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Sandy leva boa parte do lucro das seguradoras


Fonte: Sonho Seguro - Denise Bueno

Algumas pessoas me perguntaram hoje por que o Sandy passou a ser chamado de tempestade e não mais de furacão. “Será por que o risco de furacão está excluído das apólices e se for considerado uma tempestade os riscos estão cobertos?”. Não gente. Nada disso. Meu amigo, super didático, respondeu. “É porque furacão não nasce, vive e morre como furacão. Eles sempre começam como uma tempestade ou tormenta tropical, que depois que aumenta em velocidade e tomam certas características, são chamadas de furacão. Depois que acontece o “landfall”, ou o ponto de toque em terra, ainda ficam furacão um pouco, em geral, mas logo voltam a ser requalificadas. Ontem, por exemplo, depois do landfall, começaram a chamar o Sandy de ciclone extratropical, algo assim. O nome oficial da coisa neste momento é “Post tropical cyclone Sandy”, mas os danos causados, desde que cobertos pelas apólices, serão normalmente indenizados.”

Sandy deixou oficialmente a área de Nova York. Assim como São Paulo responde por mais de 50% das vendas de seguros no Brasil, Nova York representa um percentual significativo das vendas de US$ 1,2 trilhão dos Estados Unidos, sendo US$ 538 bilhões em seguros de vida e US$ 667 bilhões em seguros de bens. Boa parte das companhias, no entanto, exclui riscos de furacões em determinadas aéreas. Porém, Nova York não é uma região tida como risco elevado para esse tipo de fenômeno da natureza.

“Essa foi uma tempestade devastadora, talvez uma das piores que já tivemos”, disse o prefeito Michael Bloomberg em coletiva de imprensa, transmitida pelo New York Times. Segundo ele, normalização do fornecimento deve levar até dois dias em algumas regiões.Três quartos da cidade continuam sem energia elétrica. Segundo a companhia elétrica Con Edison, os bairros nova-iorquinos de Manhattan e Brooklyn precisarão de quatro dias para recuperar a eletricidade que perderam parcialmente ontem.

As empresas especializadas em levantamento de danos estimam prejuízos econômicos entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões com a passagem do furacão nos EUA e Canadá. Por ser essa uma região com forte penetração de seguro, as indenizações são estimadas entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões, de acordo com a empresa Eqecat. Um incêndio na área de Queens, em Nova York, durante a passagem da tempestade Sandy, destruiu pelo menos 50 casas e o fogo ainda continua, informaram as autoridades. Muitas casas nas regiões costeiras tiveram seus muros derrubados. Usinas nucleares foram desligadas. Os túneis do Metro foram invadidos por água salgada, que corrói equipamentos. Carros levados pela enchente, amassados por árvores ou parte de telhados que foram pelos ares. Conteúdo de residências perdidos por danos elétricos ou mesmo pela entrada de água, seja pelo telhado arrancado ou pela rua ter se transformado em um rio.

A maioria das mortes, que já ultrapassam 30, foi causada por quedas de árvores em casas e carros. As perdas vão surgir não só do dano direto ou destruição de bens dos segurados e perdas de vidas, mas também a partir da interrupção de negócios resultante da falta de energia ou de condições de dar prosseguimento a atividade. Temos também os ratos do metro agora espalhados pela cidade, levando doenças, sendo muitos dos atendimentos cobertos pelo seguro.

Por essas e outras perdas, a estimativa das empresas especializadas em seguros é que Sandy deve ser uma das dez tempestades mais caras da história norte-americana. O furacão Irene, que atingiu os EUA no ano passado, ocupa a décima colocação e custou à indústria de seguros US$ 4,3 bilhões. Na pior das hipóteses, o modelo da Eqecat indica que Sandy pode ficar com a quinta posição no ranking das tempestades mais caras, superando o furacão Charlie, que resultou em prejuízos de US$ 8,8 bilhões em ativos segurados (dados ajustados pela inflação) em 2004.

Mesmo assim, Sandy vai custar bem menos do que o Katrina, o furacão mais caro, que provocou perdas de US$ 46,6 bilhões em perdas, em dados atualizados. Os danos estimados pela Eqecat e outras empresas do setor são acompanhados de perto pela indústria de seguros, pois indicam previamente o impacto financeiro de grandes catástrofes no capital das companhias do setor. Mas a expectativa é que as empresas consigam absorver os custos.

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