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Seguradoras sacrificam crescimento

Fonte Valor Econômico

Por Carolina Oms e Thais Folego | De São Paulo

Os resultados das seguradoras e os preços dos seguros já dão sinais de adaptação ao novo patamar de juros no país, onde as companhias precisam investir mais no resultado operacional e até mesmo sacrificar crescimento para manter a rentabilidade. A queda de 5,25 pontos percentuais na Selic desde agosto de 2011 prejudicou a rentabilidade dos investimentos das seguradoras e obriga as instituições a depender menos do resultado financeiro e a investir mais em eficiência e na queda da chamada taxa de sinistralidade - a relação entre o pagamento de indenizações e o faturamento.

Em São Paulo, esse cenário levou o preço dos seguros para pessoa física subir cerca de 20% para automóveis e 10% para ramos elementares (que abrange seguro contra danos patrimoniais, exceto automóveis), de acordo com Mario Sérgio de Almeida Santos, presidente do sindicato dos corretores de seguros de São Paulo (Sincor SP).

"Sacrificamos crescimento para ter rentabilidade", disse Thomaz Meneses, presidente da SulAmérica, sobre a carteira de automóveis na divulgação de resultados do terceiro trimestre. A carteira da companhia cresceu apenas 4,5% no terceiro trimestre, enquanto o mercado cresceu 19% no período de acordo com os dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). "A redução da taxa de juros nos obriga a ter mais eficiência operacional. Como a Selic caiu mais rápido do que previmos no orçamento, nos fez acelerar os planos que tínhamos de investir em eficiência e produtividade", disse.

A acirrada competição no segmento de automóveis e o aumento dos roubos e furtos nas grandes cidades brasileiras ampliaram o pagamento de indenizações, enquanto os preços praticamente não vinham sofrendo ajuste. Analistas, executivos do mercado e corretores indicam que as seguradoras estão trabalhando para reverter a alta da sinistralidade, o que já transparece nos resultados do terceiro trimestre.

Os analistas da corretora Fator avaliam que a melhora dos índices de sinistralidade em automóveis deve beneficiar especialmente a maior seguradora do ramo - com cerca de um quarto desse mercado, a Porto Seguro, que divulgará os resultado na segunda-feira. "O alto índice de sinistralidade apresentado por algumas companhias no primeiro semestre de 2012 não é sustentável e já aponta sinais de melhoria via aumento de preços. Ressaltamos que as seguradoras deverão ter maior preocupação com o resultado operacional, em virtude do baixo patamar de taxas de juros", afirmam Lika Takahashi e Gabriel De Gaetano, em relatório.

No primeiro semestre, as seguradoras mais tradicionais não reajustaram os preços aos níveis desejados, pressionadas pelas instituições mais novas ou mais agressivas, que sacrificaram suas margens em busca de maior fatia de mercado. Já no semestre corrente, de acordo com a Fator, a alta mais homogênea nos preços para pessoa física deve ser positiva para marcas como Porto Seguro Auto, Itaú Seguros Auto e Residência e SulAmérica, que devem apresentar crescimento superior à média do mercado. "Em um cenário com menor spread entre o preço dos seguros premium e as marcas de combate, o consumidor ficará mais inclinado a escolher as marcas premium."

O presidente executivo da Porto Seguro, Fabio Luchetti, em entrevista na semana passada, traçou um cenário similar para o segmento de automóveis no segundo semestre: "Os preços vêm se recompondo e as taxas vêm subindo. Essa guerra de preços acirrada não tende a se repetir", disse. Segundo ele, foram principalmente as seguradoras estrangeiras que jogaram os preços para baixo para ganhar participação de mercado.

Ainda que a queda na taxa de juros coloque o resultado operacional no foco de todas as seguradoras, a forte competição no segmento de automóveis vai seguir pressionando as margens do segmento, o que na avaliação da J.Safra Corretora atinge a Porto Seguro "exatamente quando as companhias precisam melhorar seus resultados operacionais".

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