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Microsseguro: Venda por celular deve começar no fim do ano

Fonte: Valor Econômico - Jacilio Saraiva

Até o fim do ano, seguradoras, corretores e correspondentes devem começar a vender microsseguros pelo celular. A facilidade pode incluir produtos de vida, desemprego e garantia estendida. Para atender as demandas das empresas, fabricantes de soluções aceleram o desenvolvimento de softwares e de prestação de serviços remotos.

Os objetivos são viabilizar a integração de todos os processos da cadeia de venda, reduzir os custos de aquisição de seguros e aumentar o volume de captações, além de eliminar a burocracia e a emissão de papéis. Para Marcos Caruso, executivo responsável pela área de seguros da consultoria Stefanini, as vendas móveis podem empurrar a participação da indústria seguradora no PIB, dos atuais 3,5% para cerca de 7%, nos próximos anos.

A Vayon Insurance Solutions, empresa de TI com foco no mercado de seguros, oferece uma solução em “nuvem” que dispensa a seguradora de instalar ou manter ativos de hardware e software. O serviço inclui novos meios de captação, como celular e internet, e o cliente paga apenas por transação efetuada.

“A companhia remunera a Vayon quando houver venda ou cobrança, sem um custo mensal fixo”, explica o diretor comercial Valdemir Navarro, que fechou contrato com a Bradesco Seguros. Por conta do baixo valor dos prêmios e do alto volume de clientes esperado na área de microsseguros, o mercado segurador exige que o custo operacional das soluções seja reduzido ao máximo, segundo o executivo.

A Vayon trabalha com pesquisa e desenvolvimento de soluções para operações de seguros massificados, populares e microsseguros desde 2007 e investiu mais de R$ 3 milhões na criação do novo produto. Faturou R$ 4,6 milhões no ano passado e prevê um aumento de receita de 25% em 2012, com a venda da solução.

A desenvolvedora deve lançar no primeiro trimestre de 2013 um outro produto para a área, voltado à certificação de entrega e recebimento de documentos eletrônicos. “Todos os e-mails ou torpedos (SMS) trocados entre a seguradora e o segurado serão certificados eletronicamente.”

Na Sankhya, empresa de soluções de gestão empresarial que atende clientes como a Fundação Escola Nacional de Seguros (Funenseg) e a corretora Almanza, o carro-chefe é uma plataforma móvel de business intelligence (BI). “É possível enviar torpedos para o celular de um ‘prospect’ e registrar visitas a clientes no celular ou em tablets”, explica o diretor regional Sandro Gatto.

A solução faz validações e dispara automaticamente geração de propostas, contratos, emissão de notas fiscais e boletos. “A intenção é automatizar ao máximo o processo de venda, usando dispositivos sem fio”, diz. “A mobilidade é a bola da vez e apostamos nisso.” A Sankhya faturou R$ 40 milhões em 2011 e espera fechar o ano com R$ 60 milhões de faturamento.

A oferta da Crivo TransUnion, que atua com gerenciamento de informações, é um software de análise de crédito, risco e fraude, utilizado também para a venda de microsseguros via celular. “A ferramenta possibilita a avaliação de risco e a subscrição do produto em tempo real, no momento da venda”, diz o diretor de marketing Rodrigo Del Claro. “Basta inserir o número do CPF do cliente no celular ou enviar o registro via torpedo.”

Para Del Claro, a tendência é que os procedimentos de análise on-line cresçam com a popularização de produtos para as classes C e D. A TransUnion tem experiência no segmento na África do Sul, onde implantou uma solução de pedido de crédito financeiro via SMS.

A coleta de contratos pelo celular poderá ser a maneira mais simples, abrangente e de menor custo operacional para as seguradoras, segundo Marcos Caruso, da consultoria Stefanini. “O custo ainda é uma barreira para as companhias na hora de desenvolver produtos”, diz. “Com o celular, é possível cobrir a maior parte da população, inclusive a desbancarizada.”

Segundo Caruso, a solução ideal para a venda de microsseguros em dispositivos móveis deve demonstrar facilidade na contratação e na cobrança de prêmios. Da parte das seguradoras, será preciso preparo interno para suportar o elevado número de transações nos sistemas corporativos. “As operações via celular deverão se basear em um fluxo direto e simplificado de informações, sem onerar as companhias com força de vendas e soluções caras”, diz. “Aspectos como disponibilidade de infraestrutura em regiões afastadas, segurança e rastreabilidade das operações devem ser considerados.”

Para Eugênio Velasques, diretor-executivo da Bradesco Seguros, soluções para a venda remota de microsseguros devem facilitar a prospecção, emissão de apólices e a comunicação com os clientes. A instituição foi a primeira do mercado a protocolar pedido para operar com microsseguros na Superintendência de Seguros Privados (Susep). “Já temos produtos e sistemas prontos para trabalhar dentro das regras do novo segmento”, diz.

Há opções no formato “combo”, com apólices residenciais, de acidentes pessoais e funeral, que serão vendidas eletronicamente, por meio de telefonia móvel e POS (point of sales ou pontos de venda). “As transações continuarão sendo intermediadas pelos corretores e correspondentes de microsseguros, que podem ser proprietários de pequenos estabelecimentos comerciais, como bancas de jornal, mercearias e salões de beleza”, diz. “Já estamos testando a entrega com os correspondentes bancários, por meio de telefonia móvel e POS.”

Um dos produtos de microsseguro do Bradesco, o “Primeira Proteção”, ultrapassa 1,7 milhão de unidades vendidas em dois anos: é um seguro de vida por morte acidental, destinado a pessoas de 14 a 70 anos. Custa R$ 3,50 mensais, com indenização de R$ 20 mil.

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