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Para setor de saúde, trimestre foi difícil e cenário é desafiador

Fonte: Valor Econômico

O segundo trimestre foi um período complicado para as companhias de capital aberto da área de saúde e o mercado, nos próximos meses, continua desafiador. As oito empresas que atuam nessa área tiveram aumento na receita, mas cinco delas amargaram queda no lucro. Duas fecharam o trimestre com aumento na última linha do balanço, porém, houve um crescimento menor no volume de novos clientes e apenas uma companhia, a Qualicorp, registrou resultados positivos, apesar de boa parte da expansão ter vindo de aquisições.

Os motivos que levaram às companhias a esse desempenho são os mais variados, há desde queda na taxa Selic que reduziu as receitas financeiras até problemas operacionais como falhas de atendimento no call center.

No grupo das empresas com queda no lucro, estão as seguradoras Bradesco Saúde, SulAmérica e Tempo e também os laboratórios Dasa e Fleury.

Levando-se em consideração as duas seguradoras e a Amil, o ponto em comum foi a queda na receita financeira, uma vez que as seguradoras e operadoras de saúde aplicam suas reservas (provisões) para aumentar o caixa. "A redução da taxa básica de juros implicou numa menor contribuição do resultado financeiro, com impacto negativo em nosso lucro no período", informou Thomaz de Menezes, presidente da SulAmérica, no balanço do segundo trimestre. O lucro líquido da seguradora, envolvendo todos as áreas, foi de apenas R$ 3,6 milhões, uma queda de 86,8% sobre o mesmo período do ano passado. A receita (ou prêmios, no jargão do setor) da companhia teve aumento de 14%, ficando em R$ 2,5 bilhões. Deste total, 65% são provenientes do negócio de saúde.

Outro fator que impactou fortemente o resultado da SulAmérica foi a taxa de sinistros (quando o seguro é acionado pelo cliente) que no segmento de saúde ficou em 88,2%, com aumento de 4,6 pontos percentuais em relação a um ano antes. Essa foi a pior taxa dos últimos cinco anos da seguradora. Gabriel Portella, vice-presidente da área de saúde da SulAmérica, informou que houve o uso do plano de saúde ficou acima do esperado.

Na Bradesco Saúde, cujo lucro caiu 26% para R$ 148 milhões, as provisões técnicas aumentaram de R$ 3,8 milhões para R$ 4,1 milhões. Ao contrário da concorrente SulAmérica, a sinistralidade Bradesco caiu 1,6 ponto percentual, baixando para 86,1% entre abril e junho.

A Tempo, cujo maior acionista é o GP Investiment, também teve um desempenho ruim. Neste segundo trimestre, o lucro dos negócios de saúde da empresa caíram 72,3% para R$ 2,1 milhões.

Entre as companhias que atuam com planos de saúde, a única a apurar aumento na última linha do balanço foi a Amil. O lucro líquido aumentou 9,4%, atingindo R$ 35 milhões no segundo trimestre. Já a margem Ebitda caiu de 7,5% para 7,3%. "Tivemos uma diminuição de cerca de R$ 10 milhões em receitas financeiras por causa da redução dos juros bancários que impactou nossa margem", disse Erwin Kleuser, diretor de relações com investidores da Amil.

A receita líquida da operadora, do empresário Edson Bueno, somou R$ 2,4 bilhões, expansão de 16,6%. Mas esse crescimento foi impulsionado pelos planos dentais, que tiveram elevação de 21,5% no volume de clientes. Na área de convênios médicos, o número de beneficiários caiu 0,1% devido à estratégia da Amil de se desfazer de clientes que estavam com convênios médicos com preços abaixo do mercado.

A OdontoPrev sentiu queda na taxa de crescimento de novos clientes por conta do cenário macroeconômico. No segundo trimestre, a carteira de beneficiários aumentou 11% contra 19% do mesmo período do ano passado. "No segundo trimestre, houve uma parada repentina. As empresas ficaram mais cautelosas para contratar planos. Não imagino que haja uma retomada abrupta neste segundo semestre", disse Randal Zanetti, presidente da OdontoPrev, durante evento da Apimec. Mesmo com a desaceleração, a companhia registrou aumento de 16,5% na receita líquida, que somou R$ 235,5 milhões entre abril e junho. O lucro líquido saltou 21,3% para R$ 43 milhões.

Na área de medicina diagnóstica, a Dasa teve perdas em várias linhas do balanço: lucro, Ebitda e margem Ebitda. A companhia foi afetada por problemas do call center, reforma e troca de equipamentos médicos das unidades laboratoriais. Esses fatores impactaram em R$ 20 milhões o resultado da companhia.

Um problema grave na Dasa é a desistência das ligações para agendamento de exames no call center. No segundo trimestre, houve um crescimento de 24% no volume de ligações, mas foi registrado um aumento de apenas 6% no número de telefonemas atendidos. "Esse indicador já dimensiona a necessidade de melhora de qualidade do serviço", afirmou Cynthia Hobbs, vice-presidente de finanças da Dasa, durante teleconferência.

Relatório da corretora do Deutsche, enviado ao mercado no fim de junho, já alertava que a taxa de ligações perdidas no call center da Dasa era de 25%. Segundo fontes do setor de saúde, o percentual médio nos laboratórios é de apenas 3%.

O lucro líquido da Dasa foi 9,6% menor, ficando em R$ 23,1 milhões no segundo trimestre. O Ebitda também caiu 12,4% para R$ 103 milhões e a margem Ebitda ficou em 18%, redução de 3,7 pontos percentuais.

O concorrente Fleury também apurou queda no lucro, mas foi uma redução muito menor, o equivalente a 3,1%. Essa diminuição no lucro está relacionada as aquisições da Labs D'Or e Diagnosson e não por causa de questões operacionais. A companhia teve crescimento orgânico de 13,3% na receita líquida. O lucro foi afetado, principalmente, pelas despesas financeiras que aumentaram de R$ 9,5 milhões para R$ 28,2 milhões. Para compra da Labs D'Or o Fleury emitiu debêntures de R$ 450 milhões.
   

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