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Seguradora Coface planeja fazer IPO no próximo ano

Fonte: Brasil Econômico

Empresa, que abrirá capital na França, espera crescer 7% no mundo e 20% no Brasil em 2012

Flávia Furlan

A seguradora francesa Coface, especializada em apólices de crédito e controlada pelo banco Natixis, já está preparada para fazer uma oferta pública de ações (IPO, Initial Public Offering), o que acredita ocorrerá no ano que vem. "Tudo está pronto, exceto pelo mercado", brinca o CEO mundial Jean- Marc Pillu, que recebeu o BRASIL ECONÔMICO em sua primeira visita ao Brasil desde que assumiu a companhia, em 2010.

De acordo com o executivo, mesmo com a oferta, o banco francês pretende manter a posição de principal acionista. No entanto, ainda não se sabe quantas ações serão oferecidas ao mercado. O que está certo é que a operação será realizada apenas na Bolsa de Paris. "É muito custoso ir para outra bolsa e exige muito esforço", afirma Pillu. Ele diz que os recursos do IPO serão usados na estratégia de negócios do Natixis, que terá de se adequar nos próximos anos ao Basileia 3-novas regras de exigência de capital para bancos.

A especialidade da Coface é seguro de crédito, aquele concedido às empresas que correm risco de inadimplência por conta de seus negócios, como as exportadoras. Nos últimos anos, o avanço da companhia mundialmente foi em torno de 5% ao ano, mas em 2011 ela apresentou crescimento de 7%, percentual aguardado para este ano. "Nós crescemos quando o risco aumenta, mesmo que tenhamos de tomar mais cuidado com a venda de seguros, porque as empresas querem estar protegidas", destaca.

A crise da Europa, de acordo com Pillu, é diferente das vividas anteriormente - a Bolha da Internet em 2001 e a do Lehman Brothers em 2008 -, que terminaram na mesma velocidade com a qual começaram e que tiveram um forte contágio mundial. "A crise da Europa não vai acabar logo e as soluções serão caso a caso, mas ela tem efeito marginal em países como os da América Latina", pondera.

Questionado sobre qual a saída para a situação, ele diz que os governos precisam fazer a lição de casa e gastar menos do que arrecadam. "Devemos fazer aquilo que vocês fizeram no passado, porque hoje o Brasil tem superávit primário positivo. Devemos copiar vocês", pondera.

Marcele Lemos, presidente para a Coface no Brasil, afirma que no país a companhia está mais prudente ao vender seguro para exportadoras com clientes localizados na Europa. "Começamos com a Grécia, mas agora já estamos tomando mais cuidado com Espanha, Itália, França e Portugal", diz. Além disso, segundo Pillu, a seguradora tem tomado mais cuidado com setores como agricultura, têxtil e bens de consumo, pelo volume de indenizações pagas. "O país está na média em termos de sinistralidade", diz o executivo.

No Brasil, a empresa espera crescer ente 15% e 20% em 2012. "Podemos dobrar por quatro os negócios no Brasil nos próximos anos", afirma o executivo francês. Ele acrescenta que o seguro de crédito ainda não é um produto bem conhecido pelas companhias brasileiras e que, como líder de mercado com uma fatia de 52% de participação, a Coface pretende fomentar a cultura deste seguro.

O executivo acrescenta que o Brasil tem uma posição estratégica para a seguradora na América Latina - região que representa, com oito países, 6% dos negócios da Coface - e que o país é bem visto pela sua resiliência às crises e pela boa política macroeconômica para estímulo ao crescimento.

A Coface é a maior rede internacional em gerenciamento de risco de crédito, com presença direta em 66 países e em mais 32 por meio de parcerias com o Credit Alliance. Possui 39 mil clientes e 4,6 mil empregados. No ano passado, viu seu lucro líquido crescer 21%, para € 121 milhões.

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