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Seguradoras enfrentam vários testes

Fonte: Valor Econômico

Denise Bueno

Não bastasse a acirrada concorrência com a entrada de novos players, as companhias de seguros precisam driblar este ano a queda acentuada da taxa básica de juros, bem como os efeitos das mudanças de regras editadas pelo órgão regulador, o aumento do índice de indenizações pagas pela maior ocorrência de acidentes e roubos, o incremento da fraude, situação típica de momentos de crise, além de fazer piruetas para atrair e reter talentos diante da falta de profissionais especializados.

Realmente temos muitos desafios para ser administrados concomitantemente, diz Acácio Queiroz, CEO da Chubb Seguros. A queda da Selic acarretará uma perda significativa do lucro líquido do setor, uma vez que a receita financeira chega a representar algo próximo a 12% do faturamento da indústria.

Todos vinham se preparando para um cenário menor de juros. Afinal, desde setembro de 2011, a taxa vem sendo reduzida pelo Banco Central. Mas o que acendeu o farol amarelo no setor foi o governo de Dilma Rousseff ter mudado a remuneração dos novos depósitos na caderneta de poupança. Lula, seu antecessor, ameaçou diversas vezes, mas recuou. A presidente demonstrou muita coragem. Isso sinalizou que vai continuar reduzindo a Selic, o que tem prós e contras para as seguradoras, afirma Carlos Magnarelli, diretor financeiro da Liberty Seguros.

Carlos Landim, diretor de planejamento e controladoria do grupo BB Mapfre, enxerga mais prós do que contras. Se a redução dos juros proporcionar o crescimento do país, as seguradoras vão ganhar muito com o aumento das vendas de seguros para proteger os bens adquiridos pela população afirma. Marcelo Goldman, diretor da Tokio Marine, compartilha do otimismo de Landim. Juros baixos favorecem o crédito e, consequentemente, o consumo de bens que podem ser segurados, como carros, imóveis, eletroeletrônicos, bem como viagens e dívidas.

Entretanto, boa parte dos executivos acredita na retomada da economia só no terceiro trimestre do ano. As medidas de incentivo, como redução de IPI, por exemplo, mostram que a economia está se desaquecendo e deve haver mais estabilização que crescimento, diz José Augusto Correa, da Crival Participações, uma das acionistas da corretora on-line Segurar.com.

Se o país crescer 4% em 2012 como quer o governo, ou 2,5% com projetam os analistas, as seguradoras têm em mente três frentes para amenizar o impacto da taxa de juros na última linha do balanço financeiro. A primeira delas é concentrar esforços na gestão da carteira de investimentos, hoje aplicada em títulos de renda fixa. Em segundo, identificar onde há gordura que possa ser cortada. E, por fim, focar no aumento do faturamento, seja pelo ajuste de preço ou pelo lançamento de serviços e produtos para captar novos clientes e nichos de mercado.

Cálculos preliminares de várias companhias sinalizam que para manter o lucro, o setor teria de aumentar os preços em cerca de 4%. Mas isso vai depender de cada empresa. Os tempos são outros e exigem mudanças, diz Marcelo Picanço, diretor de relações institucionais da Porto Seguro.

Dados da Susep analisados pela Siscorp mostram que o volume de recursos administrados pelas operadoras do mercado em março foi de R$ 402,9 bilhões, ou 9,7% do PIB brasileiro de 2011.

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