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De olho na baixa renda, microsseguro chega com força em Alagoas

Fonte; Gazetaweb.com

Até o governo do Estado se movimenta para oferecer produto a cooperativas; grandes seguradoras investem pesado na variedade e facilidade do contrato

A articulação deixou de ser nos bastidores e já acontecem reuniões valendo a conquista de um mercado até então inalcançável. A maioria absoluta da população brasileira está inserida nas classes C, D e E e, de olho no grande potencial deste segmento, as seguradoras descobriram que o microsseguro é arma mais poderosa para alcançar a maior parcela habitacional do País. Por outro lado, o povo está comprando mais e desejando, também, obter a proteção na mesma proporcionalidade. Ter um seguro de vida – com direito à assistência funeral –, com cobertura para acidentes pessoais e com um bilhete barato deixou de ser uma segurança dos ricos e se transformou numa necessidade dos mais pobres. Em Alagoas, como em todo o Brasil, a proposta de implantação dos seguros mais populares chega com força e variedade de produtos oferecidos.

Até o governo do Estado se interessou pelo segmento, propôs a oferta, por meio da Agência de Fomento de Alagoas, a Desenvolve, e se movimenta para alcançar o público de cooperativas de microcréditos. Por meio do projeto-piloto quer sonhar alto e abrir o leque para novos caminhos. As seguradoras gigantes, ouvidas pela Gazetaweb, demonstram muito interesse para infiltração neste ramo e já submeteram produtos à análise pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).

A regulamentação do microsseguro somente foi concluída no final do mês de setembro. E os grupos de seguros não perderam tempo e buscaram ofertar as novidades o mais rápido possível. Até agora, a Susep analisa os pedidos. A venda será tão fácil – ou já está sendo – que o contrato pode ser firmado pelo celular, internet, na Casa Lotérica mais próxima ou na simples maquineta do supermercado.

E o interesse por explorar esse mercado é justificado por inúmeros fatores. Além do crescimento das classes sociais, pesquisa da Fundação Getúlio Vargas estima que os microsseguros possam alcançar de 65 a 100 mil pessoas. O público alvo compreende as famílias de baixa renda, que ganham até dois salários-mínimos por mês e que nunca contrataram um seguro sequer.

O microsseguro seria a forma mais viável de se alcançar essa faixa da população, oferecendo a proteção a riscos específicos – que seriam detalhados nas apólices adequadas – e o pagamento de uma quantia estipulada, conceituada de ‘prêmio’, a ser representada por uma relação de proporcionalidade entre o risco de se acontecer o fato mais os custos adicionais.

Desenvolve quer alcançar 6 mil pessoas inicialmente

Pela articulação que já aconteceu em outubro envolvendo a Agência de Fomento de Alagoas, a Desenvolve, e uma seguradora que atua no país inteiro, é quase certa a implantação do microsseguro já a partir de janeiro de 2013. Inicialmente, o Estado vai oferecer o novo produto a cerca de seis mil pessoas cadastradas em cooperativas e associações de microcrédito, que já atuam tanto na capital como no interior. O programa será, de início, ofertado para modalidades de seguro de vida – em caso de acidentes ou morte –, de assistência funeral e há possibilidade de disponibilizar o prestamista – aquele que cobre a dívida do segurado em caso de empréstimo.

E, faltando pouco mais de três meses para que a novidade chegue ao mercado alagoano, há muito que se fazer ainda. Pelo que explica a coordenadora de Projetos da Desenvolve, Catalina Velásquez, até a segunda quinzena de novembro a primeira etapa de implantação do microsseguro no Estado vai começar. Trata-se de uma pesquisa a ser feita para descobrir o produto mais adequado a atender a necessidade dos cooperados. Os técnicos da Agência de Fomento, com o suporte dos agentes de microcrédito, vão cair em campo para traçar o perfil dos cadastrados que se enquadram na baixa renda e que são potenciais clientes para modelos de seguros adaptados à realidade deles.

“A pretensão é concluir a primeira etapa do processo até a segunda quinzena de dezembro, quando estaremos nos reunindo com a seguradora para decidir qual o produto ideal para a necessidade do mercado alagoano. Estaremos delineando as ações que iremos dar seguimento somente a partir desse levantamento. Em conversas iniciais com os representantes das cooperativas, tomamos ciência de que há demanda para microsseguro de vida, de assistência funeral e prestamista”, revelou Catalina Velásquez.

Ela explica que o público alvo já foi definido desde o início das conversas com a seguradora, no caso a American Life Seguros. A Desenvolve trabalha, como esclarece a coordenadora, com pequenos empreendedores e, sobretudo, com os que estão cadastrados nas cooperativas e associações de microcréditos. Após diálogo, a agência estadual descobriu que a implantação do microsseguro era uma estratégia viável de se garantir a proteção da família de baixa renda, que encontra dificuldades para o respaldo financeiro em caso de falecimento do ente mantenedor.

“Na capital, o conhecimento está ao alcance da maioria da população de baixa renda. Muitos sabem que há formas de assegurar a subsistência dos parentes quando o pior acontecer. Entretanto, o mesmo não acontece com os moradores do interior. A maior parte não tem acesso à informação e encontra dificuldade, em caso de morte, para comprar um caixão e providenciar o sepultamento. Muitos ficam sem chão e recorrem aos políticos para resolver as pendências. Com o microsseguro de vida, isso pode ser solucionado. O pagamento mensal é mínimo e, ao final das contas, sem a preocupação de buscar alternativas para conseguir dinheiro, a família ganha tempo para repensar a forma de sobreviver dali em diante”, comentou.

‘Boa-nova’ foi apresentada em outubro às cooperativas

O encontro no dia 10 de outubro foi marcado para expor um panorama de como será implantado o microsseguro em Alagoas. A Agência de Fomento convocou representantes da seguradora a ser transformada em parceira do Estado e, principalmente, os presidentes das cooperativas e associações de microcrédito. Todas as etapas a serem cumpridas daqui para frente foram apresentadas aos que serão os propagadores da boa-nova.

Cumprida a pesquisa de campo para saber como está o mercado e traçar o modelo do produto a ser oferecido, os articuladores vão se preparar para treinar corretores que apresentarão os microsseguros para a venda. Agentes de crédito que já trabalham na oferta aos cooperados também participarão deste processo e devem ser recrutados para, da mesma forma, comercializar o novo serviço.

Como informa Catalina Velásquez, a cooperativa será, de fato, a fornecedora do programa. A agência do Estado vai atuar, como já faz, no suporte institucional aos segurados e fazer a ponte com a seguradora parceira, que será a administradora das apólices contratadas.

E a apresentação aos clientes não será impositiva, conforme a coordenadora de Projetos da Desenvolve. “Não ofereceremos o produto como sendo um serviço essencial para que eles se mantenham na cooperativa ou na associação. De forma alguma. A nossa intenção é que eles se conscientizem da necessidade de ter uma garantia financeira para a família em caso de morte”, justifica.

Na avaliação dela, o processo para implantação do microsseguro está avançado em Alagoas e está tendo boa aceitação por parte das entidades convocadas. “Os representantes das cooperativas e associações consideraram o programa fantástico e acreditam que ele tem plenas condições de ser implantado aqui, já que há necessidade dos cooperados de se contratar um seguro de vida”, analisa.

O diretor de Desenvolvimento e Projetos da Desenvolve, Fábio Leão, argumenta que a intenção do termo de cooperação é de se instalar um sistema coordenado e fortalecer o setor de crédito em Alagoas. Com a chegada do microsseguro, ele diz que o desejo é de “contribuir para a erradicação da pobreza extrema, através da criação de uma linha de proteção à população afastada dos principais centros financeiros”.

O programa faz parte da iniciativa desenvolvida por meio de um termo de cooperação firmado entre a Desenvolve, a American Life e a International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial (Bird).

Seguradora admite assistência em caso de morte a partir de R$ 2

O diretor da American Life Seguros, Richard de Freitas, foi procurado pela reportagem da Gazetaweb para reforçar as expectativas da chegada do microsseguro ao Estado. Segundo explica, o processo está em fase de acordo de cooperação e, praticamente, está fechada a parceria com o governo de Alagoas no sentido de implantar a novidade. O projeto-piloto, como ele classifica, chega mesmo no início do próximo ano e será o fundamento que espelhará um serviço massificado, cujo alvo é alcançar, também, comunidades de baixa renda não cadastradas em entidades de microcrédito.

E o executivo foi além e adiantou o provável valor do seguro a ser pago pelos clientes daqui. De acordo com ele, a mensalidade ficaria em torno de R$ 2, mas, dependeria de, pelo menos, dois fatores básicos. Se a apólice for de microsseguro prestamista, o preço a ser pago iria ser condicionado ao valor da dívida contraída e da idade do segurado. O ‘prêmio ficaria, no mínimo, entre R$ 5 mil e R$ 6 mil. Quanto maiores estes dois quesitos, mais serão pagos. Entretanto, o acréscimo não seria ao ponto de ultrapassar os R$ 10, como assegura.

Para justificar a proporcionalidade, Richard de Freitas esclarece que a seguradora adota a medida pelo fato de reconhecer que faixa etária e o valor do empréstimo são condicionantes para saber em quanto tempo, mais ou menos, a apólice poderia ser paga. Ainda na avaliação dele, o seguro prestamista encaixa-se bem na realidade de muitos estados da Federação, já que pequenos agricultores recorrem às instituições financeiras para cobrir dívidas ou investir em negócios. “Quando ele morre, a família fica sem saber como quitar o débito, já que a única maneira de se conseguir renda não está mais entre eles. É nesta situação que a Desenvolve e a seguradora vão querer atuar. O nosso interesse será criar a proteção social, ou seja, expandir o benefício não somente para quem contraiu o empréstimo, mas aos familiares diretamente ligados a ele”, explicou.

O diretor confirmou as articulações para que a pesquisa da necessidade do mercado alagoano comece já a partir de novembro. Evidenciou que essa etapa é extremamente necessária para entender a realidade do Estado e criar um produto – ou vários deles – para atender à demanda desprotegida. Da mesma forma, revela que está quase certa a oferta do seguro de vida – com assistência funeral ao segurado – e o desejo de apresentar o prestamista, todos adaptados ao formado de microsseguro.

“Pelas conversas que tivemos com a Agência de Fomento, o nosso trabalho está dividido em três etapas básicas. A primeira diz respeito ao levantamento das necessidades dos cooperados. Depois vamos sentar para definir qual serviço vamos oferecer às comunidades para, assim, lançar o microsseguro em Alagoas já no início de 2013”, destacou.

CORRETOR: E as vendas, conforme o executivo garante, vão ter a figura do corretor de microsseguros e a cooperação dos agentes de microcrédito. “Todos passarão por um treinamento para trabalhar especificamente com o serviço. A capacitação é necessária para dar credibilidade ao produto a ser oferecido e a segurança de que o processo é válido e legal”, informa.

A meta das partes envolvidas é alcançar os cadastrados em entidades de microcrédito; em uma segunda etapa atingir os familiares deles e outros potenciais clientes. “Cito, por exemplo, os inativos, que poderão ser segurados mais à frente com o sucesso do projeto-piloto. Se ele estiver dando certo, vamos crescer os nossos sonhos”, admite Richard de Freitas.

Para ele, os microsseguros são armas que os corretores dispõem, agora, de se chegar a um segmento, até então, inatingível. “As classes A e B não têm grandes transtornos com o falecimento de um familiar. Já as demais, sim, pois as dificuldades de garantir o funeral desestabilizam a estrutura financeira, além de ter o risco de excluir a única fonte de renda da família”, comenta.

Cooperativas acreditam que microsseguro ‘esquentará’ o mercado

Cinco instituições ligadas ao microcrédito estão envolvidas com o processo de implantação do microsseguro em Alagoas. A Gazetaweb conversou com representantes de três delas que tiveram contato com o projeto. Eles consideram a ideia interessante, admitem que existe campo para os corretores atuarem e que a chegada do serviço deve movimentar – e muito – o mercado alagoano.

Na opinião do gerente da Associação de Microcrédito e Desenvolvimento Socioeconômico do Estado de Alagoas (Amicred), Raimundo Nonato, a novidade alcança um público muito grande e que precisa de um respaldo. “São muitos clientes em potencial. O grande diferencial do microsseguro é que você pode criar os mais variados produtos para atender a demanda dessa e daquela comunidade. Em termos de custos, pelo que fui informado, parece-me ser bastante competitivo, o que já facilita a aceitação dos prováveis clientes”, analisa.

Ele divulga que a maioria dos 2.600 cadastrados na Amicred pode se tornar segurado e que as primeiras impressões dos que souberam da ideia foi muito positiva. “Eles acharam o serviço uma grande novidade, apesar de muitos já serem atendidos pela cultura de assistência funeral disponível no mercado alagoano. Entretanto, como o seguro de vida a ser oferecido no próximo ano é de um valor muito baixo a tendência é a boa aceitação”, acredita.

Para Edenilson da Silva, presidente da Cooperativa de Crédito Rural do Agreste Central Alagoano (Coopcral), com sede em Arapiraca, a necessidade maior, atualmente, é das famílias de baixa renda e que estão em dificuldades por conta do falecimento de algum cooperado. Ele diz que a chegada do microsseguro representa um grande avanço no processo de garantia financeira em caso de morte. “A nossa entidade é favorável e recebe muito bem o novo serviço, acreditando que será a chance das pessoas menos favorecidas de ter uma proteção social”, comenta, acrescentando que a cooperativa tem 650 cadastrados.

Pelo menos quatro municípios sertanejos são atendidos pela Cooperativa de Crédito Rural do Sertão Alagoano (Cocreal). O vice-presidente, Washington Luiz Lira Rodrigues, participou da reunião na Desenvolve e relata que o projeto tem todas as possibilidades de ser implementado já no início de 2013, como já fora dito. Mas, ele acredita que precisa de um melhor detalhamento das ações e da metodologia a ser desenvolvida aqui.

“Precisamos de melhor esclarecimento. Depois vamos partir à conscientização dos cooperados. Muitos já têm assistência funeral e de vida. Além disso, acredito que trinta por cento dos 2.150 cadastrados teriam interesse em contratar o microsseguro”, crê. Segundo o vice-presidente, este ano morreram quatro cooperados e a família não possuía qualquer garantia para manter a renda, pelo menos temporariamente.

Os representantes confirmaram que haverá um novo encontro entre a Desenvolve, a seguradora e as instituições no final de novembro, onde mais detalhes serão expostos sobre o programa.

Integram o processo, também, a Cooperativa de Crédito Rural do Agreste Alagoano (Coopeagre), em Igaci; e o Fundo para o Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Fundaf), ambos em Pão de Açúcar.

Bradesco vai vender microsseguros por telefone ou tecnologia POS

Microsseguro Bradesco Proteção em Dobro. Esta é a classificação do novo produto divulgado pela Bradesco Seguros e que aguarda a liberação Susep para chegar ao mercado nacional. A facilidade é tamanha que a comercialização do serviço será feita por meio eletrônico – tanto pelo telefone celular como pelo sistema POS (do inglês: point of Sales). A tecnologia é um ponto de venda ou ponto de serviço, que pode ser uma caixa registradora em uma loja, ou outro local onde ocorre uma transação de venda. Pode também indicar máquinas de cartão de crédito e outros terminais eletrônicos de vendas.

A implantação do POS é conceituada pela seguradora como sendo uma ferramenta usada para viabilizar a integração e simplificação dos processos de venda em todo o País. A Bradesco Seguros crê que ele reduz significativamente os custos de aquisição da apólice.

O produto foi submetido à análise no dia 27 de setembro e é exclusivo da seguradora com os moldes das apólices a preços populares. Caso a Susep libere a comercialização, o novo serviço passa a ser vendido em até 60 dias a contar da data da aprovação.

E, para atestar que se trata de microsseguro, o valor a ser cobrado pela cobertura deve alcançar o limite de R$ 8 mensais. O segurado pode ficar tranquilo que lhe será oferecido o pacote classificado de ‘combo’ – seguro de vida, residencial mais acidentes pessoais – e ainda garante a assistência funeral. O produto foi o resultado de estudo feito em conjunto pela Bradesco Auto/RE e a Bradesco Vida e Previdência, empresas integrantes do Grupo Bradesco Seguros.

O presidente do Grupo Bradesco Seguros, Marco Antonio Rossi, acredita que a implantação do microsseguro no Brasil deve alcançar todos os estados, inclusive Alagoas, que dispõe de um mercado consumidor em grande potencial. “Operar no segmento de microsseguro é uma vocação natural do Grupo Bradesco Seguros. Nossa expectativa é apresentar os benefícios do seguro a milhões de brasileiros que ainda não tiveram acesso a esse mercado”, diz o presidente.

Ele divulga que o grupo já atua no mercado com seguros a preços populares desde 2004. E cita, como exemplo, o Primeira Proteção Bradesco, que é vendido no Brasil inteiro ao preço de R$ 3,50 mensais. Para reforçar a aceitação do produto, Marco Antonio Rossi revela que a seguradora tem 1,8 milhão que contrataram essa modalidade. No Rio de Janeiro, a comunidade do Dona Marta, pode ter acesso a um seguro que custa R$ 9,90 por mês. É o Bradesco Bilhete Residencial Estou Seguro, lançado em 2010, que integra o projeto ainda maior de educação financeira “Estou Seguro”, criado a partir de convênio assinado, em dezembro de 2009, entre a Confederação Nacional de Seguros (CNSeg) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Caixa oferece microsseguros pela internet, lotéricas e correspondentes bancários

A Caixa Seguros informou à Gazetaweb, por meio da assessoria de imprensa, com sede em Brasília, que já atua no setor de microsseguros com três produtos distintos, mas aguarda a aprovação dos pedidos que fez à Susep para regulamentar, de fato, o serviço oferecido no mercado. São apólices vendidas pela internet, nas Casas Lotéricas, nas próprias agências bancárias e nos chamados correspondentes bancários.

“Na prática, já atuamos no setor de microsseguros. Mas, como o setor ainda não está regulado, nenhuma seguradora vende, de fato, esse tipo de produto. O pedido já foi protocolado na Susep. Estamos aguardando o retorno do órgão. Hoje, a Caixa Seguros dispõe de produtos aderentes a parcela da população enquadrada como potencial cliente de microsseguro”, informou Lucas Mesquita, da Caixa Seguros.

Ele explica que a classificação microsseguro é entendida por meio de três premissas: preço baixo, ampla rede de distribuição e processo de venda simplificado. “A seguradora atende a todos esses requisitos, com preços a partir de R$ 30 anuais, 60 mil pontos de venda e processos simplificados que permitem a aquisição de uma apólice em questão de segundos”, segundo informa.

Como são concorrentes diretas, a Caixa e a Bradesco Seguros se denominam como precursoras no oferecimento de seguros a preços baixos. A primeira seguradora informa que já vendeu 20 milhões de bilhetes nos ramos de vida e residencial. Diz também que, nos primeiros sete meses de 2012, foram vendidas mais de 100 mil apólices, número que a Caixa Seguros considera ser duas vezes maior do que o obtido ano passado. “Há uma forte tendência na popularização dos seguros, que pode se fortalecer ainda mais a partir da regulamentação dos novos microsseguros. Para nós, esse trabalho já está em andamento há anos, pois o foco nos segmentos mais populares sempre esteve no DNA da companhia”, explica o presidente do Grupo Caixa Seguros, Thierry Claudon.

A diretora de Vida da Caixa Seguros, Rosana Techima, representa a companhia na discussão dos microsseguros, e ressalta a importância socioeconômica do produto. “Em famílias com rendas mais baixas, uma eventualidade pode ter um efeito financeiro em cadeia e envolver parentes, pequenos comerciantes e até vizinhos”, explica Rosana. Segundo ela, a população já percebeu que é preciso estar pronta para imprevistos.

Seguros mais populares da Caixa

Fácil Acidentes Pessoais – bilhete com cobertura para morte acidental, por R$ 60 ao ano. Sorteios mensais de R$ 20 mil e benefícios, como de recolocação profissional, auxílio-alimentação, check up lar e indenização em dobro no caso de falecimento do segurado e do cônjuge no mesmo acidente. Pode ser contratado a partir de 16 anos, sem limite de idade máxima para contratação.

Seguro Amparo – De contratação simples, o produto pode ser adquirido em qualquer Casa Lotérica ou correspondente bancário do País por consumidores entre 16 e 70 anos, a partir de R$ 30 por ano. Além da indenização por morte acidental e do serviço completo de assistência funeral, o produto garante uma cesta básica para a família do segurado durante três meses e dá aos clientes a chance de concorrer a um sorteio mensal de até R$ 60 mil – de acordo com a cobertura contratada.

Seguro Tranquilo Residencial Fácil - Além dos seguros de vida, a Caixa Seguros oferece ainda uma linha popular para seguros patrimoniais – que protege a casa e os objetos dentro dela em casos de incêndio, quedas de raio e explosão, roubo, furto e pagamento de aluguel. O produto custa a partir de R$ 69 anuais e tem coberturas de até R$ 40 mil.

BB/Mapfre também protocola pedido para comercializar microsseguros

O Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, considerado um dos maiores do Brasil, em contato com a reportagem da Gazetaweb, da mesma forma se intitula pioneiro no lançamento de soluções de seguros populares. E destaca que criou um projeto para democratização de microsseguros, inclusive, selecionado pela Federação Interamericana de Seguradoras (Fides) como um dos 10 projetos-piloto na área a ter a implantação subvencionada pela entidade. A iniciativa prevê pesquisa de campo, desenvolvimento e aplicação de microsseguros focados nas necessidades das classes D e E. Em 24 de setembro, a seguradora protocolou o pedido de autorização na Susep para comercializar microsseguros por suas empresas.

“Por meio de planos financeiros competitivos e acessíveis, serão oferecidas coberturas para os riscos mais significativos para esse segmento da população, além de um conjunto de benefícios que atendem às principais aspirações familiares identificadas durante o trabalho”, disse o assessor Eric Paraense, do Grupo BB/Mapfre.

Ele ainda cita que a seguradora foi introduzida no ramo de seguros mais baratos quando lançou, há mais de duas décadas, o Plano de Amparo Social Imediato (Pasi). “Trata-se de um seguro de vida destinado ao trabalhador que hoje conta com mais de 750 mil segurados e 2,3 milhões de beneficiários. O tíquete médio do produto é de R$ 6. Além disso, pelo canal bancário, o grupo opera com o BB Proteção e o BB Seguro Vida, seguros com capitais variando de R$ 10 mil a R$ 15 mil, que podem ser adquiridos a partir de R$ 6,49 por mês nas agências do Banco do Brasil”, explica o representante do grupo.

Ainda conforme Eric Paraense, o Banco do Brasil e a Mapfre também dispõem do Crediamigo, um seguro de vida, com cobertura de morte, acidentes pessoais, auxílio-funeral e capitalização (4 sorteios, no valor de R$ 1,5 mil.). O Crediamigo tem cerca de 150 mil segurados e o preço mensal é de R$ 25. A rede de distribuição do Crediamigo atende a 1.878 municípios em toda a área de atuação do Banco do Nordeste (BNB) – região Nordeste e norte de Minas Gerais e Espírito Santo, além das capitais RJ, BH e Brasília, atendidos por sua equipe com mais de 1.000 agentes.

“O Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre é a maior seguradora de vida do mercado brasileiro e da América Latina com 23 milhões de vidas seguradas. Os seguros populares correspondem a 14% da carteira de seguros de pessoas e a 38% das vidas seguradas. A distribuição dos produtos continuará focada na estratégia multicanal, que prevê a distribuição dos produtos via corretores, rede bancária e parcerias, correspondendo a mais de 20 mil pontos de distribuição em todo País”, divulgou.

Segundo ele, houve recentemente, no Complexo do Alemão, área pacificada do Rio de Janeiro, o lançamento do seguro familiar Mapfre Decessos Você Tranquilo, que garante um valor segurado de R$ 2.500 para a realização de um funeral digno para qualquer membro da família do segurado, além de 12 cestas básicas no valor de R$ 100 e assistência psicológica aos familiares. O produto já está sendo vendido e está pronto para ser registrado como microsseguro, assim que a Susep liberar.

Sindicato comemora chegada, mas se preocupa com atuação dos corretores

O Sindicato dos Corretores de Seguros de Alagoas (Sincor-AL) analisa com cautela a chegada dos microsseguros ao Estado. Nem por isso, deixa de comemorar mais uma alternativa de vendas no ramo. O contraponto é justificado por meio dos argumentos apresentados pelo corretor e diretor de Tecnologia da Informação do Sincor, Djaildo Almeida. Se por um lado, ele admite ser mais um nicho a ser explorado, também demonstra ansiedade por saber como ocorrerá a comercialização do produto por parte dos corretores.

“Precisamos observar, mais à frente, como será a forma de abordagem do corretor aos clientes. Quanto ele vai lucrar com a venda, já que o valor do contrato é baixo? Quantas apólices ele vai ter que vender para não sair no prejuízo e manter a rentabilidade? Qual vai ser o canal? Com quem vamos ser parceiros?”, questiona Djaildo Almeida.

E as perguntas, por enquanto sem respostas, do corretor são atribuídas ao fato de que o mercado de microsseguros ainda nem chegou ao mercado alagoano. Portanto, ficaria complicado para a categoria saber como seria o comportamento da comercialização.

“Teremos um grande concorrente, que será a rede de varejo. Os microsseguros serão vendidos em qualquer estabelecimento e os corretores terão que usar uma estratégia diferenciada para se manter firme nas vendas. Acredito que as alternativas serão alcançar os clientes em grande escala, por meio de mala-direta, telemarketing ou, até mesmo, firmar parcerias com esses estabelecimentos, a exemplo dos supermercados”, opina.

Apesar da preocupação de como se comportará a novidade aqui em Alagoas, Djaildo Almeida enxerga uma grande vantagem de se implantar os microsseguros aqui. “Estaremos atingindo um público que, até o momento, não era explorado. As classes C, D e E tem potencial e todas as possibilidades de alavancar o mercado de seguros a preços populares”, analisa o representante do Sincor-AL.

O corretor cita pesquisa da Fundação Getúlio Vargas atestando que o mercado segurador alcança 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todas as riquezas produzidas no País. Segundo relata, a expectativa é de crescimento e que o índice alcance 5% quando 2012 acabar. Daqui a dois anos, o percentual atingiria 7%.

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