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Sinal amarelo para seguro que garante obras

Fonte: Brasil Econômico

Preço baixo, alta corretagem e análise de risco pouco cuidadosa podem elevar indenizações; mercado deve chegar a R$ 900 mi

Flávia Furlan

A preocupação bateu à porta dos envolvidos no mercado de seguro garantia no Brasil, cuja finalidade é assegurar o cumprimento de obrigações (entrega de obras ou serviço) em contratos públicos e privados. O avanço da modalidade- que neste ano deve alcançar R$900milhõesemprêmios emitidos, alta de 10% frente a 2011 - tem sido acompanhada por uma falta de seleção na hora da contratação, o que acendeu sinal amarelo entre corretores e construtores.

Depois da quebra do monopólio do IRB em 2008, que funcionava como o único ressegurador no país, mais seguradoras começaram a atuar em diversos segmentos antes não explorados, entre eles o garantia. Com isso, mais empresas foram atraídas a atuar no mercado. Hoje, já são 26.

"Há seguradoras que estão emitindo garantias para empresas que teoricamente não teriam tanta capacidade de performance para determinados projetos", diz Luis Claudio Galvão Barretto, vice- presidente da Odebrecht Corretora, que tem US$ 10 bilhões em prêmios de garantias emitidos em todo o mundo. "É um cenário de alerta sim, inclusive para os próprios contratantes de obras, seja governo ou setor privado."

A diretora de riscos financeiros da ADCorretora, Silvana Speranza, concorda, e cita o caso específico das construtoras que contratam o produto para garantir que vão entregar o empreendimento:" Oque acontece no seguro garantia é que as construtoras vão a diversas seguradoras fazer o que pode ser chamado de um limite de cheque especial, assumindo obras além da capacidade de execução", conta.

Barretto, da Odebrecht, acredita que não está havendo racionalização na precificação das apólices. Hélio Novaes, presidente da corretora MDS, afirma que se analisado o valor do seguro garantia nos últimos dois anos ele teve redução de mais de 50%. "Mais recentemente, bateu no limite mínimo, pela disputa do mercado, mas na minha visão vai ser difícil reduzir ainda mais", diz.

Com a queda dos preços, aumenta a briga das seguradoras por elevar o número de apólices comercializadas. Ainda mais porque a falta de critério para a emissão de apólices ainda não se resumiu em um descontrole nas indenizações pagas. A taxa de sinistralidade - quantidade de indenizações pagas sobre os prêmios arrecadados - está em 12%, a mesma de 2000. Além disso, o volume de R$ 194 milhões em sinistros do ano passado não é visto com preocupação por agentes de mercado, que dizem que um seguro que não paga indenização nenhuma não está adequado para venda.

"Não percebo nenhuma mudança radical na estrutura de sinistros, mas não posso ser negligente e dizer que esse passado de sinistralidade vai se repetir", diz Rogério Vergara, diretor de Garantia e Crédito do Grupo Banco do Brasil Mapfre e presidente da comissão para estas modalidades formada pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros (CNSeg).

De acordo com ele, se continuar a redução dos preços, o aumento da remuneração dos corretores - que foi de 15% para 20% nos últimos anos e um menor cuidado na subscrição de riscos, a sinistralidade vai subir. Mas, em sua opinião, não sairá do controle. "A única preocupação que tenho é com reflexo no Brasil das crises internacionais, que podem aumentar a inadimplência das empresas pequenas e médias."

O executivo Vergara não faz alarde. "É normal que em algum momento a sinistralidade fique mais severa. Aí então o mercado vai adotar medidas para conter, porque ninguém vai fazer operações loucas para sinistros gigantescos e o dono vai fazer aporte, se necessário. O mercado não está solto."

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