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Seguradoras pedem que governos intensifiquem prevenção contra catástrofes naturais

Fonte; Tribuna do Direito

O número de ocorrências anuais desse tipo no mundo passou de 500 na década de 80, para 900 em 2006

A maior resseguradora do mundo, a alemã Munich Re, divulgou um relatório sobre as catástrofes naturais ocorridas no ano passado. Cinco delas – o furacão Sandy, a seca e a série de tornados nos EUA; o terremoto na Itália e o tufão Bopha, nas Filipinas, somaram US$ 160 bilhões, segundo a agência de notícias DW (Deutsche Welle). Em pouco mais de 25 anos (1980 a 2006), o número de tragédias aumentou de 500 para 900 anuais.

O terremoto de Tohoku, na costa leste do Japão, que atingiu o complexo nuclear de Fukushima é o mais caro da história e até agora custou US$ 235 bilhões. O furacão Katrina que, em 2005, inundou grande parte de New Orleans ocupa o segundo lugar: US$ 81 bilhões. Segundo o relatório, o furacão Sandy causou danos estimados em US$ 60 bilhões, mas apenas US$ 25 bilhões estavam segurados. Parte das vítimas do Sandy recebeu do governo norte-americano (por meio da Fema, Agência Federal de Gestão de Emergências) uma ou duas parcelas de US$ 1.400 para despesas básicas – que sequer daria para pagar um mês de aluguel.

O estudo também recomenda aos governos que sejam realizadas ações preventivas. De acordo com Robert P. Hartwig, presidente do Insurance Information Institute, uma organização da indústria de seguros, com sede em Nova York, há uma grande diferença entre empresas de seguros privadas e programas governamentais. Segundo ele, para seguradoras privadas ou para o setor de resseguros não há abismo fiscal. "A indústria [de seguros] se prepara, reservando dinheiro no banco antes de um desastre acontecer e não passa a agir só depois do ocorrido. Isso é uma responsabilidade que as seguradoras e resseguradoras em todo o mundo levam muito a sério", afirmou.

E foi pela falta de ação dos governantes que o setor de seguros começou a atuar na prevenção contra desastres naturais. Para isso foi criado um “laboratório” de simulação no Insurance Institute for Business and Home Safety, uma das maiores instalações de pesquisa de catástrofes, com base na Carolina do Sul. De acordo com o diretor do setor de acumulação de risco da Munich Re, Carl Hedde, uma das funções é preparar melhor os proprietários de imóveis e suas casas contra desastres naturais, o que dá condições de revisar as regulamentações das estruturas das habitações e a realização de testes em materiais de construção.

No Brasil, o seguro do povo é a oração e a gambiarra é a prevenção

Dois anos após os deslizamentos na região serrana do Rio de Janeiro, as chuvas voltam a fazer vítimas. Só na primeira semana do ano, três pessoas morreram em desabamento e dezenas ficaram sem abrigos. Sem receber o prometido auxílio-aluguel, muitos moradores de áreas de riscos voltaram para casa. Enquanto o homem fixa estacas de madeira para sustentar o barraco, a mulher acende uma vela para Santo Expedito orando pela segurança da família. Ao mesmo tempo as sirenes soam em Petrópolis e Teresópolis para alertar a população, mas a chuva implacável desta vez atinge a região de Xerém, em Duque de Caxias.

Em fevereiro de 2011 mais de 900 pessoas na região serrana do Rio e mais de 7 mil ficaram desabrigadas. Em dezembro 2010 – na noite de Réveillon, a chuva que atingiu Angra dos Reis, provocou deslizamentos de terra e pelo menos 53 pessoas morreram.

Déjávu

Não é preciso ser vidente, ter bola de cristal ou ser técnico de uma estação meteorológica; basta olhar as nuvens carregadas e a terra encharcada para prever as desgraças que estão por vir. Enquanto a população continua exposta ao perigo. Os detentores do poder sobrevoam as áreas devastadas, se emocionam, ocupam espaço na mídia para prometer providências, verbas, etc... É a mesma cena, sempre. Mudam os cenários, mas os personagens continuam os mesmos. Para os expectadores fica a sensação de “déjávu”, ou “já vi esse filme”.

No último sábado (12/01), a “Agência Brasil” divulgou o resultado do relatório elaborado pela Comissão Parlamentar de Inquérito das Enchentes (CPI), criada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro para apurar as causas da tragédia que resultou em mais de 900 mortes, deixou 165 pessoas desaparecidas e mais de 7 mil desabrigados na região serrana. A conclusão foi que a omissão, ineficiência e o interesse eleitoreiro, juntos, agravaram a catástrofe provocada pelas chuvas.

De acordo com a agência noticiosa, o relatório, com cerca de 220 páginas, tenta explicar as causas das enchentes. Entre os fatores estão a ocupação irregular do solo e a falta de um sistema adequado de Defesa Civil integrado entre as três instâncias de governos. Segundo os deputados, casos de corrupção constatados nos dias seguintes à tragédia atrasaram a recuperação da região. Faltaram sistemas de alerta e equipamentos que auxiliassem o deslocamento e o abrigo da população após as chuvas de 12 de janeiro de 2011.

Para evitar situações semelhantes, os deputados sugeriram um plano de contenção de catástrofes no âmbito estadual, além de um aparato de Defesa Civil em todos os municípios, vinculado à União. Um órgão estadual de geotécnica e um hospital regional também constaram como propostas do texto. O relator da CPI, deputado Nilton Salomão (PT), disse que essas medidas também poderiam ter auxiliado nas catástrofes do município de Angra dos Reis e do Morro do Bumba, em Niterói, que deixaram dezenas de mortos em 2010.

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