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Mudanças no resseguro do Brasil voltam a ser criticadas

Fonte: Sonho Seguro - Denise Bueno

As mudanças nas regras de resseguros pelo governo brasileiro, limitando a 20% a remessa dos contratos pelas resseguradoras aqui instaladas para a matriz no exterior, foram alvo de criticas durante a palestra Global Reinsurance, penúltimo debate do último dia do 48º Seminário do IIS (Internacional Insurance Society), realizado no Rio de Janeiro.

Ninguém criticou o processo de abertura do setor, com a exigência de cessão de 40% dos contratos para as resseguradoras que optassem por investir recursos no Brasil abrindo uma companhia local. Para os executivos, essa limitação é legítima, foi discutida e faz parte da estratégia de cada governo. No entanto, dois anos após a flexibilização do setor, mudar as regras sem discussão ou aviso prévio é uma atitude vista com muito desagrado pelo mercado internacional.

Durante pesquisa realizada com a platéia, 31% julgaram que o governo optou por desrespeitar os investidores que estavam implementando um plano de negócios com base em uma regra debatida e divulgada apenas para proteger o market share do IRB Brasil Re, uma empresa de economia mista, controlada pelo governo e que tem como sócias Bradesco e Itaú. O IRB perdeu o monopólio e consequentemente sua fatia de mercado despencou antes que o Tesouro conseguisse fazer o saneamento da empresa para privatizá-la.

Segundo a pesquisa, entre os principais impactos da mudança de regra, 30% afirmaram que isso gerou limitações para as operações de resseguradoras e 29% citaram o aumento do preço do resseguro para o cliente. No entanto, quando a pergunta foi dirigida aos participantes do painel ,sobre qual o impacto das restrições brasileiras na resseguradora, o tom foi muito ameno.

Pedro de Macedo, Mapfre Re

Para a Mapfre, nós cobrimos da Ásia a América Latina. Por isso não fazemos criticas aos órgãos reguladores. Eles fazem seu trabalho. Eles têm legitimidade para decidir se querem ser mais ou menos protecionistas. Aceitamos as regras devido ao nosso compromisso com o pais. Somos favoráveis ao mercado aberto e o benefício disso está no estímulo à concorrência. O Brasil é um mercado importantíssimo e não precisa mais do protecionismo e sim do resseguro.

Citamos sempre o terremoto do Chile para enfatizar como o resseguro é uma operação global e visa apoiar o pais na reconstrução de uma catástrofe. Temos também outro exemplo, a Petrobras, que repassa boa parte do risco para os resseguradores. A Tailândia e outro exemplo, com boa parte dos recursos usados na reconstrução do pais após as enchentes terem vindo das resseguradoras mundiais. O Brasil passa por grande desenvolvimento e tem muitos riscos. Por isso ele precisa do apoio das resseguradoras internacionais.

Quanto a mudança de regras, temos criticas. Fizemos um plano de negócios e agora temos de seguir no negócio com regras que foram alteradas, o que prejudica o planejamento apresentado aos acionistas.

Neill Currie, da Renaissance Re

O Pedro foi muito eloqüente. Somos a favor do livre comércio para que o cliente possa pagar um preço mais competitivo para se proteger.

Jeff Colsolino, da Validus e sindicato do Lloyd`s

A América Latina é muito importante para nós. É o nosso terceiro maior mercado. Não operamos localmente, mas através do Lloyds`. Não é possível ter uma estratégia na AL que não contemple o Brasil, um pais com tantas oportunidades de negócios. Esperamos que as resseguradoras vão ganhar pleno acesso ao mercado. Quanto restringe a oferta, o preço sobe.

James Vickers, Willis Re

Não acredito que o protecionismo seja uma tendência. Acho que assunto locais levam a isso e não acredito que isso seja uma tendência. Vejo os problemas de jurisdições específicas. A história mostra que a tendência é de que os governos entendam que o resseguro é uma operação global. A Turquia ainda tem cessões obrigatórias, Já na China não mais. A Argentina mudou as regras agora, mas por razões pontuais da economia local. Todos se afastam do protecionismo. A medida que as pessoas entendem melhor o resseguro entendem que a operação tem a sua saúde financeira ligada ao livre fluxo de capital.

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