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Portugal: Crise leva seguradoras a facilitar pagamentos aos seus clientes

Fonte: Econômico

As seguradoras nacionais mostram-se cada vez mais disponíveis para facilitar os pagamentos dos prémios aos seus clientes, como forma de evitar o incumprimento e a perda de subscrições. Certo é que, se em 2011 o sector segurador sentiu uma significativa quebra na produção (cerca de 30%), em 2012 a estratégia tem passado por conseguir manter clientes. Com um orçamento cada vez mais apertado, as famílias portuguesas enfrentam maiores dificuldades para conseguir cumprir, por exemplo, com o pagamento dos seguros contratados, sobretudo se não forem produtos obrigatórios.

Para fazer face a estes constrangimentos as seguradoras oferecem opções que passam pela possibilidade de fraccionar pagamentos, ou pela oferta de produtos mais económicos, que se adaptem às necessidades básicas e às possibilidades de cada cliente.

"Na nossa carteira de clientes actuais temos diariamente solicitações para reduzir preços", revela José de Sousa, presidente da Liberty Seguros, ao Diário Económico. "Procuramos não ceder oferecendo, em alternativa, coberturas adicionais pelo mesmo preço ou então um plano de pagamentos que seja adequado ao fluxo de caixa do cliente", explica ainda o responsável.

A Generali é outra das seguradoras que está a tomar medidas para ajudar os clientes em maiores dificuldades. "Estamos a facilitar o parcelamento até 12 mensalidades do pagamento dos seguros. Facilidade essa que é prestada não apenas nas apólices de seguro automóvel, mas também em outros tipos de seguros", adianta Santo Cianci, administrador delegado da seguradora no mercado português. "Tendo em conta a situação económica que o País vive e a quebra do rendimento das famílias, até pelo corte de subsídios, sabemos que para muitas pessoas é neste momento difícil pagar de uma só vez um prémio de 250 euros relativo ao seguro automóvel. Mas se esse pagamento for feito em 12 mensalidades, um encargo mensal de 20 euros com o prémio do seguro é mais fácil de suportar", explica o mesmo responsável. Para as seguradoras, a aposta neste tipo de estratégias é também uma forma de garantir a fidelidade dos seus clientes, numa altura em que, segundo Santi Cianci, existe uma elevada migração de clientes neste sector.

A Lusitania acompanha o movimento das congéneres, e lançou mesmo um produto novo que permite aos clientes iniciar o plano com apenas dois seguros de ramos diferentes, por exemplo. Desta forma a seguradora do Montepio pretende oferecer uma opção mais económica a quem pretende ter apenas os serviços essenciais. Segundo fonte oficial da Lusitania, a seguradora oferece também opção de parcelamento do prémio para novos clientes.

No mesmo sentido, a AXA admite ter adoptado "uma estratégia adaptada ao momento em que vivemos", com "o lançamento de soluções com níveis de cobertura limitadas às essenciais, permitindo oferecer preços mais baixos", revelou João Leandro, presidente do grupo, ao Diário Económico. Para além disso, a AXA afirma "facilitar o pagamento fraccionado de prémios, minimizando os encargos de fraccionamento a suportar pelo cliente".

O Diário Económico contactou também a Fidelidade Mundial e a Tranquilidade para saber se estas duas companhias também têm planos de acção para ajudar os clientes com maiores dificuldades a pagar os seus seguros, mas as duas companhias não quiseram fazer declarações sobre este assunto. Também a Associação Portuguesa de Seguradores (APS) não quis fazer comentários.

Os números da APS mostram que o sector está a enfrentar uma quebra severa de entrega de prémios, que é mais visível nos seguros do ramo vida. Por exemplo, entre Janeiro e Maio os portugueses aplicaram menos 35% em produtos de capitalização e menos 15,7% em PPR, face ao período homólogo. No ramo não vida a quebra de actividade também é sentida mas em menor dimensão. Contas feitas, só nos primeiros cinco meses do ano, o sector segurador português captou menos 992 milhões de euros junto dos seus clientes do que no mesmo período do ano passado. Um número que representa uma quebra de 19,6%.

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