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Os gigantes querem os microsseguros

Fonte IstoÉ Dinheiro
Seguradoras do BB, Bradesco e Caixa apostam em pequenas apólices, um negócio de R$ 6 bilhões.

Por Fernando TEIXEIRA

O próximo produto financeiro a disputar o orçamento dos consumidores das classes C, D e E serão os seguros. Especificamente, produtos com pequeno valor individual, que cobrem necessidades básicas e são vendidos em massa. São itens baratos: comprar um seguro de vida, auxílio-funeral ou uma proteção contra a inadimplência custa, em média, R$ 5. Batizados de microsseguros, eles serão regulamentados pela Superintendência de Seguros Privados no dia 1º de outubro e podem movimentar até um total R$ 6 bilhões nos próximos dez anos, de acordo com a Confederação Nacional das Seguradoras. Enquanto a largada não é dada oficialmente, gigantes como BB Mapfre, Caixa Seguros e Bradesco Seguros já buscam fatias desse negócio.

Marcos Ferreira, da BB Mapfre: “Vamos entrar de cabeça nesse negócio”

Os líderes do mercado disputam esses tostões porque as vantagens para a seguradora são muitas e as margens, gordas. As apólices têm prazo de um ano, a indenização máxima é de R$ 60 mil para danos patrimoniais e cada segurado não pode contratar mais de duas apólices por CPF. “Vamos entrar de cabeça nesse negócio”, diz Marcos Ferreira, presidente da BB Mapfre, associada ao Banco do Brasil. Para isso, a seguradora tem 30 produtos prontos à espera de autorização – sobre os quais Ferreira não faz comentários. “Podemos adaptar seguros populares para esse mercado ou criar novos produtos.” Uma de suas armas será a distribuição pelos Correios, cuja parceria com o BB ampliou a rede do banco em 6,1 mil agências, cobrindo praticamente todos os municípios brasileiros.

O apetite está tão aguçado que a BB Mapfre pode até abrir uma empresa voltada especificamente para esse setor. “Pode, inclusive, ser uma companhia aberta”, diz Bento Zanzini, diretor de seguros de pessoa do grupo. Já a Caixa Seguros quer nada menos do que a liderança do setor. Rosana Techima, diretora de vida da seguradora, afirma que seu principal trunfo são os 20 milhões de apólices de seguros massificados já emitidos, com valores que variam entre R$ 2,50 e R$ 5. “A Caixa tem 60 milhões de correntistas com perfil para adquirir seguros massificados e populares”, diz. Para facilitar a entrada de novos clientes, a Caixa conta com 60 mil pontos de venda. “O cliente pode contratar o seguro nas lotéricas e nos terminais bancários ou nas agências”, diz.

Techima fala sobre o tema com base na experiência da própria Caixa. Lançada sem alarde em fevereiro, a apólice popular Amparo conquistou 100 mil clientes em seis meses. “O cidadão faz um seguro de vida por R$ 2,50 por mês, protege a família e garante o enterro digno”, diz ela. “Esse é o apelo do produto.” Há outro atrativo, bem ao gosto do cliente de baixa renda: o fato de o seguro sortear prêmios em dinheiro. As seguradoras que não são associadas a grandes bancos e não contam com redes de agências apostam nas parcerias com o varejo. É o caso da francesa Cardif, controlada pelo banco BNP Paribas, que se associou ao Magazine Luiza e ao Carrefour.

Em busca da liderança: Rosana Techima, da Caixa Seguros:
20 milhões de apólices vendidas

Adriano Romano, CEO da Cardif, diz que as lojas atraem clientes que não têm conta em banco nem cartão de crédito, mas fazem compras com os tradicionais carnês. “Vendemos um milhão de apólices de R$ 3,99 todos os meses, embora não as chamemos de microsseguros”, diz Romano. Como as apólices têm validade de um ano, a renovação acontece quando o cliente retorna à loja. “O percentual de renovação é elevado”, diz ele. Para o Bradesco Seguros, a capilaridade será a arma na briga pela liderança dos microsseguros. Atualmente, o banco possui 45 mil correspondentes bancários – pouco mais de 20% dos 210 mil existentes em todo o País. Os correspondentes incluem de grandes comerciantes a farmácias e padarias. A regionalidade e o comportamento do consumidor também serão levados em conta.

“Um microsseguro desenvolvido para o litoral não necessariamente será vendido no interior do Brasil”, diz Eugênio Velasques, diretor da seguradora. Ganhar musculatura nesse mercado requer pesados investimentos em tecnologia, para permitir uma distribuição a baixo custo. “Além da escala, as seguradoras precisarão evitar calotes”, diz Wladimir Chinchio, diretor da Vayon Insurance Solutions, empresa paulista de TI com foco no mercado de seguros. Para livrar-se dos maus pagadores, a solução para as seguradoras é vender apólices por meios eletrônicos como máquinas de captura de cartão (POS) e celular. “Uma transação pelo POS pode custar de R$ 0,15 a R$ 0,40, e esse custo cai se houver escala”, diz Chinchio.

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