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Crescimento do seguro faz despontar profissão de atuário

Fonte; CVG-SP - Márcia Alves

 Uma das atividades que mais ganhou destaque com o fim do período inflacionário foi a atuária. Desde que a economia entrou nos eixos e a inflação baixa inviabilizou os ganhos das empresas de seguros em aplicações financeiras, os profissionais que mensuram e administram riscos conquistaram maior valorização.

“Com as margens de lucros cada vez mais apertadas, qualquer variação representa ganho ou perda na estrutura financeira da seguradora. Esse controle é feito pelo atuário”, disse o também atuário Dilmo Bantim Moreira, vice-presidente do CVG-SP e gestor de Produtos da American Life Seguros, durante a abertura da 11ª Semana do Atuário, realizada na PUC-SP, nos dias 16 e 17 de abril.

Como coordenador do evento, que foi promovido pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da PUC-SP, sob a responsabilidade do professor Antonio Cordeiro Filho, Dilmo Bantim disse que decidiu inovar na discussão da temática. Ele convidou os membros da Câmara dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo (Camaracor-SP), para apresentarem o ponto de vista da categoria sobre a relação do atuário com o mercado de seguros. “Com a demanda crescente de clientes, os corretores, responsáveis pela conexão entre segurados e seguradora, têm outra visão da atividade atuária”, disse.

Aos alunos do curso de Ciências Atuariais da PUC-SP, Dilmo Bantim destacou a importância cada vez maior do atuário no atual momento do seguro. “Com a inflação na casa de um digito, a profissão de atuário desponta no seguro, porque cabe a ele criar as bases técnicas para controlar e projetar os resultados da seguradora”, disse. O professor Cordeiro reforçou, informando que, atualmente, mais de 90% dos estudantes de atuária já estão empregados em seguros e auditorias.

Oportunidades

O presidente da Camaracor, Pedro Barbato Filho, explicou aos alunos o funcionamento do mercado de seguros, ressaltando a importância da atividade atuária em funções como a constituição de reservas, o seguro de Responsabilidade Civil, especialmente na modalidade de risco profissional, o cosseguro, o resseguro e outros. “O seguro é um mercado progressivo, que oferece muito campo de trabalho e remuneração interessante para o atuário. O setor depende do trabalho do atuário”, disse.

Adevaldo Calegari, vice-presidente da Camacor, expôs aos alunos as oportunidades que serão criadas a partir da implantação do microsseguro, que já foi regulamentado, mas ainda aguarda a edição de normas disciplinadoras da Susep, prorrogadas para o final do primeiro semestre. Calegari informou os alunos sobre a dimensão do mercado de microsseguros, que a seu ver pode ser maior do que o universo estimado em mais de 100 milhões de pessoas, já que a economia informal mascara o real rendimento das famílias mais pobres.

Segundo ele, o público-alvo definido está na faixa de renda de até três salários mínimos. “Essa definição é importante porque ao invés de tentarmos atingir uma base muito piramidal, podemos subir mais o patamar e formatar melhor o produto ou até sofisticar um pouco”, disse. Calegari fez questão de desmitificar aos alunos o conceito de microsseguro como um produto de segunda linha. “O microsseguro não é um produto barato e de baixa qualidade, mas um produto único, absoluto, correto e perfeito, porém, para um público determinado”, afirmou.

Ele também destacou a grande aposta do setor no microsseguro como formador da cultura do seguro na população que ainda não conhece esse meio de proteção. Segundo seu raciocínio, a primeira etapa será propiciar proteção a uma grande massa de pessoas, que deverá iniciar pela oferta de seguro de vida, seguida pelo seguro saúde e, posteriormente, por um seguro residencial adequado às necessidades desse público. “A partir do momento em que um país eleva o seu nível de inclusão e de renda, surge a necessidade de elevar também o nível de educação securitária para viabilizar a mobilidade social das classes”, disse.

O presidente do CVG-SP e diretor Social da Camaracor, Osmar Bertacini, também enfatizou a mobilidade social, destacando o crescimento da classe C, que conquistou mais 100 milhões de novos entrantes. Esse público, a seu ver, deverá impulsionar ainda mais o crescimento dos seguros de pessoas, que já vem experimentando grande ascensão. “Defendo a divulgação institucional do seguro como meio de conscientizar a população sobre os benefícios do seguro de vida e da previdência”, disse.

Além dos números

O professor Antonio Cordeiro Filho revelou que o objetivo da participação dos corretores no evento foi o de “abrir a cabeça dos alunos” para a amplitude da profissão de atuário. “Atuária não é apenas números. A atividade envolve também um processo comercial, corretagem de seguros, pessoas, sinistros etc.”, disse. Ele afirmou, ainda, que a profissão de atuário está em ascensão, tanto que no passado havia poucos alunos no curso de Ciências Atuariais, mas desde o início da década já houve períodos com duas turmas de 50 alunos cada. Atualmente, ele conta que esse número reduziu um pouco e se estabilizou, mas ainda representa uma demanda crescente.

Cordeiro acredita que a atuária é a profissão do futuro. “Nos Estados Unidos é a segunda profissão mais procurada”, informou. Além de classificar o atuário como um profissional completo, dotado de conhecimentos que alcançam várias áreas, como seguros, previdência, capitalização, ele também ressalta o amplo campo de trabalho. “O atuário pode trabalhar em seguros, instituições financeiras, órgãos de previdência, auditoria e outras. “O crescimento do mercado de seguros trouxe a ascensão para a profissão de atuário, uma atividade que, inclusive, vem sendo glamourizada pelos periódicos”, comentou.

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