nem por isso a experiência foi isenta de traumas. Trauma e um prejuízo incontável. Ele lembra que estava sem seguro há dois meses e tinha acabado de pagar o IPVA e três multas de trânsito, quando saiu para trabalhar e não encontrou seu carro onde tinha estacionado, no Parque Júlio César, na Pituba.

"Na noite anterior, eu tinha chegado tarde do trabalho e não achei vaga perto do prédio. Aí parei mais afastado", conta. Depois da experiência, Raniere conseguiu comprar um carro novo: um Ford Focus. "Gol é visado mesmo, não quero mais nem de graça", diz, categórico.

Explicação
O maior pecado do popular da Volkswagem é justamente sua popularidade. O delegado Nílton Borba, da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Automóveis, cita vários fatores relacionados a isso. "Como tem muitos na rua, são carros que passam mais despercebidos. Além disso há uma procura maior por peças. É mais fácil vender no câmbio negro". Ele também diz que, como a quantidade de exemplares dos populares nas ruas é maior, eles acabam sendo mais roubados também. "É mais uma questão de oportunidade do que de modelo", opina.

Se os roubos de populares acontecem por preferência ou não, é bom lembrar que o modelo do veículo é apenas um dos itens do perfil montado pelas seguradoras para determinar o valor do seguro. O corretor Carlos Renato lembra que a idade também é determinante. "Se o cara é mais jovem, a seguradora entende que ele pode ser um playboy e vai curtir com o carro. Mas se for mais velho, provavelmente tem mais responsabilidade. Você pode ver as estatísticas. Esses últimos acidentes na Paralela foram todos com jovens", lembra.

O diretor de automóveis da Porto Seguro, Marcelo Sebastião, lembra que a área onde a pessoa reside também tem um peso importante. "Se há algum dado alarmante sobre índice de roubos na região, isso também encarece o seguro", explica.

Além disso, detalhes como se a pessoa tem garagem em casa e no trabalho, e se o veículo possui alarme ou outro dispositivo antifurto, também influenciam no valor do orçamento.

Só 28% dos carros estão segurados
Sabe aquela história de só tirar o carro da concessionária depois do seguro feito? Menos de um terço dos brasileiros pensa assim. Dados da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) mostram que, dos 48 milhões de carros do país, só 13,5 milhões, ou 28% deles estão no seguro.

O diretor de automóveis da Porto Seguro, Marcelo Sebastião, tenta explicar o caso a partir da ascensão dos consumidores da classe C. "Quando vão comprar carro, essas pessoas se preocupam mais com as parcelas do financiamento, e não sobra dinheiro para o seguro". Segundo ele, a maioria dos clientes da seguradora é das classes A e B.

"Mas já tem um pouco da C". Recentemente, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE, revelou que o aumento médio do preço de seguro de carro no Brasil foi de 4,07% entre maio de 2011 e abril de 2012. A Região Metropolitana de São Paulo foi onde houve o maior reajuste, com um índice de 9,98%. Já em Goiânia, houve queda de 14%.

Na Região Metropolitana de Salvador, o reajuste médio ficou em 1,98%. Segundo a CNseg, aumento na incidência de roubos na região e reajustes nos preços dos reparos são os principais fatores considerados pelas seguradoras na hora de reajustar os valores.

Os mais roubados
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