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Bradesco afirma que taxas baixas forçam mudanças nas seguradoras

Fonte: Reuters



As seguradoras brasileiras terão que reduzir custos e melhorar a avaliação de riscos para preservar a competitividade, à medida que as baixas taxas de juros afetam os rendimentos provenientes dos investimentos financeiros, disse o chefe da maior seguradora do país.

Os lucros com esse tipo de investimentos impulsionaram as utilidades do setor durante anos. Mas os cortes das taxas de juros até mínimos históricos podem ameaçar a reserva que os investimentos da bolsa ofereciam, disse o presidente do Bradesco Seguros, Marco Antonio Rossi.

As seguradoras devem ser mais eficientes no lançamento de novos produtos, na redução de despesas e na expansão em áreas onde a penetração de seguros ainda é baixa. A Bradesco Seguros é a seguradora do Bradesco, o segundo maior banco privado do Brasil.

“O setor sofrerá uma transformação total por causa das baixas taxas de juros”, disse Rossi em seu escritório de Osasco, em um bairro de São Paulo. “Os seguradores terão que revisar alguns processos operativos e de risco e tentar aumentar os rendimentos”, agregou.

Os comentários de Rossi destacam os desafios da indústria financeira do Brasil à medida em que os custos do dinheiro, que foram uns dos mais altos do mundo, caem em direção aos níveis internacionais.

Durante décadas, as seguradoras ganharam dinheiro investindo suas reservas principalmente em dívida pública, fazendo que seus lucros estivessem muito unidos à taxa referencial de juros, a Selic.

As apólices emitidas, por cerca de 60 bilhões de dólares ao ano, representam pouco menos de 3% do Produto Interno Bruto, muito abaixo dos 14% da Grã-Bretanha ou dos 12% dos Estados Unidos.

Rossi vê muito espaço para o crescimento, inclusive se a economia e os rendimentos dos brasileiros crescerem mais lentamente do que o previsto.

Os coeficientes combinados, um indicador da rentabilidade operacional usado pelas seguradoras, ronda quase 100% no Brasil, um nível que os analistas consideram insuficiente. O coeficiente combinado do Bradesco Seguros é de 85% e -segundo Rossi- se manterá a esse nível por um tempo.

Quanto mais baixo é o coeficiente, mais eficientes são os ganhos e a estrutura de custos das seguradoras. A Bradesco Seguros, que tem aproximadamente uma quarta parte do mercado brasileiro de seguros, contribui com 31% dos rendimentos de sua matriz.

Mas a pressão competitiva poderia reduzir o alcance das potenciais melhoras nas margens operativas à medida em que cederem às pressões de preços.

Rossi espera que medidas como a criação de produtos mais atraentes para a classe média emergente do Brasil e o uso de uma enorme carteira de investimentos em bens imóveis para gerar mais ganhos e sustentar a taxa de crescimento anual de 20 por cento nas operações do Bradesco Seguros.

Os seguradores no Brasil sofreram um aumento nos níveis de perdas em trimestres anteriores, principalmente depois de um aumento da concorrência. 

Rossi disse que quer se centrar no desenvolvimento de produtos em áreas nas quais o nível de penetração é ainda baixo, como previdência e seguros de vida. Os prêmios para esses segmentos tendem a ser maiores e as operações mais rentáveis.

O Bradesco Seguros aposta em seduzir clientes com a venda dos chamados “microsseguros”, ou contratos menores que cobrem risco de vida e acidentes por ao menos 5 reais ao mês.

Os brasileiros gastam menos de um décimo do que os britânicos ou estadunidenses em seguros. Na medida em que cresce a classe média, as empresas buscam atrair novos clientes, separando os produtos tradicionais em várias apólices menos caras.

Rossi disse que era “desnecessário” criar uma seguradora estatal, aludindo aos planos da presidente Dilma Rousseff de aumentar a presença do Governo na indústria. A Agência Brasileira Gestora de Fundos e Garantias, cujo decreto de criação está sendo agora discutido por legisladores, poderá competir por contratos e inclusive comprar participações em rivais.

“Em nossa visão o Brasil não precisa isso”, disse Rossi. “O mercado tem todas as condições necessárias para responder às mudanças na estrutura de mercado da indústria sem ter que recorrer a isso”.

O Bradesco Seguros continuará participando no segmento de seguros mediante sua participação no ex-monopólio IRB Brasil, em que tem 20 por cento, disse Rossi.

Os investimentos em projetos de infraestrutura como a exploração de petróleo offshore e a construção de instalações para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos do 2016 exigirá cobertura de resseguradoras, que ajudam os seguradores primários a limitar os riscos.

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