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Seguradoras criam opções de proteção para todos os bolsos

Fonte: Correio Braziliense

Ascensão de 40 milhões de brasileiros à classe média eleva procura por apólices

ROSANA HESSEL*

São Paulo — O aumento da renda do brasileiro da nova classe média tem feito com que ele conquiste um patrimônio: carro, geladeira, televisor e até mesmo a casa. Esses produtos ficaram mais acessíveis graças à elevação do poder aquisitivo proporcionado pelo controle da inflação a partir do Plano Real, há 18 anos. Agora, os 40 milhões desses novos consumidores começam a se preocupar não só com poder ter. Proteger o veículo comprado a prestações contra um eventual roubo e manter o padrão de vida da família no caso de morte, acidente ou aposentadoria tornaram-se prioridades. No entanto, é preciso pesquisar bem as opções disponíveis no mercado ao comprar um seguro de vida, de previdência privada ou residencial.

É importante, em primeiro lugar, saber com quem negociar. Dar preferência a alguém registrado na Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão que regula o setor, ajuda a evitar surpresas desagradáveis. Existem 128 empresas e 75 mil corretores cadastrados. Os especialistas ouvidos pelo Correio recomendam buscar as maiores e estabelecidas há mais tempo.

O segundo passo é analisar o preço. "Antes de escolher o tipo de seguro que vai contratar, o consumidor precisa fazer as contas, para ver se ele cabe no bolso", alerta o secretário-geral da Susep, Getúlio Souza Rego. Os gastos com o seguro, mensalmente ou anualmente, não devem comprometer o orçamento doméstico. O endividamento é uma das principais causas de inadimplência e o não pagamento da parcela poderá implicar no cancelamento do contrato. Buscar a ajuda de um corretor facilita a escolha, pois o profissional pode fazer uma comparação dos valores cobrados por cada seguradora.

Vale a pena também obter informações sobre os serviços oferecidos. Hoje, é comum o seguro de automóvel ter cobertura para residência. "O seguro é feito sob medida, ou seja, de acordo com a cobertura que o consumidor busca", explica Eugênio Velasques, presidente da Comissão de Microsseguro e Seguros Populares da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg).

Atenção à carência

Na hora de comprar um seguro de vida, com cobertura de assistência funeral, é preciso ficar atento à carência, que, normalmente, é de 60 dias. Portanto, é imperativo ter paciência para ler as letras miúdas do contrato. São nelas que se escondem as cláusulas de exclusão, como a limitação de um raio de 50km do local da morte para que o segurado seja contemplado pelo serviço contratado na funerária.

Como trocar de empresa nem sempre é possível, o melhor é sempre analisar bem as opções disponíveis antes de assinar um contrato. Os seguros de vida e de veículo, ao contrário dos planos de previdência privada — que garantem uma complementação da aposentadoria — não possuem portabilidade, porque não geram uma reserva que pode ser transferida de uma seguradora para outra. "Como são contratos de curto prazo, de 12 meses, esse tipo de mudança acaba não sendo vantajosa para o segurado", explica Rego.

A ouvidora do Procon-SP, Hilma de Araújo, revela que os seguros em geral — sem levar em conta os seguros saúde — foram os alvos de 1,1% das reclamações registradas pelo órgão no primeiro semestre do ano. Os recordistas são os de garantia estendida. Empurrados pelos vendedores das lojas, são oferecidos como complementação da garantia original de fábrica dada a bens eletrodomésticos, eletrônicos e veículos durante a venda desses produtos.

A participação do mercado de seguros na economia brasileira é muito baixa, se comparada com outras economias mais estáveis: equivale a 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB), um dos menores índices entre os países do G20 (grupo das maiores economias do mundo). Nos Estados Unidos, esse percentual é de 8,1%, e, na África do Sul, de 12,9%. É no nicho popular, no entanto, que se verifica a maior expansão.

Os principais bancos, como Caixa e Bradesco, estão dedicando atenção especial a esse público. Na primeira instituição, é possível contratar um seguro de vida por R$ 30 ao ano para uma indenização de R$ 10 mil, incluindo três cestas básicas e cobertura dos custos funerários, desde o caixão até a certidão de óbito. Esse produto pode ser comprado em lotéricas. A diretora de Vida da Caixa Seguros, Rosana Techima, conta que as vendas dessa modalidade de produto para as classes C, D e E no primeiro semestre de 2012 já superaram as de todo o ano passado, totalizando 100 mil apólices. "Nossa expectativa é mais  do dobrar as vendas até dezembro, ultrapassando os 200 mil", revela.

O Bradesco oferece um produto semelhante para morte acidental para pessoas de 14 a 70 anos. Pagando R$ 3,50 ao mês tem-se o direito a uma indenização de R$ 20 mil. Desde janeiro de 2010, foi vendido 1,7 milhão de apólices. Para Velasques, o potencial desse segmento é enorme e ele tem um diferencial importante, que é o elevado índice de fidelização do novo cliente das classes emergentes. "Tudo o que ele conquista, preserva. Tanto que o percentual de cancelamentos é 30% menor do que os das classes A e B", afirma.

Golpes

Os grandes golpes em seguro ocorrem no interior do Brasil, onde, infelizmente, a população acaba tendo menos informação. O superintendente-geral da Susep, Getúlio Souza Rego, destaca que, no momento, o principal deles é o de proteção veicular, que vem sendo aplicado por associações de caminhoneiros. "O problema de empresas que não são seguradoras que vendem seguro é que elas não possuem reservas financeiras e, portanto, não há garantia de recebimento da indenização", alerta.

Guia de boas práticas

A contratação de seguros de garantia estendida cresceu 5,6% no primeiro semestre do ano, segundo informa o presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Jaime Garfinkel. Até julho, registrou receita na carteira de R$ 1,4 bilhão, enquanto, no mesmo período do ano passado, totalizou R$ 1,3 bilhão. No entanto, o ritmo desacelerou se comparado a todo o ano de 2011, quando esse segmento cresceu 10,34%, para R$ 2,36 bilhões. A FenSeg estima que o número de contratos ao ano, atualmente de 30 milhões, chegará a 40 milhões em 2015. Para tentar melhorar a imagem do produto, a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg), lançou semana passada um guia de boas práticas, voltado para representantes e corretores.

Novos produtos mais populares

O público das classes populares terá acesso no mês que vem a uma oferta expressivamente maior de produtos para proteger de riscos o patrimônio, a renda e a família. As seguradoras já estão preparadas para pôr nas ruas um exército de vendedores de microsseguro. Recém-regulamentado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), o produto é voltado à população de baixa renda e custará menos. Estimativas da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg) revelam um potencial de 100 milhões de consumidores nesse segmento.

Somente no Bradesco, a estimativa é de que seja de 25 milhões o número de clientes potenciais na área de produtos populares, principalmente, microsseguros. "Dos 65 milhões de nossos clientes, 40 milhões possuem algum tipo de seguro", revela Velasques. A instituição já possui a apólice da nova modalidade pronta para comercialização a partir de outubro no formato combo, com três tipos de cobertura no pacote: residencial, acidentes pessoais e funeral.

Não à toa, buscar a linguagem certa para falar com o cliente da nova classe média foi a tônica da 3ª Conferência de Proteção ao Consumidor de Seguros e Ouvidoria em São Paulo, realizada pela CNseg, na semana passada, em São Paulo. Em projetos pilotos, como o realizado pela CNseg em parceria com o Bradesco na comunidade da favela Dona Marta, no Rio de Janeiro, teatros, cartilhas, palestras são algumas das ferramentas utilizadas para explicar o que é seguro e como ele pode ser contratado. Desde o início do programa, em dezembro de 2009, cerca de 400 apólices de proteção residencial foram vendidas ao custo de R$ 9,90 por ano. A Caixa anunciou que também está preparando um produto para ofertar na favela carioca e o governo já estuda a inclusão de seguros em programas sociais. (RH)

*A jornalista viajou a convite da CNseg

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