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Fator e Swiss Re recuam em seguro garantia

Fonte: Valor Econômico

Grandes riscos J. Malucelli consolidou liderança, enquanto Itaú e Cesce ganharam negócios importantes

Felipe Marques

A cara do mercado de seguro garantia, que cobre a entrega de obras e serviços conforme o contrato, mudou bastante neste começo de ano. Seguradoras que despontavam como estrelas no segmento perderam o brilho e recuaram na participação de mercado, enquanto companhias tradicionais consolidaram a liderança.

A J. Malucelli viu o primeiro lugar no segmento ameaçado com a entrada de novos e ambiciosos competidores nos dois últimos anos. Nos cinco primeiros meses de 2012, porém, a distância entre a seguradora do Paraná Banco e suas rivais voltou a aumentar, em um mercado que ficou praticamente do mesmo tamanho que no ano anterior.

Não que a J. Malucelli tenha aumentado o ritmo de negócios no período. Ao contrário, a receita da seguradora caiu 18%, para R$ 72 milhões, até maio deste ano, segundo os últimos dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Só que os dois principais concorrentes caíram mais. Reorganizações internas fizeram a Fator Seguradora e a Swiss Re Corporate Solutions Brasil Seguros (ex-UBF), encolherem 65,5% e 38,2%, respectivamente, na receita até maio, em comparação com igual período de 2011.

O mercado de garantia teve um começo de ano ruim, fechando o período com R$ 312,4 milhões de faturamento, 6,9% a menos que 2012. A explicação foi o entrave dos investimentos em projetos de infraestrutura, combinado à guerra de preços no segmento com o aumento da competição nos últimos anos. Mesmo assim, apólices importantes, como a dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Campinas, somadas a garantias judiciais impediram uma retração maior na modalidade.

Tanto na Fator quanto na Swiss Re o freio de produção veio da necessidade de arrumar a casa. São histórias bem diferentes, no entanto. Na Fator Seguradora, o êxodo de executivos chave da empresa no começo de fevereiro tirou fôlego da seguradora, enquanto os clientes se ajustam ao novo comando. Em 15 de fevereiro o presidente da seguradora, André Gregori, e outros seis executivos saíram da empresa rumo ao BTG Pactual, que está montando uma seguradora e uma resseguradora. No dia 29 do mesmo mês, Luis Eduardo Assis, ex-diretor do Banco Central, chegou para comandar a seguradora da Fator, que já completou todos os quadros vagos.

A mudança assustou corretores de seguros. O mercado parou de cotar nossas apólices. É um receio natural quando, em uma seguradora de trinta funcionários, sete saem de uma vez, diz Claudio Macedo, novo diretor comercial da seguradora, que assumiu em abril. Havia dúvida sobre o que estava acontecendo, se a seguradora iria fechar, se iria ser vendida, se iria abrir capital.

A dança das cadeiras na diretoria também engavetou, pelo menos até o quarto trimestre, o projeto de entrar mais agressivamente no médio mercado de garantias, diz Macedo. O volume de garantias menores ajudaria a diminuir a volatilidade das receitas da seguradora. Além da mudança no comando, Macedo cita o enfraquecimento da economia como outra causa da desaceleração da Fator. Tivemos que rever os orçamentos para este ano. Dificilmente vamos fechar com receita acima do ano passado.

Se de janeiro a maio a receita da Fator Seguradora caiu 65,5% na comparação anual, para R$ 18 milhões em prêmios, os dados de maio mostram recuperação e Macedo espera desempenho melhor no segundo semestre, sem precisar valores.

Na Swiss Re Seguros a desaceleração em 2012 está ligada à integração das culturas da UBF com a da Swiss Re, processo que dura quase um ano. A seguradora começou a diminuir sua atuação em médias apólices, focando negócios de grande porte. As grandes contas têm um período de maturação maior. Em alguns casos, as apólices demoram mais para ser emitidas, justifica Filipe Bonetti, presidente da seguradora.

As receitas da seguradora encolheram 38,8% no quadrimestre, para R$ 22,5 milhões. Passamos mais tempo olhando para dentro de casa, diz. Estávamos trabalhando em alguns projetos que tiveram seus investimentos postergados.

Observamos uma pulverização maior de receita de garantia entre seguradoras que representam de 2% a 5% do mercado este ano, diz Gustavo Henrich, diretor técnico da J. Malucelli. Mesmo encolhendo na comparação com ano passado, a seguradora perdeu menos mercado que os concorrentes e, com R$ 72 milhões de receita até maio, alargou a distância sobre a segunda colocada, a CesceBrasil, com R$ 35 milhões.

CesceBrasil e Itaú Seguros aproveitaram a brecha dos concorrentes para ganhar negócios importantes. A Cesce também avançou graças a um endosso (aditivo ao contrato inicial) de R$ 23 milhões em prêmios a uma apólice emitida para a Telemar. Nosso crescimento foi potencializado com apólices de grande vulto e a nossa maior participação em outros mercados, diz Enrique Asenjo, presidente da Cesce, citando também as garantias de médio porte.

A Itaú Seguros também teve um crescimento importante no período, saltando de R$ 2,2 milhões até maio de 2011 para R$ 19,8 milhões neste ano. O crescimento expressivo deve-se a dois fatores. O começo de 2011 foi atipicamente fraco para a empresa, favorecendo a comparação. E a seguradora diversificou a carteira de garantia. Em 2011 fizemos um reposicionamento da nossa carteira de garantias, para ir além da garantia judicial. O reflexo positivo dessa mudança veio agora em 2012, diz Sandra Santana, gerente de seguro garantia da Itaú Seguros.

Ela conta que a seguradora vem buscando identificar oportunidades dentro da própria carteira de empresas clientes do banco. Estamos mais voltados para garantias de empresas do que de projetos públicos, afirma Paulo Vasconcellos, superintendente de subscrição da Itaú.

Outra seguradora avança gradualmente em sua participação no mercado de garantia. A mineira Pottencial, ligada ao banco de mesmo nome, tem expandido suas operações além da fronteira de Minas Gerais e deve começar a competir pelos mercados de São Paulo e Rio de Janeiro neste ano. Temos que ir à moda mineira, diz Carlos Géo Quick, presidente do conselho do grupo Pottencial. Primeiro testamos o produto em Minas, agora estamos prontos para mercados maiores. O foco está no varejo do seguro garantia, com emissão de aproximadamente 2 mil apólices por dia, com valor médio de até R$ 300 mil.

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