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Seguradoras buscam mecanismos inovadores

Fonte: Valor Econômico

Proteger a população de baixa renda contra prejuízos por impactos ambientais, como a perda de atividades produtivas e de moradia, é hoje estratégia de companhias seguradoras que buscam parcerias com governos e organizações internacionais para viabilizar novos produtos. No Peru, a americana GlobalAgRisk oferece seguro contra inundações, indexado à temperatura da superfície do mar associada ao fenômeno El Niño - modalidade que tem apoio da Fundação Bill e Melinda Gates e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Surgem oportunidades de inovação para lidar com incertezas, afirma Felipe Yupa, diretor da seguradora peruana La Positiva, operadora de coberturas contra catástrofes com subsídio de um fundo estatal de US$ 15 milhões, que deverá quadruplicar para a proteção da produção agrícola comercial. Hoje a agricultura de subsistência peruana tem seguro pago pelo governo ao custo de US$ 12 milhões ao ano para um valor total de cobertura de US$ 80 milhões em caso de desastres naturais.

A empresa planeja lançar uma categoria contra riscos em plantações florestais, com capital segurado de US$ 100 milhões, cobrindo 50% das perdas de produção. Mais US$ 100 milhões serão reservados contra prejuízos com o gado, explorado por populações pobres para produção de lã. Em dezembro, foi lançado no Peru o primeiro seguro mundial para a proteção de carteiras de crédito de microfinanceiras, no valor total de US$ 2,2 milhões. No caso do primeiro contrato comercializado, a cobertura pode ser acionada se a temperatura do mar ultrapassar 24º C.

Na Índia, a seguradora Basix, com mais de 3,5 milhões de clientes, explora seguros indexados a aspectos climáticos para a produção rural a partir de parceria com o Banco Mundial. Mesmo diante do interesse privado em produtos para populações urbanas vulneráveis, o papel dos governos continua sendo essencial na incorporação dos custos, analisa Mónica Andrade, representante do Climate & Development Knowledge Network na América Latina. No México, o governo garante US$ 800 milhões por ano de recursos próprios, advindos da receita com petróleo, para auxílio a desastres ambientais. Se ocorrerem catástrofes superando o valor anual de US$ 1 bilhão, a diferença (até US$ 1,5 bilhão) é coberta por seguros.

Precisamos mudar o paradigma, com foco no 'business security' e novas modalidades de negócio, sem ficarmos restritos a externalidades como emissões de carbono, analisa Alejandro Litovsky, diretor da Earth Security Iniciative. Estudo do IPCC publicado neste ano adverte que as perdas econômicas geradas por ciclones tropicais crescem mais rápido do que o PIB per capita em algumas regiões. (SA)

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