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Seguradoras planejam ampliar risco das carteiras

Fonte Valor Econômico

Investidores institucionais no mundo estão mais propensos a aumentar o risco de suas carteiras em busca de retorno, apesar do ambiente macroeconômico considerado desafiador. Entre as opções apontadas, destacam-se títulos corporativos de alto risco (os chamados "high yield"), papéis de bancos e mezanino - um instrumento híbrido de dívida e ações. Classes alternativas como ativos imobiliários, títulos de dívida de países emergentes e "private equity" também entraram no radar.

É o que mostra uma pesquisa realizada pelo Goldman Sachs Asset Management com diretores de investimento de 153 companhias seguradoras globais, que reúnem mais de US$ 3,8 trilhões em ativos sob gestão. Essas instituições devem ainda liderar um movimento em direção a investimentos de menor liquidez, reduzindo posições em caixa e instrumentos de curto prazo, conforme sinalizaram 39% dos entrevistados no estudo.

Na esteira da crise financeira, os seguradores adotaram uma postura conservadora nas suas alocações e ampliaram a posição de caixa. Hoje, no entanto, consideram como principal desafio para os próximos 12 meses o ambiente de baixo retorno que impacta negativamente os investimentos e os resultados corporativos, sendo citado por 65% deles.

E não há perspectivas de melhora. De acordo com os entrevistados, no curto prazo, o cenário segue nebuloso. Cerca de 86% deles acreditam que as oportunidades estão piorando ou são as mesmas de um ano atrás. Nas regiões das Américas e Europa, Oriente Médio e África (Emea), metade dos entrevistados enxerga uma deterioração e, na Ásia, quase três quartos esperam piora. O aumento nas taxas de juros é uma preocupação para 16% dos entrevistados, assim como a ampliação dos spreads dos títulos de crédito aparece como principal risco para os investimentos no próximo ano para 9%. A inflação foi citada como risco, mas num horizonte maior de tempo, nos próximos dois a cinco anos.

A crise de dívida europeia foi apontada como um dos maiores riscos macroeconômicos para os portfólios de investimento por cerca de três quartos dos entrevistados. Para 45%, contudo, a turbulência na Europa é a maior preocupação. A volatilidade dos mercados de dívida e ações aparece como principal risco para 17%. E para 90% dos entrevistados, essas oscilações tendem a aumentar ou permanecer em níveis elevados. A desaceleração econômica dos Estados Unidos foi citada por 13% como principal fonte de preocupação e as políticas monetárias de acomodação, por 10%.

Especificamente nas regiões das Américas e Emea, 57% das seguradoras sinalizaram estar preocupadas com a volatilidade dos mercados. O temor em relação a uma desaceleração econômica na China foi apontado como um dos três maiores riscos por cerca de metade dos entrevistados na Ásia.

Apesar do pessimismo, as seguradoras acreditam que os ativos mais arriscados vão ter desempenho melhor na medida em que o ambiente de rendimento baixo estimular a busca por alternativas de retorno. A bolsa americana aparece no topo do ranking dos mercados que devem oferecer os retornos mais altos nos próximos 12 meses, com 18% das respostas. Em seguida, aparecem os fundos de private equity (15%), dívida mezanino (9%) e "high yield" (9%).

Títulos de empresas americanas consideradas de baixo risco vêm na sequência, com 7% das respostas. Na sétima e oitava posições do ranking de ativos que devem oferecer os melhores retornos, destacam-se ações e títulos de dívida de mercados, com 7% e 6%, respectivamente.

Na contramão, os menores retornos devem vir de instrumentos de curto prazo e caixa, com 34% das citações. Em seguida, aparecem títulos do setor financeiro europeu (20%) e índices de ações europeus (15%).

Em termos de alocação, 36% das seguradoras pretendem aumentar a exposição em títulos de alto risco. Na Ásia, esse percentual sobe para 47% e nas Américas, para 39%. Na região Emea, apenas um quarto pretende aumentar a exposição no ativo, o que pode ser explicado, em parte, pela exigência de maior capital para ativos considerados de risco dentro das regras de Solvência 2 e também pelas incertezas na região.

Cerca de 35% dos entrevistados planejam elevar a exposição em títulos corporativos americanos de baixo risco. Ativos imobiliários aparecem em seguida, com 34% das seguradoras sinalizando que pretendem investir mais no segmento. Também, 31% informaram que está nos planos elevar a participação de títulos de dívida de emergentes nas carteiras, a fim de buscar uma diversificação do portfólio em relação ao risco dos mercados desenvolvidos. Outros 16% mostraram disposição a aumentar a exposição em ações de emergentes.

Entre os riscos que não dizem respeito diretamente ao cenário de investimentos, destaca-se o regulatório. A adequação às regras de Solvência 2, que vão exigir que as seguradoras marquem a valor de mercado seus ativos e obrigações e ampliem a base de capital para ativos de maior risco, é a principal questão para 34%.

"Na nossa opinião, as seguradoras hoje estão mais bem preparadas para adicionar risco aos seus portfólios, uma vez que encontram-se bem capitalizadas, continuam investindo em gestão de risco e buscam retornos por meio de uma estratégia prudente de diversificação", destacou o Goldman, na apresentação da pesquisa.

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